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50 anos do Huracán 1973: o time que ressoou na Copa 78 levando Menotti à seleção

Originalmente publicado no aniversário de 45 anos, em 16-09-2018 – e revisto, atualizado e ampliado

Cerviño (fisioterapeuta), Tritnik (médico), Barrios, Daniel Buglione, Héctor Roganti, Francisco Russo, Miguel Leyes, Edgardo Cantú, Carlos Leone, Alfio Basile, Alberto Fanesi, Cattáneo (roupeiro) e Ricardo Pizzarotti (preparador físico); Carlos Zeballos, Ángel Tolisano, Jorge Carrascosa, Julio Tello, Francisco Lavorato, Juan Fierro, Nelson Chabay, Alfonso Roma e Lopiano (massagista); César Menotti (técnico), José Scalise, René Houseman, Nicolás del Valle, Eduardo Quiroga, Roque Avallay, Carlos Babington, Omar Larrosa e Miguel Brindisi

“Eu tenho minha convicção e vou defendê-la até a morte. Este é o futebol do Huracán, este é o futebol que eu quis sempre, este é o futebol que quis para o meu país” foram as palavras em tom sereno proferidas por César Luis Menotti. Seu Huracán encerrava na época um jejum de 45 anos – e pensar que agora sofre um de 50, pois aquele de 1973 segue sendo o último do outrora “sexto grande” na primeira divisão. Além dessas duas estatísticas, a importância reside no jogo vistoso daquele timaço. O que credenciar El Flaco Menotti para treinar uma Argentina que enfrentava período quase igual sem comparecer a uma final mundial, desde o inaugural torneio de 1930 embalado na artilharia do huracanense Guillermo Stábile. Aquele título de 1973, assim, virou daquelas conquistas importantes de modo supraclubístico, reverberando na Albiceleste campeã de 1978.

Relembraremos a façanha via relatos da revista El Gráfico, revista que circulou por praticamente cem anos (1919-2018), e por imagens restauradas e coloridas pelo abnegado perfil @HuracanRetro, ainda ativo na rede que se chamava Twitter. Afinal, poucas imagens em vídeo sobraram daqueles tempos poucos televisionados. Alguns registros aparecem entre o segundo e o terceiro minuto do vídeo abaixo, lançado por ocasião do centenário, em 2008, do clube do bairro operário de Parque de los Patricios, também reduto do tango (simbolizado pelo músico Homero Manzi, que aparece aos 0m21s).

A música, de fato, é dramática. Eis a letra até o fim da partida festiva, com a invasão de campo no palácio Tomás Adolfo Ducó naquele 16 de setembro de 1973:

Quando perca todas as partidas; quando durma com a solidão; quando me fechem as saídas e à noite não me deixe em paz; quando sinta medo do silêncio; quando custe me manter em pé; quando se rebelem as lembranças e me ponham contra a parede: resistirei, erguido frente a tudo! Me envolverei de ferro para endurecer a pele! E, mesmo que os ventos da vida soprem forte, sou como o junco, que se dobra, mas que sempre segue em pé! Resistirei, para seguir vivendo! Suportarei os golpes e jamais me renderei! E mesmo que os sonhos se rompam-me em pedaços – resistirei, resistirei…“.

E então a imagem do time campeão posado de 1973 dá lugar a uma, outra, três fotos de rebaixamento (ainda viria um quarto, em 2011, mesmo acumulando a pontuação do vice-campeonato em 2009 daquele elenco com Pastore, Bolatti, Defederico, Goltz, Toranzo…) e vídeos das voltas à elite, até a mensagem final ser pela esperança insistente de quem pôde comemorar o dia do centenário vencendo o Estudiantes após os 40 do segundo tempo: “quando o mundo perca toda a magia, quando meu inimigo seja eu, quando me apunhale a nostalgia e não reconheça nem minha voz; quando me ameace a loucura, quando minha moeda ser coroa, quando o diabo passar a fatura ou se alguma vez me faltas tu: resistirei! Resistirei! Resistirei…..“.

O feito do Huracán foi tamanho (e os tempos eram mais sãos) que, na rodada final, já campeão, entrou em campo sob aplausos genuínos do vice, o Boca. O primeiro da fila é o artilheiro do elenco, Larrosa, um dos futuros vencedores da Copa de 1978

Na época, já havia motivos para crise existencial quemera. Contaremos tudo a seguir.

Antecedentes

Desde os felizes anos 20, quando o clube do primeiro gol olímpico era uma potência com mais títulos argentinos que o rival San Lorenzo e também River e Independiente, inspirando diversos Huracáns pelo país adentro (o de Corrientes e o de Tres Arroyos já jogaram na elite desde os anos 90), o Globo só havia vencido algumas Copas nacionais nos anos 40 – por sua vez a década em que, além do jovem Alfredo Di Stéfano (que no vídeo acima aparece aos 0m29s), pôde simplesmente contar simultaneamente com os três maiores artilheiros da seleção argentina no clássico com o Brasil.

