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Elementos em comum entre Newell’s e Atlético Mineiro

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Os irmãos Capria não foram duradouros, mas tiveram seus bons momentos

Atlético Mineiro e Newell’s Old Boys se enfrentam logo mais pelo jogo de volta das semifinais da Libertadores 2013, torneio que cada um tem motivos extras para desejar. Eles também têm outros pontos em comum, que lembraremos agora. Capítulos anteriores aqui e aqui.

Para o NOB, vencer a Libertadores representaria a terceira oportunidade de conseguir um título inédito, para si e para o interior do país. Viveu sua fase mais brilhante até então entre 1988 e 1992, chegando a duas finais, exatamente nos ditos anos, retratados aquiaqui e aqui. Perdeu ambas. Vencer o torneio coroaria uma ressurreição e ainda ofuscaria da pior forma o retorno do arquirrival Rosario Central à elite; perder nova decisão, caso chegue lá, poderia alçar a Lepra à quase equivalente argentino do América de Cali, clube colombiano que chegou a quatro finais (três, seguidas) e perdeu todas.

Para o Atlético, vencer pela primeira vez a Libertadores amenizaria a desvantagem em relação ao arquirrival Cruzeiro, presente em quatro finais e vencedor de duas – e até revertê-la se, adiante, os alvinegros conseguirem o Mundial de Clubes, jamais logrado pela Raposa. O Galo chegou no máximo exatamente às semifinais, parado pelo Boca em 1978. Os auriazuis defendiam o título e conseguiriam o bicampeonato seguido.

Outros auriazuis comemoraram sobre ambos, em 1995: o Rosario Central. Os canallas tinham boa supremacia de títulos argentinos em Rosario antes do referido ciclo 1988-92 dos rivais: 4 contra 1, com o último (em 1987, veja aqui) tendo como vice exatamente o Ñuls. Em 1992, esta conta já estava igualada. O Central respondeu três anos depois, conseguindo aquilo que falta ao NOB: um título continental. Foi o da Copa Conmebol. Exatamente sobre o Atlético, outro a reclamar de 1987: com a melhor campanha do Brasileirão, o time de Telê Santana caiu nas semifinais, para o Flamengo.

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Graff, Lussenhoff, Carbonari, Bonano e Ordóñez; Palma, Gordillo, Sánchez, Da Silva, Cardetti e Coudet: o Rosario Central que sorriu diante do Atlético (e, claro, do Newell’s) em 1995

A conquista da Conmebol 1995 foi das mais épicas de um clube argentino, e lembrança constante dos piores reveses da equipe mineira, que venceu por 4-0 no Mineirão no jogo de ida. No Gigante de Arroyito, os argentinos conseguiram devolver a goleada, em aguerrida disputa com duas expulsões para cada lado. Nos pênaltis, levaram a melhor sobre Taffarel, Doriva, Renaldo, Ézio e Euller.

1971 é outro ponto de certa semelhança para os adversários de hoje: ambos lutaram acirradamente pelo primeiro título nacional para ambos. A diferença foi que o Galo (também de Telê Santana) logrou o objetivo, no triangular final com São Paulo e Botafogo. Até hoje, é o único título brasileiro do clube. Já os rubronegros têm lembranças mais amargas.

A equipe foi eliminada nas semifinais argentinas, exatamente para o maior rival, que ainda por cima acabaria – exatamente pela primeira vez – campeão. O gol de peixinho de Aldo Poy (primo de José Poy, ídolo do São Paulo) que garantiu o Central na decisão é tido pelos centralistas como o mais celebrado do mundo: todos os anos, La Palomita de Poy tem de ser recriada por seu autor em reuniões festivas da torcida. Falamos aqui.

O Sangre y Luto enfim seria campeão em 1974, com uma pequena vingança: o jogo do título, em quadrangular final, foi justamente sobre o Central, e na casa adversária. Porém, Mario Zanabria, autor do gol da conquista, já declarou que o elenco “de 1974 é inesquecível, mas o mais luxuoso que integrei foi o de 1971”.

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Em 1971, os adversários lutavam por seu primeiro título nacional. Com este gol de cabeça de Dario sobre o Botafogo, o Atlético conseguiu…

Ninguém chegou a vestir as duas camisas, mas uma família sim: Diego Capria passou rapidamente pelo Atlético por cinco semanas, entre outubro e novembro de 2000. Jogou só dez vezes, mas deixou 3 gols marcados, ótimos números para um zagueiro. O mais lembrado, cobrando potente falta, foi nas quartas-de-final da Copa Mercosul, colocando um 2-0 a 9 minutos do fim sobre o Boca no Mineirão.

Na volta, os mineiros arrancaram um 2-2 na Bombonera, conseguindo ser o único time brasileiro a eliminar os xeneizes naqueles tempos em que os comandados de Carlos Bianchi encarnavam o auge de seus momentos como carrascos aqui: Palmeiras (final da Libertadores de 2000, semi na de 2001), Corinthians (primeira fase daquela Mercosul 2000), Vasco (quartas da Libertadores de 2001), Paysandu (oitavas da Libertadores 2003) e Santos (final da Libertadores 2003) caíram naqueles anos.

Já não-classificado para os mata-matas do Brasileirão, o Atlético (por sua vez, de Carlos Alberto Parreira) acabou eliminado pelo Palmeiras nas semifinais daquela Mercosul, e Capria deixou o clube. Venceria a edição seguinte do torneio, pelo San Lorenzo – foi dele o último gol de pênalti na decisão sobre o Flamengo. Na Argentina, contudo, é menos reconhecido que o irmão Rubén Capria, conhecido como El Mago por liderar o meio-de-campo dos bons momentos que o Racing (onde chegou a jogar com Diego) teve nos anos 90. Inclusive o escalamos no time dos 110 anos racinguistas, aqui.

Já no ocaso da carreira, Rubén Capria chegou ao Newell’s em 2004 e logo foi campeão. Um título especial: o NOB quebrou jejum de doze anos e enfim ultrapassou o Central em número de títulos argentinos. O clube demorou cerca de 9 anos para conseguir novo título, vencendo o Torneio Final da temporada 2012-13. Capria teve participação ativa, mas com atuações apenas razoáveis, sem o mesmo brilho de outros tempos, não chegando a se firmar como grande ídolo.

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… mas o NOB, não, também por causa de um cabeceio, de Poy, em clássico rosarino na semifinal. Humilhar indiretamente o rival é um dos temperos extras da Lepra se eventual título na Libertadores vier

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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