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50 anos de José Alberto Percudani, herói do último Mundial do Independiente

Por Leandro Paulo Bernardo – Quem conhece futebol, sabe que o último titulo mundial da Argentina, foi marcado por Burruchaga, grande ídolo do Independiente, em um jogo apitado pelo Brasileiro Romualdo Appi Filho em 1986. Entretanto dois anos antes no Japão, com o mesmo árbitro e com Burru jogando pelo el rojo, um jovem de origens indígenas, com apenas 19 anos marcaria o gol do último titulo mundial dos reis da libertadores da América, em um jogo que todos já cantavam o Liverpool como campeão.

Esse jovem, completa hoje cinqüenta anos, José Alberto Percudani. Ele nasceu em Bragado, a cerca de 230 Km ao oeste de Buenos Aires, no dia 22 de março de 1965. Desde jovem impressionava por sua grande capacidade de jogar futebol. Com 10 anos, apareceu jogando em torneios locais e era a figura principal da equipe campeã, passando a representar a cidade nas fases regionais.

Chegou ao Independiente aos treze anos, depois de impressionar Pedro Riveiro, ex jogador do Independiente, em um amistoso na sua cidade, tornou-se profissional aos dezesseis anos.

Em um sábado, 18 de julho de 1982, ao convite de Nito viega, Mandinga teve sua estréia oficial no time principal dos Rojos, A formação dos “Red Devils” foi esta: Goyen, Clausen, Olguin, Trossero e Killer (Enrique), Giusti, Maragoni e Burruchaga, Clara, Percudani e Calderon… Era a base de um time extraordinário que estava em sua aurora. No mesmo ano, jogou uma outra partida como titular e em outras cinco integrou o banco de reservas, tinha apenas 17 anos.

Em 1983, com cinco jogos e um gol, foi incluído em uma posição permanente entre os titulares no Metropolitano daquele ano, durante o qual jogou em 35 jogos, marcando 11 gols e tornando campeão Argentino.

Em 1984, ele desempenhou um papel importante na conquista da Taça Intercontinental, marcando para o Independiente o único gol do jogo aos nove minutos do primeiro tempo, depois de receber um lancamento de Maragoni. Contou com a ótima exibição do arqueiro Carlos Goyén e com a cadência do maestro Ricardo Bochini para administrar o placar. Ficou no rojo de Avellaneda até Dezembro de 1987, jogou 135 partidas e marcou 45 gols.

Em 1987, fez sua estréia com a seleção principal, tinha sido convocado para a Copa América. Na competição sul-americana estreou contra o Peru no dia 27, jogou contra o Equador, no dia 2 de julho. Entrou em campo no primeiro tempo da partida histórica contra o Uruguai, sendo então substituído por Juan “Búfalo” Funes no intervalo, o mesmo acontecendo no jogo contra a Colômbia. Nunca mais, Funes e ele foram convocados, dos jovens atacantes apenas Cannigia seguiria pela albiceleste.

Em janeiro de 1988 foi comprado pela Áustria Viena por US $ 1 milhão. A equipe da capital austríaca, famosa nos anos trinta por causa de Matias Sindelae, queria substituir o Bota de ouro na europa em 1987, Anton Polster. O Áustria Viena veria ainda naquela temporada a última do seu craque Phoshaka, teve em Percudani um impacto muito positivo no campeonato, com 12 gols em 13 jogos.

Segundo a edição de 10 de Janeiro de 1988 da revista espanhola El Mundo Deportivo, Percudani foi jogar na Áustria, sonhando com a Itália; “desear julgar tanto bien en Viena para conseguir un contrato irme a jugar la Itália. Es mi sueno”.

Na temporada seguinte marcou 18 vezes em 22 jogos, bem como outros quatro em cinco jogos na Copa da Áustria Cup, e também conseguiu ir para a copa da UEFA.

Porém em 1989, ele começou a perder espaco na equipe violeta, pois a regra do torneio austríaco mudou, permitindo apenas dois estrangeiros (antes na Áustria podiam jogar quatro), Percudani foi muitas vezes excluído da primeira equipe, e ele foi enviado para jogar com a formação de Sub-21.

Foi emprestado ao Atlético Madrid em dezembro de 1989, mesmo na equipe ibérica encontrou pouca sorte, já que era utilizado apenas na equipe B, e segundo relatos o então presidente colchonero Jesus Gil & Gil, queria a quantidade de gols do Maradona e um substituto a altura do machucado Paulo Futre em Percudani.

Em julho de 1990, depois de fracassar as negociações com o Boca Juniors, Ele regressou para a América do sul, assinou um contrato por duas temporadas com o Universidad Católica do Chile. Marcou em sua estréia pela libertadores contra o The Strogest. Porém foram eliminados pelo Olimpia da sensacional dupla Samaniego e Amarilla nas quartas de final, apos perder por dois a zero em Assunção e jogarem o épico e histórico quatro a quatro em Santiago.

Teve uma boa passagem pela equipe chilena, marcou inclusive o belo e único gol da final da copa do Chile contra o Cobreloa, ao encobrir o bom arqueiro Mário Osben e garantindo o título para os cruzados;

Em 1992, assinou um pré contrato com o Peñarol, mas já perto da estréia, houve uma discordância quanto as luvas e resolveu deixar os carboneros, que passavam a contar com o apoio financeiro de uma multinacional de laticínios italiana. Ao final do ano, o Peñarol repatriou José Perdomo e Pablo Bengochea do Gimnasia y Esgrima, algozes naquela copa América de 1987.

No mesmo ano, retornou ao futebol Argentina, para o Estudiantes de La Plata, onde teria como parceiros Rubén Capria, Martin Palermo, José Luis Calderón e Claudio Paris. Em 14 jogos pelos Pincharratas marcou três gols. Saiu meses depois, não conseguiu se adaptar ao estilo de jogo do Estudiantes, que na época optava por muito jogo aéreo. Seria a ultima equipe de primeira divisão que ele jogaria.

Assinou pelo Almirante Brown por oito mil dólares, iria ser treinado novamente pelo homem que o colocou como profisional, Nito Veiga, meses depois saiu para jogar no Talleres de Remedio de Escalada.

Passou quatro meses sem receber nada ou cobrar nada do clube. Chamou sua esposa e disser; “Vámonos a Bragado, yo no juego más”

Mandinga então resolveu jogar sem pressao ou contratos mentirosos, que tanto atrapalharam sua carreira, começou a viajar pela Argentina, fez gols pelo Chivilcoy, 25 de mayo, Carlos Casares, Río Gallegos, Arenales y Arrecifes, San Martín de Mendoza , foi capitão no Martín Güemes… Até disputou a liga amadora de Bariloche, o futebol tornou-se para ele turismo e diversão pura. Aualmente, ele é treinandor nas divisões inferiores Independentes.

Da Redação

Perfil utilizado para colunistas convidados a escrever no site FutebolPortenho.com.br

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