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Entrevista: Juan Marchisio, meia da Ponte Preta

JuanO Brasil está repleto de jogadores argentinos. E muitos deles com poucas passagens pelas divisões principais da Argentina. E o caso de Juan Marchisio. Revelado no Argentinos Juniors, mesmo time de onde saíram Diego Maradona, Juan Pablo Sorín, dentre outros, o meia jogou no Nueva Chicago e no Defensores de Belgrano, ambos das divisões de acesso e hoje esta na Ponte Preta.

O argentino chegou para compor o elenco, mas conseguiu se firmar na equipe no decorrer da Série B. Entretanto, uma lesão no joelho direito no dia 1º de agosto, em Brasília, na derrota por 3 x 0 para o Brasiliense, obrigou Juan Marchisio a fazer a sua segunda cirurgia depois de oito anos.

E nesse período de recuperação, as vésperas de um clássico campineiro, o argentino falou com o Futebol Portenho tanto sobre a sua recuperação como também do futebol argentino num todo. Além de apostar na classificação da Argentina para a Copa e de pedir a convocação de Guiñazú, Marchisio espera conquistar a promoção com a Ponte. Confira:

Futebol Portenho: Logo quando você vinha conquistando uma titularidade na Ponte Preta, você teve essa lesão no joelho direito. O que passou na sua cabeça quando ficou sabendo que teria de fazer a cirurgia?

Juan Marchisio: Eu fiquei bem triste, porque estava jogando, estava atuando bem e por tudo isso eu fiquei chateado. Mas, não fiquei tão abalado, colocando coisas em minha cabeça, para não abalar a recuperação. Tem que pensar que será bem rápido, para voltar o quanto antes.

FP: Foi a primeira cirurgia em toda sua carreira, ou já havia feito alguma quando atuava na Argentina?

JM: Foi a minha segunda. Fiz uma parecida com esta, uma artroscopia, mas há oito anos, quando jogava no Argentinos Juniors, no começo da minha carreira. Nunca mais me incomodou. Agora eu tive que operar o menisco. Agora falta um mês de recuperação e um mês mais para voltar aos treinamentos. Espero ajudar o time nessa reta final do campeonato.

FP: E como é ficar de fora de um clássico da cidade, que acontece neste fim de semana?

JM: Sinto-me mal, nervoso, porque é muito difícil para um jogador assistir uma partida das arquibancadas, sem poder ajudar o time. É muito pior. Às vezes fica muito mais nervoso lá fora do que dentro de campo.

FP: Você atuou em dois times que disputaram o acesso na Argentina: o Defensores Belgrano e o Nueva Chicago. O nível de dificuldade das divisões de acesso na Argentina é o mesmo do Brasil, ou lá é mais complicado?

JM: As divisões de acesso lá (na Argentina) são em campos menores, a torcida fica perto da gente. As vezes o jogo não é dos melhores. É um futebol com muita marcação, a bola muito no ar. Não se tenta jogar muito e pouca bola no chão. Aqui os campos são maiores, melhores e se joga um pouco mais. Lá o acesso é muito mais complicado. Tive muito perto de subir com (Nueva) Chicago e também com Defensores de Belgrano, mas não consegui. Aqui, pelo que estou vendo é um campeonato muito parelho, qualquer um pode ganhar de qualquer um..

FP: Nestes seis anos como profissional, você nunca já participou de um acesso. A primeira vez seria neste ano, com a Ponte Preta?

JM: Na verdade o meu primeiro acesso foi com o Argentinos Juniors, em 2001. Naquele ano eu já estava no plantel principal, mas pouco jogava. Mas, tomara que consiga subir com a Ponte Preta vai ser uma alegria enorme, tanto para o clube, como pessoalmente.

FP: Por falar em Ponte Preta, como foi a adaptação no clube e no futebol brasileiro? O que foi mais difícil?

JM: Não encontrei nada difícil, apesar de ser a minha primeira experiência fora da Argentina, o que não é nada fácil. Mas em relação ao país e o estilo de jogar daqui, não encontrei dificuldade. A Ponte Preta tem pessoas boas, com um grupo muito bom de trabalhar.

FP: Você chegou a ter algum receio por jogar aqui no início, devido a rivalidade entre Brasil x Argentina, sofrer algum ato hostil por parte dos torcedores ou da imprensa por ser argentino?

JM: Quando vim para cá, pensei que seria mais difícil. Mas felizmente, não me deparei com nada disso, muito pelo contrário. Sempre me trataram bem. Claro que sempre há brincadeiras entre a gente no clube, mas sem más intenções. Sempre com muito respeito.

FP: E o caso de Maxi López, que foi acusado de racismo na partida da Copa Libertadores, contra o Cruzeiro…

JM: Eu já estava aqui e sinceramente não sei o que aconteceu em campo, o porquê daquilo tudo. Não creio que o Maxi Lopez seja racista. Talvez ele tenha dito alguma coisa que é de costume na Argentina, mas sem intenções de ofensa a cor.

FP: Como você analisa o atual momento do futebol na argentina, nos Campeonatos Locais, tendo em vista a recente queda dos ‘cinco grandes’ de Buenos Aires e os títulos das equipes de menos expressão?

JM: Sempre acompanho pela internet, me mantenho informado sobre tudo que acontece por lá. E é complicado falar disso tudo, desse mau momento. Pelo que se percebe, o futebol está se nivelando a cada dia mais. E é ruim, pois podemos não ter os dois maiores clubes da Argentina na Libertadores.

FP: A Seleção argentina não vem de bons resultados, e há um temor quanto a classificação para a Copa. Como você vê a Seleção de Maradona? Você crê que a Argentina não vá à África do Sul?

JM: A seleção passa pelo um mau momento, mas creio que Argentina se classifique, até por ser uma das maiores seleções do mundo. E acho que se classificarão virá de forma direta, ganhando de Peru e depois sem depender de um resultado em Montevidéu.

FP: Guiñazú, do Internacional, é um dos que pedem uma convocação à Seleção pelo que vem jogando. Você acredita que por não estar jogando na Argentina ou na Europa, as portas para a Seleção se fecham?

JM: Não acredito nisso, acho que as portas estão sempre abertas. Mas, da forma que Guiñazú vem jogando no Brasil, acho que ele mereça uma chance. O nível dele está muito alto no Internacional.

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

3 thoughts on “Entrevista: Juan Marchisio, meia da Ponte Preta

  • Carlos Diogo

    Bem legal a entrevista. É bom conhecer a carreira de alguns argentinos que atuam por aqui.

  • TricolorDoMorumbi

    S.Paulo, 08/09/09

    Muito legal a entrevista. Sempre tive uma grande admiração pelo futebol argentino. Se nós brasileiros uníssemos a nossa técnica com a garra argentina, seríamos imbatíveis. Agora com essa invasão argentina por aqui, temos a oportunidade de vê-los de perto. Parabéns! ótima entrevista.

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