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B Nacional: River Plate tropeça no Almirante Brown, em Isidro Casanova

Sem criatividade e nervoso em campo, River apenas empata com Almirante Brown

Em duelo marcado pela tentativa do conjunto local de explorar a instabilidade psicológica de seu rival, o Almirante Brown recebeu o River em Isidro Casanova para uma boa partida no Fragata Presidente Sarmiento. O empate em 1×1 foi justo para o que fizeram as duas equipes; o River, melhor no começo e no final; o Mirasol, do momento em que levou o gol, aos 13 minutos, até os 24 do segundo tempo. No Mirasol, quem mandou foi Garcia, também o melhor do cotejo disparado. No River, prejudicado pela saída prematura de “Chori” Domínguez, os destaques foram Villalba e Vella. O Almirante Brown pareceu a mesma equipe equilibrada de sempre. O River pareceu ser o mesmo time premiado pelas presenças de dois jogadores no seu elenco: “el Torito” Cavenaghi e “el Chori” Domínguez. Só.

A primeira chegada perigosa do Mirassol, logo no primeiro minuto de jogo, deu a impressão de que o conjunto local sairia com tudo para abrir o placar. Falsa impressão. Logo o River se colocou na condição de protagonista. Decorridos 11 minutos e o Millionario já havia chegado por três vezes ao arco de Monasterio. Dois minutos depois, saiu o gol dos visitantes, com Cavenaghi. O Torito recebeu uma assistência magistral de Domínguez e, diante da saída, talvez precipitada de Monasterio, colocou a pelota com categoria por cima para abrir o marcador.

O gol foi resultado de duas coisas: da tranquilidade excessiva do Mirassol e da gana millionaria de mostrar garras ainda mais afiadas na retomada da B Nacional. Do fato resultava que a vitória seria fácil para o visitante. Do fato resultou, contudo, uma reação em tempo do conjunto local, que percebeu que sua estratégia de desgastar psicologicamente o rival era inútil. O duelo ficou igual; equilibrado e marcado pela forte disposição dos dois elencos dentro da cancha. Além disso, sinalizava algo: que quem chegaria ao gol seria aquele que se aproveitasse melhor dos detalhes oportunos que todo duelo oferece. E quem se aproveitou primeiro foi o conjunto comandado pelo ótimo técnico Blas Giunta.

Aos 25 minutos, após cobrança de falta da direita, e de um bate-rebate dentro da área de Vega, Diego Cisterna apareceu para decretar o empate: 1×1.

Após o gol do Mirassol, o River pareceu dominado pelos nervos e, pouco a pouco, começou a ser dominado pelo rival. O gol poderia sair para um ou para outro, e ambos os conjuntos tiveram chances reais para isso. Porém, Almeyda torcia para que o cotejo fosse logo para o intervalo. Isto porque a possibilidade do Mirasol chegar ao segundo gol era grande e, se isto ocorresse, seus planos para o cotejo iriam para o lixo. E terminou o primeiro tempo com o empate em 1×1.

Na segunda etapa, o Mirasol continuou ligeiramente melhor. Uma explicação era o fato de que seus planos iniciais de atingir o estado psicológico do River funcionavam. Outra possível explicação pode estar ligada a uma alteração sem nenhum sentido no visitante: o técnico Almeyda tirou Domínguez sem nenhuma explicação lógica. O rendimento do time caiu no meio-de-campo. A equipe perdeu seu equilíbrio e ficou refém do aproveitamento de possíveis erros de seu atento rival.

Se o River era tomado pelos nervos, suas jovens promessas pareciam as principais vítimas. Cirigliano poderia ter saído no lugar de “el Chori”, por “bondade” do árbitro Carlos Maglio, não saiu também aos 18, após falta grave em Maraschi. Cirigliano já tinha o cartão amarelo, assim como Funes Mori e Maidana. O erro de Almeyda foi parcialmente compensado aos 24 minutos com o ingresso de Villalba no lugar de outro “nervosinho”, Lucas Ocampos. O time melhorou, e prova disso foi a bola que Funes Mori, aos 29, mandou no travessão de Monasterio. O jovem atleta era o mais odiado pelos torcedores no jogo. Justamente ele quase fez o gol que levaria o River a uma importante vitória. Nos últimos minutos, Vella quase fez seu segundo gol na partida, mas seu chute pareceu precipitado e saiu desviado para fora.

O domínio das ações, por parte do River, parecia importunar pouco o Mirasol, claramente satisfeito com o resultado e muito tranquilo em campo. E Ficou nisso. Um empate que ainda não será suficiente para tirar o River da zona do ascenso direto, embora aumente em muito a pressão sobre a equipe. Na próxima rodada, o Mirasol vai a Mendoza se deparar com o irregular Independiente Rivadávia; enquanto o Millinario fará o clássico bonaerense contra o Chacarita, clube que tem no seu comando um estudioso do “modo-River-de-agir”, Felipe De la Riva, treinador do Deportivo Merlo, à época em que o Charro se deparou com o River, na cancha do Indepediente.

Formações

Almirante Brown: César Monasterio; Federico León, Hernán Ortíz, Jesús Nievas, Ezequiel Garré; Iván Centurión ( Maraschi), Sergio Meza Sánchez, Daniel Olmedo, Diego Cisterna (Mauro Marrone); José Luís García; e Daniel Veja (Diego Ceballos). Técnico: Blas Giunta.

River Plate: Daniel Vega; Luciano Vella, Jonatan Maidana, Ramiro Funes Mori, Juan Manuel Díaz; Leonardo Ponzio, Ezequiel Cirigliano, Lucas Ocampos (Daniel Villalva); Alejandro Domínguez (Andrés Ríos); Fernando Cavenaghi e Funes Mori (Gustavo Bou). Técnico: Matías Almeyda.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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