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No Independiente, dirigentes e torcedores não falam a mesma língua

O Independiente, clube com maior quantidade de Copas Libertadores em sua sala de troféus (ao todo são 7, conquistadas nos anos de 1964, 65, 72, 73, 74, 75 e 84), vive dias de contradição.

Na última quinta-feira o presidente do clube, Julio Comparada, esteve no programa televisivo Estúdio Fútbol e disse que, sob o seu comando, o clube cresceu institucionalmente, chegaram jogadores de nível e que a diretoria se sentia respaldada pela exigente torcida. Mas bastaram apenas quatro dias e uma nova derrota, agora no clássico diante do River Plate, para que o torcedor comum do clube se mostrasse contrariado aos recentes discursos do presidente e do manager, César Luís Menotti. E o acontecimento escancarou mais uma mazela do clube: a relação mafiosa entre os dirigentes e a barra-brava do clube, “La Barra del Rojo”.

Ao passo em que os torcedores comuns direcionavam suas canções para a comissão diretiva (“Menotti hijo de puta, la puta que te parió” e “El rojo va salir campeon, el dia que vayan todos los hijos de puta de la comisión”), a barra-brava tratou logo de aumentar os decibéis do tradicional “dale, rojo”.

Nesta segunda-feira os protestos dos torcedores que realmente pagam seus ingressos não puderam ser ignorados pelos dirigentes. Menotti deu uma entrevista coletiva dizendo que os torcedores se esqueceram de como se encontrava o clube quando ele chegou, além de sair em defesa do treinador Daniel Garnero, que teve que escutar a ovação que seus torcedores fizeram ao antigo técnico e desafeto de Menotti, Américo Gallego.

“Peço memória. Fiz o possível para que o Independiente tenha um plantel organizado, quando cheguei era um desastre”, afirma Menotti, campeão do mundo com a Argentina dos militares em 1978. “Não tenho dúvidas de que Garnero e Rotchen(auxiliar técnico) eram as melhores opções. São trabalhadores, estudiosos e conhecem o clube. Quando o (Josep) Guardiola assumiu o Barcelona perdeu as três primeiras e agora é Deus. Temos que ser prudentes”.

O fato é que hoje o clube passa por sua maior crise gerencial, com cerca de U$200 milhões de dívidas, o que o fez bater o recorde nada glorioso de U$150 milhões de passivos que ostentava o River Plate na administração do presidente José Maria Aguilar. Outro fato lamentável de gerenciamento é o caso dos mais de 200 cheques que voltaram ao clube por falta de crédito.

Além disso, a equipe mais popular e vitoriosa de Avellaneda teve o místico estádio Doble Visera demolido e está com

a construção do novo incompleto, embora já o tenha sido inaugurado para acalmar os ânimos da torcida. Os jogadores de nível são atletas que nunca conquistaram nenhum título expressivo, como é o caso de Cristian Pellerano, que não teve vida longa nem mesmo no maior rival do clube, o Racing Club. E, para completar, o respaldo do presidente é uma centena de torcedores que nada tem a oferecer ao clube, exceto sua capacidade de “gerenciamento” da arquibancada.

Dias de contradição

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