Primeira Divisão

Elementos em comum entre Huracán e Cruzeiro

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Pela primeira vez o Huracán enfrentará um brasileiro a nível de competição internacional. Não será o mais semelhante dos adversários: poucas coisas o unem com o Cruzeiro, um dos mais copeiros times do continente. Ambos campeões nacionais no ano passado, de festejos também a seus respectivos e listrados rivais, a dupla teve bons momentos no início do anos 70.

Na era da discoteca, a Raposa conseguiu um tetra seguido de 1972 a 1975 no Estadual, um bivice nacional em 1974 e 1975 e seu primeiro título na Libertadores, em 1976. Nesse período, o Globo quebrava jejum de 45 anos ao ser novamente (e pela última vez) campeão da elite, em 1973, era bivice em 1975 e 1976 (ano em que somou mais pontos que o campeão Boca) e só fornecia menos jogadores que o River à seleção campeã mundial pela primeira vez, em 1978 – cujo técnico, César Menotti, chegara à seleção credenciado exatamente como técnico daquele celebrado elenco de 1973.

Outro bom período de ambos foram os anos 20, até hoje a melhor década do Huracán, que ali levantou seus outros quatro títulos na elite argentina. Dentre os destaques, os atacantes Cesáreo Onzari, autor do primeiro gol olímpico, e Guillermo Stábile, artilheiro da primeira Copa do Mundo. Já o adversário, em uma década dominada pelo América Mineiro, levantava em sequência seus três primeiros títulos estaduais, entre 1928 e 1930, ainda como Palestra Itália. Ambos foram campeões em 1928.

Afora isso, a equipe mineira raramente atravessou jejuns (o maior foi de onze anos, de 1945 a 1956), uma tônica na maior parte da história quemera. Se aquele mágico título do Metropolitano 1973 quebrou um de 45 anos no Argentinão, o da Copa Argentina no ano passado desfez um nacional de 41 anos, desde aquele Metro 73. Saiba mais deste título tão comentado de 1973 clicando aqui.

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Araquém no Huracán e o irmão Arnout (primeiro em pé) no Cruzeiro

Só um jogador vestiu as duas camisas e foi um dos grandes ídolos cruzeirenses nos anos 90, o ponta-esquerda Roberto Gaúcho, presentes nas últimas taças internacionais do clube – o bi na Supercopa em 1991 e 1992 e a Libertadores de 1997. Nesse período, passou rapidamente pelo Huracán em 1995. Os argentinos já lhe conheciam bem: ele marcou dois nos 4-0 sobre o Racing na final da Supercopa 1992, a praticamente garantir o título, e outro nos 2-1 sobre o Boca em plena La Bombonera em 1994, primeiro triunfo brasileiro no estádio boquense pela Libertadores desde o título do Santos de Pelé em 1963.

Com esse cartaz, era aguardado com muita expectativa em Buenos Aires em 1995, declarando-se de estilo similar a ninguém menos que Gabriel Batistuta e Claudio Caniggia. Mas decepcionou, só atuando nove vezes e marcando uma pela equipe do bairro de Parque de los Patricios. Colegas seus afirmaram dez anos depois em entrevista à revista El Gráfico que Roberto tinha talento, mas negligenciava a parte física. O ponta voltou à velha casa e à boa fase, marcando um gol e dando o passe para outro, o de Marcelo Ramos, naquele título da Copa do Brasil de 1996 em cima do grande Palmeiras da época, a taça que garantiu os mineiros um lugar naquela vitoriosa Libertadores 1997.

Além de Roberto, uma família também passou pelos dois oponentes de hoje. Araquém de Melo foi contratado junto ao Danubio uruguaio em 1968 e só não se eternizou mais no Huracán por ter saído um ano antes de 1973, quando já não detinha o faro de gol demonstrado em sua primeira temporada na Argentina: marcara 14 gols em 30 jogos em 1968, mas até sair em 1972 somou mais apenas 5 em outras 29 partidas. Brilhou especialmente no Torneio Nacional, do qual era artilheiro, com dez gols, até a última partida – Omar Wehbe, do campeão Vélez, fez três nela e passou a treze gols somados.

Apesar do declínio, Araquém foi listado entre os cem maiores ídolos do time no livro elaborado pelo Clarín para o centenário quemero e lembrado na propaganda argentina abaixo, contra xenofobia na Copa América 2011. Seu irmão Arnout de Melo esteve no Cruzeiro nos anos 70, mas sem se firmar.

Atualizações após a matéria: Ramón “Wanchope” Ábila, artilheiro do Huracán campeão da Copa Argentina de 2014 e vice da Sul-Americana 2015, foi contratado em 2016 pelo Cruzeiro, sobre quem marcara dois gols na vitória huracanense por 3-1 na Libertadores 2015 em Buenos Aires.

httpv://www.youtube.com/watch?v=LHjGTSFyHb8

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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