O recordista de gols sobre a seleção brasileira segue sendo Emilio Baldonedo e seus sete gols, seguido por Herminio Masantonio e seus seis (Masa também ainda é o maior artilheiro do clube e homem de melhor média de gols pela seleção, aparece aos 0m25s do vídeo) e pelos cinco de Norberto Méndez, também o maior goleador da Copa América. Masantonio havia sido precocemente levado pela tuberculosa ainda nos anos 50, mas, jamais campeão argentino, foi muito lembrado pelos colegas ainda vivos naquela alegria; tanto Baldonedo como Tucho Méndez foram requisitados para declarações abaixo.

Depoimentos de personalidades “quemeras” sobre o título (clique para ver ampliado): Masantonio recordado três vezes. Bonavena era um pugilista que quase nocauteara Muhammad Ali: “antes de ser eu campeão do mundo, prefiro que seja o Huracán”

Se o fato de só os “cinco grandes” (Boca, River, Racing, Independiente e San Lorenzo) virem sendo campeões desde 1930 podia atenuar a decadência, o cativo posto quemero de “sexto grande” começava a sofrer abalos ao fim dos anos 60. Enquanto a seca prosseguia em Parque de los Patricios, o Estudiantes (1967), Vélez (1968), Chacarita (1969) e Rosario Central (1971) furavam o oligopólio do quinteto, com o time de La Plata indo além ao emendar um tri de Libertadores.

Em 1972, em especial, o rival San Lorenzo havia se tornando o primeiro time argentino a vencer no mesmo ano os dois principais torneios domésticos, o Metropolitano e o Nacional. A resposta do bairro de Parque de los Patricios ao de Boedo foi, naquele Torneio Metropolitano de 1973, quebrar em altíssimo nível a seca, com um futebol vistoso, ofensivo e limpo… e, enfim, campeão.

Outra cena da festiva rodada final. Destaque ao capitão Brindisi (à esquerda), na época o recordista de jogos pela seleção argentina

Não foi algo repentino. Em 1971, basicamente o mesmo elenco de 1973 já estava reunido, reforçado até por velhos ídolos do rival, casos de Alberto Rendo (que na verdade voltava ao Huracán), Héctor Veira (justamente quem seria eleito o maior ídolo sanlorencista no centenário azulgrana, também em 2008) e Narciso Doval, emprestado pelo Flamengo. Ainda irregular, aquele elenco decidiu o campeonato: fora da disputa pelo título, venceu de virada e fora de casa o Vélez, que já tinha pronta a festa de campeão, mas terminou ultrapassado pelo Independiente.

No início, o treinador era Osvaldo Zubeldía, o comandante do Estudiantes tri da Libertadores. Que teve como assistente ninguém menos que um iniciante Carlos Bilardo, futuro técnico da Argentina campeã de 1986. Mas os nomes pesados no papel não deram liga na vida real. E, ainda no decorrer daquele torneio de 1971, foram substituídos por Menotti, que faria seu primeiro trabalho como técnico principal – após período como assistente no Newell’s e por vezes técnico interino ali. Curiosidade: tudo porque não poderia prosseguir a carreira de jogador, pois seu passe estava retido no Brasil, onde já não queria continuar; se a Argentina foi campeã mundial de 1978, parte da culpa pode ser atribuída ao clube que em 1969 se recusou a liberar Menotti para seguir jogando: o Juventus-SP!

Em 1972, com aquele treinador ainda iniciante que acabaria escalado no Futebol Portenho como o óbvio técnico do time huracanense dos sonhos em 2018, já se via um salto. O título do San Lorenzo ofuscou que o Huracán chegara a um ótimo 3º lugar, com direito a um 5-1 no Boca, maior goleada já aplicada até hoje sobre a azul y oro. O jogo seguinte à conquista azulgrana foi justamente o clássico, em Parque Patricios. Os visitantes, antes, deram volta olímpica diante da plateia rival – recíproca que não se veria verdadeira em 1973. Terminaram derrotados por 3-0 e a El Gráfico resumiu: “por 90 minutos, o campeão foi o Huracán”.

Já estavam ali os meias Miguel Brindisi, que, mesmo em meio àquela seca, conseguiria em 1974 se tornar o jogador recordista de partidas pela seleção; e Carlos Babington (que voltava de um malfadado negócio com o Stoke City, sem conseguir estrear no time de Gordon Banks por não encontrar os documentos familiares que lhe permitiriam a cidadania britânica, pois a liga inglesa ainda era fechada a estrangeiros das ilhas). No elenco, igualmente já figuravam o goleiro Héctor Roganti e o defensor Daniel Buglione, todos crias do clube – sendo Daniel até filho de ex-jogador quemero, Pascal Buglione.

