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Rosario Central, sem perder desde 2008 do Newell’s, ganha e é vice-líder

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Foi um grande clássico no Coloso del Parque, especialmente nos últimos cinco minutos, quando ambas as equipes elaboraram grandes chances. Cada time até tentou o gol que Pelé não fez contra a Tchecoslováquia em 1970. Mas o Rosario Central, mesmo fora de casa, fez pelo conjunto do jogo muito mais por merecer a vitória, tendo um pênalti claro não marcado. Com o triunfo, os auriazuis chegam a 35 pontos, dois a menos que os três líderes: Boca (que ainda jogará neste domingo), San Lorenzo (que jogou ao mesmo tempo) e River. Foi também a quarta vitória seguida dos canallas no clássico desde que retornaram à elite, em 2013.

Cada equipe foi comandada por técnicos jovens, mas ídolos pelo que produziram como jogadores no rivas: Eduardo Coudet foi volante do Rosario Central campeão da Copa Conmebol sobre o Atlético Mineiro em 1995. Já Lucas Bernardi era o maestro do Newell’s que, contra o mesmo Atlético, por bem pouco não chegou à final da Libertadores em 2013.

Coudet novamente sorriu mais hoje. Desde o início o Central não se intimidou com a visita, jogando quase sempre no campo de defesa do arquirrival. Isto não inibia o goleiro leproso Oscar Ustari de agir quase como um líbero, saindo reiteradas vezes da grande área para levar os colegas à frente. Escapou de levar pelo menos dois gols, seja pela marcação travar a tempo, seja pela afobação rival em chutar torto.

Os rubronegros passaram a primeira etapa na base do chutão. Já o Central reclamou muito de um pênalti claro não visto por Néstor Pitana: Milton Casco, ao procurar afastar a bola da grande área, simplesmente chutou as nádegas de Domínguez.

No início da segunda etapa, o estilo adiantado de Ustari quase custou-lhe um vexame. Domínguez arriscou do meio-campo o gol de longa distância que Pelé tentou na Copa de 1970, com a trajetória passando rente à trave esquerda. O Newell’s, porém, pareceu acordar e tratou de ao menos tentar armar boas jogadas. Conseguiu com isto cavar dois cartões amarelos e justo quando estava melhor levou o gol.

Justo quando Ustari resolveu ficar entre as traves, foi traído pela marcação, que deixou longo lançamento pingar livre para Marcos Rubén tocar aberto com a canhota pelo flanco direito mesmo e marcar o único gol da partida, um lance que lembrou um pouco o gol de Dennis Bergkamp que eliminou a Argentina na Copa de 1998. Rubén isolou-se assim na artilharia do campeonato.

No Newell’s, com o outrora matador Ignacio Scocco em dia apagado, quem mais tentou foi o veterano Maxi Rodríguez. Já havia mandado uma conclusão para fora no primeiro tempo. Nos últimos dez minutos, teria marcado em dois lances se tivesse mais sorte: primeiro um sem-pulo seu foi desviado em um rival. Depois, recebendo um tiro de meta desastrado de Mauricio Caranta, Rodríguez tentou a sua versão daquele gol perdido por Pelé. A bola parecia que entraria, mas esbarrou em uma cruel trave direita.

No contra-ataque do quase golaço de Rodríguez, já nos acréscimos, o Central poderia ter matado o jogo. Ustari espalmou mal, praticamente recuando a bola para Franco Niell. Totalmente livre para o gol vazio, ele cabeceou para fora. Mas nenhum canalla ligou muito, mesmo com Pitana concedendo o acréscimo dos acréscimos – o jogo iria até os 49 minutos e a cera auriazul fez o árbitro colocar mais um minuto na conta.

Não fez maior diferença. Merecidamente, o Central venceu mais uma edição do clássico mais ferrenho da Argentina e encostou na liderança que já foi sua mais cedo neste belo campeonato. Já são sete clássicos e sete anos sem perder – o dérbi não ocorreu entre o segundo semestre de 2010 e o primeiro semestre de 2013 (justo naquela grande fase do Newell’s), quando os visitantes estiveram na segunda divisão.

Paralelamente, San Lorenzo e Godoy Cruz se pegaram em Mendoza. Os azulgranas poderiam sair de lá isolados na liderança provisória caso vencessem e chegaram a estar na frente, graças a Cauteruccio. Mas levaram o empate em um pênalti, o suficiente para deixa-los na liderança igualada à dupla Boca e River.

 

 

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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