Primeira Divisão

Um novo começo para Daniel Bilos

Bilos com a camisa do Guillermo Haig

Depois de um ano afastado dos gramados, Daniel Bilos voltou a jogar futebol. O ex-jogador do Boca, Banfield, San Lorenzo, América do México e Saint-Étienne falou ao jornal La Nación sobre as dificuldades de sua lesão e suas expectativas para o futuro. “Fiz muito esforço para voltar a jogar e treinar. Tomara que tudo continue assim. Estou feliz. Para mim, é como voltar a viver”, disse.

À primeira vista, aquele jogador de 1,94 parecia tudo, menos jogador de futebol. Com uma técnica raramente vista para jogadores de sua idade, Daniel Bilos estreou com o Banfield em 2001, num tempo em que o “Taladro” ia de mal a pior no Apertura. Com a chegada do uruguaio Luis Garisto, a equipe melhorou e chegou em 5º lugar no Clausura do ano seguinte. Mas Bilos ainda entrava pouco na equipe.

Tudo mudou em 2003. Julio César Falcioni chegou para substituir Garisto e, vendo a técnica apurada de Bilos, recuou o jogador. Ao invés de ficar como centroavante, o “Flaco” foi jogar pela esquerda, no meio-campo. Bastou para que o jovem deslanchasse. O pequeno clube chegou à Libertadores de 2005 e Bilos, com 5 gols, foi o artilheiro do elenco, que só caiu nas quartas, para o River. Saiu do Banfield e veio ao Boca por indicação do então técnico xeneize, Alfio Basile. Lá, conquistou tudo o que pôde: Apertura, Clausura, Recopa e Copa Sul-Americana.

Tanta regularidade despertou o interesse de uma seleção para a Copa de 2006. De pais croatas, Bilos abriu mão da possibilidade de disputar a Copa pela seleção da terra natal deles e preferiu ser chamado para defender a camisa albiceleste, após José Pekerman usá-lo em amistoso de novembro de 2005 contra o Qatar. Só que o técnico não levou o jogador para a Alemanha. Alfio Basile assumiu a seleção argentina após a eliminação da Argentina e o então jogador do Boca voltou. Jogou apenas mais duas partidas e até fez um gol, na derrota para a Espanha por 2 a 1.

Bilos em ação com a Argentina, em sua reestreia, contra o Brasil

Com o sucesso, Bilos foi atuar na Europa e depois jogou no América do México e no San Lorenzo. E então sua carreira entrou em parafuso. Uma grave contusão no joelho esquerdo e sua longa recuperação fizeram com que o jogador nunca mais atuasse no nível que o consagrara no Banfield e no Boca. Assim, em dezembro de 2009, Daniel Bilos anunciava sua aposentadoria com apenas 29 anos, logo após o primeiro título de seu Banfield na elite – ele, que integrava o elenco, em uma volta ao Taladro, ironicamente não pôde jogar nenhuma partida da campanha.

O tempo passou e o “Flaco” procurou um médico especializado e muito respeitado no futebol argentino. Jorge Batista disse que a recuperação foi lenta pois com três meses de tratamento o jogador fraturou a rótula. Mas, após um ano do anúncio de sua aposentadoria e totalmente recuperado, Daniel voltou a jogar futebol e resolveu recomeçar pelas suas origens. Defenderá o Douglas Haig, da sua Pergamino natal. A equipe está no Torneo Argentino A, que equivale à Série C do Brasileirão.

Daniel conta como foi a recuperação: “Jorge Batista me disse para ficar tranquilo, pois era jovem e o joelho ficaria firme, mas que a recuperação foi muito longa e decidi abandonar a carreira. Quando existe a ruptura dos ligamentos cruzados, você sabe que em seis meses voltará a jogar. Mas a minha lesão, a osteocondrite, não era possível ter alguma previsão de cura total. Existem muitos jogadores que deixaram de jogar por causa dessa lesão. A ansiedade de ficar curado me desgastava psicologicamente. Em junho do ano passado, decidi fazer alguns testes, fui treinar no CEFAR (Centro de Treinamento para Futebolistas de Alto Rendimento), o joelho respondeu positivamente e aqui estou. Que acontecerá daqui para frente? Só Deus sabe. Aproveito cada dia”.

Questionado sobre uma possível volta a algum da Série A, Bilos é realista. Procura não pensar nisso, para evitar novas precipitações. Por agora, quer aproveitar a volta ao time de sua cidade e ajudá-lo a subir para B Nacional. E lembra com saudades a época de Boca: “Fui campeão lá. Foi ótimo jogar no Boca, pois foi lá que obtive reconhecimento. Em tudo o que fazíamos, tinha uma repercussão impressionante, como uma banda de rock. Fomos para a Coreia do Sul, El Salvador e Honduras e sempre éramos notícia”.

Bilos também falou sobre sua não ida para a Copa de 2006 pela Croácia: “Sabia que as chances de ir para a Copa pela Argentina eram pequenas. Mas não fiquei com vontade de jogar a Copa. Quando o Pekerman me convocou, foi sincero e disse que havia muitos jogadores para a minha função. A decisão de jogar pela Argentina foi minha. Talvez outro jogador teria aceitado, mas continuo achando que foi a melhor decisão que tomei. Com a Argentina, joguei contra o Brasil, o Qatar e a Espanha, em que fiz um gol”.

Depois de tudo o que passou, o ex-jogador do Boca tenta recomeçar. A estreia do Douglas Haig no Argentino A será contra o Guillermo Brown, fora de casa. A distância de Pergamino a Puerto Madryn, cidade do rival, na Patagônia, é de cerca de 1000 quilômetros e a viagem de ônibus leva 16 horas.

Alexandre Leon Anibal

Analista de sistemas, radialista e jornalista, pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte. Neto de argentinos e uruguaios, herdou naturalmente a paixão pelo futebol da região. É membro do Memofut, CIHF, narrador do STI Esporte (www.stiesporte.com.br ) e comentarista do Esporte na Rede, programa da UPTV (www.uptv.com.br ).

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