Houseman, olhando para um lado, o branquelo Babington para o outro, Larrosa (agachado), Avallay e Basile para a câmera. À direita, o capitão Carrascosa com o curioso calção branco na frente e vermelho no verso

O time tinha ainda outros campeões de Libertadores para além dos despedidos Zubeldía e Bilardo: o plantel reunia o centroavante Roque Avallay, vencedor da edição de 1965 com o Independiente, enquanto do rival deste, o Racing vencedor de 1967, contribuiu com os defensores Alfio Basile (que declararia que “aquele Racing logrou tudo, este Huracán é mais vistoso”) e Nelson Chabay. Já o volante Francisco Russo veio do Platense, enquanto o ponta Omar Larrosa chegara em 1972 por acaso, esquecido no futebol da Guatemala (!).

Larrosa tinha um transferência já apalavrada com o Gimnasia LP, mas um repentino defeito no carro inviabilizou que dirigisse até La Plata para assinar na data marcada o contrato. Enquanto esperava o conserto, resolveu ir ao Huracán apenas para cumprimentar Menotti, seu ex-colega no Boca nos tempos de jogador do Flaco. Foi convencido por Menotti a ficar ali mesmo… e viria a ser o artilheiro do elenco campeão, além de um dos aproveitados por Menotti para a Copa de 1978 – tal como o preparador físico daquele Huracán, El Profe Ricardo Pizzarotti, o homem no canto superior direito na foto que abre essa matéria.

Houseman, Brindisi e Avallay juntos na seleção, ironicamente a maior inimiga daquele Huracán. E Basile erguido na volta olímpica

Outro campeão mundial dali a meia década foi uma das novidades quemeras para 1973: outra ponta, René Houseman. Havia vencido a terceira divisão pelo Defensores de Belgrano e em um semestre já estrearia pela Argentina, salto sem precedentes. Tal como Brindisi, El Loco também chegaria a ser o recordista de jogos pela seleção.

A outra novidade era o lateral Jorge Carrascosa, outro nome relacionado à Copa de 1978, mas por preferir ter se ausentado do mundial, descontente com o uso político – mesmo sendo àquela altura o capitão da Albiceleste (sim, foi apenas assim que Daniel Passarella assumiu a braçadeira). O esquema foi um 4-3-3 com ele e Chabay nas laterais; Basile e Buglione na zaga central; Russo como meia recuado, com Babington, pela esquerda, e Brindisi, pela direita, fazendo a ligação com o ataque do trio Larrosa-Avallay-Houseman. Trio que por vezes virou quinteto com as chegadas de Babington e Brindisi.

Brindisi em uma das seis capas do Huracán 1973 na El Gráfico; Larrosa, artilheiro do campeão, seguido por Basile; e Houseman carregado em violento clássico contra o San Lorenzo

Houseman não se atrevia só com meias arriadas: esperado como um alemão loiro, corpulento e alto, chegou como um moreno esmirrado e baixinho que surpreendia com os dribles. Como ele, Avallay e Babington também ficaram frequentes na seleção. E ela é quem seria o maior obstáculo à taça: a grande fase inicial “submeteu” regularmente os craques quemeros às eliminatórias à Copa 1974, desfalcando muitas vezes o time.

Sem três ou quatro titulares, o rendimento caiu no segundo turno, momento em que  o destaque maior ficou para o caudilho Basile, em trajetória que lembrou a do Corinthians campeão de 2017: o grande aproveitamento já obtido em um primeiro turno arrasador permitiu que o Globo fosse campeão com duas rodadas de antecipação. E isso mesmo perdendo, em casa, para o Gimnasia LP. Nada que atrapalhasse famílias inteiras (“até os cachorros”) do bairro de soltarem naquele 16 de setembro um grito de “campeão” preso havia quase meio século.

Lamentos há 50 anos, mesmo, ficaram para ausências: Avallay, Babington e Brindisi estavam no Paraguai pelas eliminatórias da Copa 1974. Mas, mesmo ali, houve comemorações de fãs na frente do hotel, tanta que o técnico da seleção, que ainda era Omar Sívori, teve que deixar os três descerem. Aquele Huracán, com Menotti, ainda iria às semifinais da Libertadores de 1974, mas perdera ímpeto com a pausa provocada pela Copa do Mundo – aliás, Perón faleceu durante esse mundial, tornando a derrocada huracanense ainda mais simbólica.

