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No rúgbi, Argentina vence pela 1ª vez a “seleção do mundo”

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2015 vai se encerrando como um dos anos mais memoráveis do rúgbi argentino. Pela primeira vez, derrotou-se (e fora de casa!) a seleção principal da África do Sul, justamente cinquenta anos após a vitória, em plena Joanesburgo, sobre a seleção B de lá, sucesso que os catapultara à elite mundial da bola oval e que rendera o próprio apelido de Pumas à seleção. Os hermanos, também pela primeira vez, não ficaram em último no Rugby Championship, quadrangular anual que envolve-os com sul-africanos, Austrália e Nova Zelândia, as três seleções mais vezes campeãs da Copa. Na própria Copa, voltaram às semifinais e tiveram o maior pontuador do torneio, Nicolás Sánchez. Agora, enfim venceram os chamados Barbarians.

O Barbarians é virtualmente a seleção do mundo no rúgbi. Argentinos já preencheram suas fileiras inclusive neste ano. O encontro no templo de Twickenham, em Londres, marcou duas despedidas sul-africanas: de Victor Matfield, que deixará de enfrentar seleções, e Bakkies Botha, este definitivamente aposentado dos gramados. Ambos venceram a Copa de 2007 pelos Springboks (justamente quem eliminaram os argentinos na semifinais). Hoje, Matfield fez o último try dos Baa-Baas.

A grande emoção pré-jogo, foi referente, porém, a outra despedida: Jonah Lomu faleceu precocemente na terça-feira. Além do minuto de silêncio protocolar, foi homenageado de outras formas – os argentinos entraram para o aquecimento vestindo camisas negra (misturando luto e referência aos All Blacks) com o número 11 (tão vestido por Lomu) nas costas. O Futebol Portenho relembrou que o ex-ponta conseguiu justamente na Argentina ser campeão de uma Copa do Mundo, de rúgbi sevens: clique aqui.

Por grande coincidência, o estreante do dia no Barbarians, que costuma convocar ao menos um jogador que jamais defendeu a seleção principal de seu país, tenha sido Ardie Savea, irmão caçula daquele mais apontado como sucessor de Lomu: Julian Savea, campeão mundial com a Nova Zelândia há algumas semanas. Outro ritual do Barbarians é que cada jogador completa o uniforme alvinegro com as meias do clube, seleção provincial, franquia ou seleção nacional de origem.

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Quatro argentinos em outro jogo do Barbarians em 2015: Leguizamón (meias do Santiago Lawn Tennis), Cubelli (meias do Belgrano Athletic), Lobo (meias do Estudiantes de Paraná) e Hernández (meias da seleção – ele é sobrinho de Patricio Hernández, que esteve na Copa de 1982 pela seleção de futebol)

O único encontro entre Argentina e Barbarians havia sido em 1990, com vitória por 34-22 dos internacionais em Cardiff. Eles começaram ganhando hoje, mas não foram páreos para um adversário entrosado e cada vez mais perto da ponta. O primeiro tempo se encerrou em 28-12 para os sul-americanos, cuja vantagem chegou a estar em um humilhante 42-12 na segunda etapa. Acabou 49-31. Para detalhes técnicos em português da partida, recomendamos o relato completo do Portal do Rugby: clique aqui.

Após a vitória de hoje, restam apenas duas seleções de ponta que a Argentina ainda não derrotou. Uma é o British and Irish Lions, a seleção britânico-irlandesa que se reúne normalmente apenas a cada quatro anos, para turnês de amistosos pelas outras três potências do hemisfério sul (África do Sul, Austrália e Nova Zelândia). Os Lions, que chegaram a visitar também a Argentina (foram os primeiros adversários da história da seleção, em 1910, nos festejos do centenário da independência), não veem há quase 80 anos para as margens do Prata, mas quase perderam em casa para reservas pumas em 2005; terminou empatado no fim.

A outra seleção ainda invicta é, claro, a Nova Zelândia, que vai se despedindo da melhor geração de sua riquíssima história. Os argentinos até ameaçaram ruir a escrita na estreia de ambas na Copa de 2015 e em outros jogos. Um empate é também o melhor resultado da história contra os All Blacks (no estádio do Ferro Carril Oeste), resultado que fez trinta anos no início do mês.

Esse tabu deverá ruir em breve. Além da saída conjunta de diversos monstros do rúgbi neozelandês (Dan Carter, Richie McCaw, Keven Mealamu, Ma’a Nonu, Conrad Smith, Ben Franks…), os argentinos terão ainda mais intercâmbio com os nomes novos e remanescentes: a seleção, travestida de uma franquia, participará do Super Rugby a partir de 2016. Trata-se de espécie de Liga dos Campeões que envolve a nata dos jogadores das outras três nações de elite do hemisfério sul.

Que venham os próximos anos. Abaixo, acesse outros especiais sobre a seleção de rúgbi deste 2015:

Há 50 anos, a seleção argentina de rúgbi virava “Los Pumas”

Há 50 anos depois, Pumas aprontam de novo na África do Sul, derrotada pela 1ª vez

Para outras matérias da bola oval, clique aqui.

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Os empates contra os Lions, em 2005, e All Blacks, em 1985: os últimos a quem faltam aos Pumas vencer

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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