Sob outros treinadores (incluindo o brasileiro Delém) e reforçado com o volante Osvaldo Ardiles e o goleiro Héctor Baley, outros campeões de 1978, o clube ainda foi vice-campeão dos Metropolitanos de 1975 e de 1976 – ano do golpe militar que derrubou Isabelita Perón, viúva e vice do general (não, Frank e Claire Underwood não inventaram essa moda), e no qual se passaria a célebre cena do oscarizado filme O Segredo dos Seus Olhos; “aquela” que corretamente aponta o Globo como “um dos candidatos a ganhar o título”. Desmanche e envelhecimento resultaram que, desde então, na primeira divisão só viessem outros dois vices, em 1994 e aquele de 2009. Ambos com o time começando líder na rodada final para perde-la no confronto direto…

Comemorando em alto estilo o título: em 5 de dezembro de 1973, o Huracán recebeu Pelé e o Santos para amistoso de inauguração da nova iluminação noturna do palácio Ducó. Foi o último jogo que o Rei disputou na Argentina

Para não parecer que os elogios são romantismo alimentado pela nostalgia, eis abaixo relatos da época, via textos da El Gráfico sobre aquele espetacular 1º turno que praticamente garantiu a taça. Em itálico, datas. Em negrito, manchetes relativas aos resultados. Ocasionalmente, haverão alguns parênteses:

O mágico primeiro turno do campeão

4 de março: 6-1 Argentinos Jrs. A goleada do Huracán: “Foi um arranque impressionante. Com toda a potência goleadora que se vislumbra quanto a bola cruza a metade da cancha e se inicia a vertigem do contra-ataque. Com toda a capacidade de toque rápido e tiroteio que são capazes de empregar Brindisi, Avallay, Babington e Houseman. Foram seis gols no Argentinos Jrs. Para todos os gostos e em todos os estilos. Foram seis gols e poderiam ser mais. (…) Este Huracán demonstrou que quando a bola está no poder de seus atacantes, cada avanço traz metido o sabor do gol”.

Cenas da rodada inicial: um dos gols de Brindisi no 6-1 no Argentinos Jrs, para pouca plateia. A revista El Gráfico foi mais sensível: sobre o estreante Houseman, profetizou que “já é preciso ir pensando em um apelido” ao craque

9 de março: Newell’s 0-2. Huracán segue metendo gols: “O Globito mostra uma vocação inquebrável: o gol (…). Os locais foram aos vestiários com vários problemas a resolver. Todos esses problemas criava o Huracán: os movimentos de Russo bloqueando junto à linha de quatro mais o retrocesso de Babington e Brindisi, que também se juntavam atrás na espera. Mais  a incrível dinâmica de Omar Larrosa para correr gente, que lhe tapava todas as possibilidades de definir com claridade superando a zona dos três quartos de cancha. (…) O Huracán já era o dono absoluto da partida. (…) O Huracán seguia juntando. O Huracán seguia tocando. O Huracán seguia chegando. Fiel a esse futebol que já é religião. Por isso, Avallay afirmava que o Globo está para campeão”.

Parêntese político: em 11 de março, ocorreram as primeiras eleições livres na Argentina em dez anos, após período ditatorial sob os generais Juan Carlos Onganía, Roberto Levingston e Agustín Lanusse. Perón estava exilado na Europa desde o golpe de Estado sofrido em 1955. As eleições foram ganhas por Héctor Cámpora, peronista de esquerda (sim, há diversas vertentes do peronismo), gerando expectativa de anistia ao viúvo de Evita.

Duas cenas da tarde do 5-2 no Atlanta: estádio ainda vazio para o timaço e o abraço entre Brindisi e Avallay, que segundo a El Gráfico deveria poder usar “granadas de mão” contra quem o golpeava

18 de março: 5-2 Atlanta. Ao Huracán já não se pode pedir: joga, ganha e goleia: “Joga porque isso é o que pretende Menotti e porque pode. E a identificação entre o técnico e seus dirigidos já amadureceu o necessário. (…) Este Huracán que vi domingo entusiasma com um fervor contagioso. (…) Isso é futebol para todo o mundo, porque tem beleza e contundência, porque é limpo e agressivo, porque acaricia e mata… (…) Se isto do domingo se repete, aceite minha sugestão. Mesmo que você seja do Boca, do River ou do Racing, vá ver o Huracán. Vá, que não se arrependerá. E o preço do ingresso – apesar do aumento – lhe parecerá barato…”. Pudera: como visto na imagem abaixo, o público ainda não parecia convencido daquele timaço (em ironia histórica, a campanha campeã não superou a média de presença de 1954, temporada sofrível mas com repleta de antigas estrelas da seleção como reforços). Na mesma edição, a revista mencionou “a extraordinária eficácia do Huracán nas três primeiras rodadas (marcou 13 gols)”.

25 de março: Colón 1-3. Santa Fe também o comprovou: que futebol tem o Huracán!: “O Colón não representou perigo nem problema. A partir do golaço do Inglés [Babington], na cancha houve uma só equipe: o líder do campeonato. (…) Apenas passada meia hora de jogo, Guerreño e Brítez estavam advertidos por agarrar e golpear Houseman. Esses dois cartões amarelos estavam indicando uma verdade: para parar o pibe de Bajo Belgrano, os defensores colonistas deviam apelar a qualquer recurso desleal ou violento.” Na eleição de melhores momentos do mês, o Globo já apareceu como melhor time, e o melhor gol foi um de Babington nesse jogo.

Outros registros contra Atlanta e Colón, ambos mostrando um elétrico Houseman

“O líder do certame mostrou a riqueza, a harmonia e a contundência de seu jogo em toda a cancha. Não só nas zonas onde acionam SEUS CINCO ATACANTES, que é a grande conquista tática, estratégica e humana desta equipe a qual vale a pena ver e aplaudir, como aplaudiu a mesma torcida colonista. Atrás dessa linha ofensiva, há um relógio como Russo, um caudilho como Basile, um marcador como Carrascosa, um homem de ofício como Chabay e um correto goleiro como Roganti”. Em outra nota, a revista destacou “a notável campanha do Huracán”: “com seu novo triunfo e os 16 gols convertidos, o Huracán passou a ser a equipe do profissionalismo que ganhou as quatro primeiras partidas de um campeonato com maior número de gols”.

4 de abril: 5-0 Racing: “a partir dos 20’ da segunda parte, a grande festa do Huracán. O primeiro golaço de Avallay e toda a tribuna aplaudindo. E aplaudindo até o final. Quatro gols mais que não só importam a cifra, mas a qualidade de todas as jogadas prévias”. Sim: todos os cinco gols saíram a partir dos 20 do segundo tempo… em outra nota, se destaca que o Huracán nunca havia ganhado mais de cinco jogos seguidos ao começar um campeonato.

O camisa 10 era o “Inglês” Babington, titular com Carrascosa, Brindisi e Houseman na Copa 1974 (Avallay só não foi por lesão) e técnico que tirou o time da segundona em 1990 e 2000. À direita, marca sobre o Colón, deixando caído o goleiro Héctor Baley, ele próprio futuro Huracán e seleção de 1978

7 de abril: Vélez 0-1. Certeza que o Quixote era torcedor do Huracán, Sancho do Vélez…: “Que foi o Vélez? Cérebro. Cálculo. Qual foi seu argumento? Impedir. Destruir. (…) A favor dos golpes que supõem fortaleza, virilidade, está denunciando, justamente, consciência de inferioridade, pusilânime dependência. (…) No sentido prático e realista dos Sanchos, está contemplada a importância de Houseman. Que Sancho ganhou muitas vezes? Sim. Geralmente ganha. Todos os dias sucumbimos ante seu grande sentido prático e realista da vida. Mas não conquista. Não seduz. Não enamora”.

12 de abril: 3-3 Estudiantes: “Excelente desempenho do Estudiantes na primeira meia hora, concretando um 2-0 surpreendente e justificado. Depois, ao levantar Huracán pelo trabalho de Brindisi, Houseman e Larrosa, começaram as fricções. Descontou Huracán, foi expulso Medina, Estudiantes conseguiu o 3-1 mediante um penal executado três vezes, e até o final foi assédio permanente do Huracán contra uma defesa reforçada e o goleiro que fazia cera. Pôde ganhar o local por sua maior ofensiva, mas alcançado o empate, entrou no jogo do Estudiantes”.

“Certeza que o Quixote era torcedor do Huracán e Sancho, do Vélez…”, título desse golaço de Houseman. O outro registro é do fim do ano: Brindisi condecorado por Perón, que naquele 1973 voltou do exílio diretamente à presidência

22 de abril: River 1-0. Isso é futebol, senhores!: “River conseguiu seu gol mediante um penal (…) a só 120 segundos do apito final. (…) Assim caiu o invicto Huracán em Núñez. Assim se apoleirou o River no alto da tabela.(…) Fica o grande saldo de um jogaço protagonizado por duas equipes que entram no campo com a mesma filosofia futebolística: jogar, atacar, buscar gols, brindar-se generosa e invariavelmente pelo espetáculo”. O River ganhou de pênalti, o Huracán perdeu dois. Outra nota destaca o “grande respeito pela bola, pelo adversário e pelo público” dos dois times. E Avallay afirma que La Quema “está jogando igual que no ano passado. Mas agora temos um pouco mais de experiência”.

27 de abril: 2-1 All Boys. Nem Huracán na ponta, nem All Boys último: “A partir da última sexta-feira, necessito destacar outro atributo talvez mais destacado. Que esse Huracán, com essa convicção, com essa modalidade, com essa higiene para ‘tratar’ seus compromissos, contribui a gerar partidas como essa que vimos frente ao All Boys. Huracán, na ponta da tabela. All Boys, modestamente em último. E, apesar disso, foram iguais. Porque este Huracán carece de armadilhas. (…) Sai a jogar e nada mais que a jogar. Sai a ganhar e nada mais que a ganhar. E, então, convida, estimula o rival que jogue. (…) Não há colisões, não se veem fricções. Não se contabilizam interrupções. Isso elogiamos às duas equipes”. Outra nota destaca que o líder só vem vendendo menos ingressos que os gigantes Boca e River. O gol de Houseman contra o Vélez e a derrota para o River são eleitos o melhor do mês.

E dá-lhe Houseman: aqui, no 5-0 dentro de Rosario sobre o Central – justamente o outro campeão argentino de 1973 (no Torneio Nacional)

6 de maio: Rosario Central 0-5. Huracán passeou por Rosario. Paravam para vê-lo…: “Ali dentro havia uma equipe jogando futebol. Ali dentro havia um loco que quer divertir-se e divertir aos que estão fora. Quem é esse cara? De onde saiu esse atrevido que se burla de todos os que nos sentimos sensatos? Sabe quem é? René Houseman. Um pibe que apareceu no Huracán em apenas, apenas onze rodadas (…). Leva onze rodadas e já o identificamos todos. Porém, ocorre que não podemos defini-lo ninguém”.

“Vi uma grande equipe. A tal ponto que me custa determinar se o Central produziu uma baixa atuação. Porque está é a conclusão mais comum. Foi superado. Imensamente superado por um grupo de onze jogadores que sempre controlaram a partida. Que sempre foram os únicos proprietários de tudo. Do ritmo, da pausa, da surpresa. Do aspecto defensivo. Do aspecto ofensivo. E por último, dos gols. Dos cinco gols que deviam ou podiam ser mais”. Outra nota destaca o Huracán como o time mais goleador das 10 primeiras rodadas dos últimos 35 anos.

Quando o Huracán de 1973 foi criticado por ganhar “só por dois gols de diferença”, contra o Chacarita

13 de maio: 2-0 Chacarita. Tratando-se do Huracán, pode-se dizer isto: ganhou só por dois gols de diferença: “Dois a zero. E sem jogar bem. Tratando-se do Huracán, é quase um fracasso. Que mal se acostuma a gente!”. Outra nota atesta que, após início promissor, o Globo foi freado pelo visitante. “No segundo tempo, diminuiu a produção da maioria dos protagonistas e as expulsões completaram um espetáculo muito pobre”. Os dois expulsos eram do Chacarita.

20 de maio: Independiente 1-2. Ao Huracán lhe bastaram duas explosões: “Ao Huracán, agora, se lhe exige que ganhe sempre por seis gols e com baile. E isso não se pode dar sempre”, reclamou Menotti. O jogo mal começou e em 12 minutos o Huracán já ganhava por 2-0, com destaque para um de Brindisi logo no início em que “a bola correu 80 metros, passou pelos pés de vários jogadores do Huracán sem que nenhum do Independiente a tocasse e a jogada finalizou com a mesma clareza que arrancou desde o fundo”. Mas o rival (a escalar uma equipe basicamente reserva, pois dali a dois dias jogaria a partida de ida das finais da Libertadores) equilibrou depois, com destaque para uma promessa que dali a uns meses se tornaria herói no Mundial Interclubes, o primeira do Rojo: “esse pibe [Ricardo] Bochini foi quem mais nos complicou. Não podíamos tirar-lhe a bola (…). É um jogadoraço”, afirmou Babington.

Parêntese político: em 25 de maio, o eleito Héctor Cámpora tomou posse como presidente argentino.

Visita ao Independiente rendeu a foto mais conhecida daquele Huracán: Buglione, Chabay, Russo, Basile, Roganti e Carrascosa; Houseman, Brindisi, Avallay, Babington e Larrosa – quase a mesma ordem da foto contra o Atlanta, exceto pelo goleiro (aqui, em pé)

27 de maio: 5-2 Ferro Carril Oeste. Parque de los Patricios: Palácio do Gol: Huracán abriu o placar, Ferro terminou o 1º tempo virando para 2-1. Mas “ao Ferro se podia pedir a façanha de virar aquele 1-0 do começo, mas não se pode pedir o milagre de modificar este 4-2 em 20 minutos. (…) Apenas um tempo. E alcançou para golear. (…) Quatro gols, um penal errado e o pé levantado do acelerador porque já não fazia falta. Parque de los Patricios, em sua hora mais gloriosa, tem algo mais que a satisfação de ter o cômodo líder do Metro. Tem a alegria de saber que os triunfos não saem de uma complicada máquina de fazer resultados. Parque de los Patricios, templo do toque, a habilidade e o atrevimento. Parque de los Patricios – hoje – palácio do gol”. Em outra nota, novamente o Huracán está entre os melhores do mês, no quesito jogo, contra o Rosario Central, e gol, de Brindisi contra o Independiente.

1 de junho: Gimnasia LP 2-2. A revolução do Huracán já está no povo: “para quem se guia pelos resultados, este empate não supõe um descenso na revolução ganhadora do Huracán. A revolução segue em marcha… E, a despeito do resultado, (…) foi a equipe com maior hierarquia e com maior clareza desde a saída até a chegada”.

Outro registro contra o Independiente: golaço de Houseman no ângulo para o 2-0, depois descontado pelo time da casa – campeão mundial dali a uns meses!

10 de junho: 2-2 San Lorenzo. Até que o San Lorenzo se lembrou de jogar futebol, tudo era do Huracán: “o que fez o San Lorenzo durante o primeiro tempo foi lamentável como expressão de futebol e de conduta. O cartão vermelho que expulsou Glaria chegou com bastante demora, quando Avallay e Houseman haviam sido reiteradamente golpeados por defensores do San Lorenzo que confiavam em sua total impunidade. Logo quando viram que não gozavam de ‘imunidades especiais’, os jogadores visitantes se dedicaram à sua missão específica de jogar com a bola e não com o físico de seus rivais. Os jogadores do San Lorenzo demonstraram que sabem jogar muito bem sem necessidade de apelar sistematicamente à intimidação e violência”.

“O Huracán não participou nunca do jogo sujo, nem ainda como represália, e, se decaiu na segunda etapa, não foi por falta de virilidade ou excesso de suavidade, mas porque é uma equipe invariavelmente honesta. Se os juízes não defendem as equipes que jogam lealmente das agressões perpetradas por adversários que se sentem ‘mais machos’ porque os amparam arbitragens contemplativas, seguiremos sem ter futebol ofensivo nem atacantes com gol na República Argentina”.

Outra visita a Avellaneda, contra o Racing: 0-0 no returno para um time que já estocava a gordura acumulada

“Alguma vez, disse Borocotó [longevo cronista dos anos 30 aos 60 na El Gráfico]: ‘Bernabé [Ferreyra, atacante que popularizou o River] tinha direito a entrar na cancha com um revólver para defender-se dos que o golpeiam’. Hoje, pensamos que o bom Roque [Avallay] tem o mesmo direito, mas com uma granada de mão (…). Quanto ao pibe Houseman, é dos que reagem e não faltará o árbitro que um dia o expulse por protestar ou devolver um golpe. Mas terá sido ‘em legítima defesa’. (…) Poderia reprovar-se o Huracán sua excessiva parcimônia, sua quase irritante falta de agressividade para arrematar seu adversário estando com um homem mais (…). Mas o Huracán chegou onde chegou com essa modalidade. (…) Perdeu um ponto por guardar fidelidade à sua linha de conduta. E o aplaudimos.”

A parte mais penosa rumo ao título – dentro e longe do gramado

Parêntese político: em 20 de junho, Perón, anistiado, retornou do exílio. Foi recepcionado pelo presidente Héctor Cámpora e por milhões de simpatizantes no Aeroporto Internacional de Ezeiza. Mas a ocasião terminaria em tragédia: franco-atiradores alvejaram a multidão, matando treze e ferindo cerca de 360 pessoas, no que ficou conhecido como “Massacre de Ezeiza”. A rodada seguinte, a última do primeiro turno, registraria a pior partida do campeão.

Camisa 10, Babington celebra em La Plata sobre o Estudiantes (1-0). À direita, o time misto que usou a reserva azul para receber o River: os quatro primeiros agachados são Tello, Leone, Del Valle e Quiroga. Os demais seguem a ordem da foto contra o Independiente

24 de junho: Boca 4-1. “Huracán com seu argumento habitual de bola mais tocada e a busca da tabela. Boca com maior potência para desequilibrar na bola posta ao vazio e na velocidade de surpreender no contra-ataque. (…) Assim se fez um trâmite de grande mobilidade e ritmo no que o Boca voltou a demonstrar sua enorme riqueza para chegar ao gol ainda nos momentos em que o Huracán era superior. Na segunda parte, legitimou sua condição de ganhador inquestionável”. No primeiro tempo, 1-1. No segundo, o Boca conseguiu dois gols em quatro minutos, a partir dos 26 disputados.

Parêntese político: em 12 de julho, o presidente Héctor Cámpora e seu vice renunciaram a seus cargos, a fim de promoverem novas eleições, nas quais Perón poderia competir. Isso semanas após o vizinho Uruguai, até então um oásis histórico de estabilidade democrática, sofrer golpe de Estado em 27 de junho, deflagrado pelo próprio presidente civil Juan María Bordaberry.

Basile puxando o elenco para a tarde do título e, ao fim, carregado mesmo após a derrota

A partir dali, os resultados foram 2-1 no Argentinos Jrs (fora), 3-2 no Newell’s (casa), 1-0 no Colón (casa), 1-0 no Atlanta (fora), 0-0 Racing (fora), 1-0 no Vélez (casa) e no Estudiantes (fora). Aquele ímpeto arrasador acabara, mas houve aí uma série que incluiu cinco jogos sem sofrer gols: “o time de Menotti, sem ser defensivo, (…) sabe diminuir espaços para quitar projeção ao adversário”, escreveu-se na revista. Também que “computando as primeiras 23 partidas jogadas em todos os campeonatos do profissionalismo, a vantagem que logrou o Huracán é a mais ampla obtida por um líder”. Era de 7 pontos.

O líder, de fato, havia somado 33 pontos em 40 disputados. “Por algo sua torcida cantou tão alegremente durante toda a partida de domingo e produz essas arrecadações que tranquilizam o tesoureiro huracanense. (…) O único medo lógico (…) é que Sívori pense um momento e leve o Inglés [Babington] à Seleção. E a verdade é que tinha que estar, não?”, escreveu-se contra o Atlanta.

Mais cenas da comoção pós-título: à direita, o técnico Menotti carregado pela torcida campeã

Em 12 de agosto, derrota para o River, 1-0 em casa. Só ele venceu duas vezes o campeão e naquele momento ficou 4 pontos atrás, na vice-liderança. “O grande ciclo do Huracán começou em 30 de agosto de 1972, quando ganhou do Boca (5-1) em Parque Patricios pelo Metropolitano. A partir de então, (…) jogou em seu campo 21 partidas dos quais ganhou 14, empatou 5 e só perdeu 2”, incluindo esta. Dali, nova série invicta que só acabaria, ironicamente, no dia do título: 2-0 no All Boys (fora), 1-1 contra o Rosario (casa), 0-0 contra o Chacarita (fora), 1-0 no Independiente (casa) e 0-0 contra o Ferro (fora).

A duas rodadas do título, já se especulava Que lindo que vai ser! no relato da vitória sobre o Independiente (o gol foi de Houseman, que, curiosamente, só ali marcou pela primeira vez no estádio do clube): “dizem que ainda não é campeão. Isso deve ser pela tabela. (…) Nada mais que isso… porque eu penso que o que se viveu no domingo em Parque de los Patricios era um festejo definitivo. Como para pedir um violão e um bandoneón no lugar de uma máquina de escrever e conta-lo (…). O campeão da América segue rezando na cúspide de seus brasões. Mas apenas pode servir como consolo. Não há nada que fazer. (…) Agora vivemos a era do Huracán…”.

A pichação “Globo Campeón 73” no portão do estádio rival, vetado para o clássico pós-título, e mais festa dos campeões

A conquista foi selada em 16 de setembro. Data na qual cabe os últimos parênteses políticos: exatamente uma semana depois, no dia 23, ocorreriam as novas eleições argentinas de 1973, com Perón vitorioso por 62% dos votos (ele, já em dezembro, condecoraria Brindisi por este recusar-se a ir ao futebol europeu); em contraste, o dia 16 foi também a data provável do assassinato do músico de protesto Víctor Jara pelas forças armadas do Chile, que cinco dias antes haviam derrubado o presidente Salvador Allende (no dia 23, inclusive, foi a vez de falecer o escritor Pablo Neruda, cujo câncer avançado não eliminou circunstâncias suspeitas).

Voltando ao futebol, a derrota em casa para o Gimnasia (2-1) não impediu uma festiva invasão de campo a três minutos do final, com a notícia de que o Boca, àquela altura o único outro time ainda com chances de taça, perdia pelo mesmo placar para o Vélez. Vale mencionar a curiosidade de que, tal como em 1972, a rodada seguinte à definição matemática do título seria justamente o clássico entre Huracán e San Lorenzo, com o campeão sendo o visitante. Mas se um ano antes um Globo sob jejum permitira até volta olímpica do vizinho em pleno Ducó antes do duelo, para 1973 os azulgranas não retribuíram com alguma hospedagem no Gasómetro à festa quemera…

Volta olímpica no estádio do Vélez antes do clássico com o San Lorenzo e mais do amistoso contra Pelé (à direita, com Avallay)

O time do Papa (vencedor por 1-0 sobre uma escalação com seis reservas) preferiu alugar o estádio do Vélez para receber o elenco que liderou, junto com a célebre La Máquina do River dos anos 40, uma enquete de 1999 do Olé para melhor time que o futebol argentino já teria visto. Oponente final, o Boca (2-2) sim foi cavalheiro, apesar de ter sido o vice-campeão: antes da festiva rodada final, no palácio Ducó, abriu alas com palmas, sorrisos e cumprimentos aos vencedores. O título do editorial seguinte à conquista redigido pela revista El Gráfico já sintetizava mesmo tudo: Huracán: o campeão que todos devemos aplaudir.

Abaixo, clipe que contém filmagens coloridas dos festejos na última rodada, com o vice-campeão Boca perfilado aplaudindo os campeões. A música, a desencanada “Abran Cancha”, tem letra também pertinente, começando com “abram alas, que viemos os zé ninguém”, passando por “odiamos a palavra vencedor” e “jogamos como nunca e perdemos como sempre” e terminando com “benditos sejam os Robin, os Sancho Pança, que souberam que esta vida é tão mais bonita quando não se vive para ser um número 1”.

Dedicado a Tiago de Melo Gomes.

Festa dos 45 anos, em 2018, daqueles que “não inventaram este jogo, o tornaram bonito”. Menotti, à direita, segura a bola

https://twitter.com/CAHuracan/status/1703031088921075765

https://twitter.com/HuracanRetro/status/1041168937558454274

 

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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