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Resumo da B Nacional, com destaque para o triunfo do líder Instituto sobre Defensa y Justicia

Paulo Dybala abraça Lagos, quem lhe assistiu para mais um gol na B Nacional

A 27ª rodada da B Nacional revelou dois cenários distintos. Na parte de baixo da tabela prevaleceram partidas com baixo nível técnico, casos de Independiente Rivadávia com o Atlético Tucumán, Atlanta com Gimnasia e Gimnasia Jujuy com o Desamparados de San Juán. Exceção ao caso foi a belíssima vitória do Brown Madryn sobre o Chacarita por 5×2. Já no meio e na parte de cima da tabela ocorreram jogos bem interessantes. Casos de River com Ferro Carril, Boca Unidos com o Patronato de Paraná (uma senhora partida) e o embate entre o líder Instituto e o ótimo Defensa y Justicia. Fato é que o River ganhou e manteve-se firme na briga pelo acesso direto; fato é que o Rosário Central deu uma ajudinha com uma péssima performance diante do Almirante Brown. Contudo, o Quilmes fez um jogaço contra o Aldosivi e continua no retrovisor do Millonario. Porém, aparentemente distante dessa boa briga tem apenas um time, o Instituto de Córdoba, equipe que parece alheia ao campeonato dos outros, já que se importa apenas com o seu próprio campeonato, aquele que se resume em ganhar ou não ganhar o título da atual edição B Nacional. Vejamos os jogos.

Instituto 2×1 Defensa y Justicia

Como era de se esperar, já no início do duelo o instituto foi com todo o vigor para cima do Defensa. Nos primeiros instantes, o visitante teve dificuldades para marcar o rápido meio-de-campo e ataque de “La Glória”. Assim que o conjunto local chegou bem logo aos cinco minutos. Após bela jogada ensaiada, Damiani cabeceou de fora da área para a ótima intervenção de Perafán.

A pressão era forte, embora menos em quantidade de jogadas do que em qualidade. Assim que logo aos 18 minutos, Lagos carregou pela esquerda e cruzou “com as mãos” na cabeça de Paulo Dybala. 1×0 Instituto.

A pressão ocorria a partir do meio-de-campo. E foi ali que o elenco do Defensa resolveu bloquear o futebol articulado do rival. A marcação se fortaleceu no setor e a pelota chegava antes nos pés dos visitantes que no domínio dos habilidosos atletas de “La Glória”. A partir disso, o Defensa mandou na partida até o fim do primeiro tempo. E como o Defensa parecia estar atuando em Florencio Varela, o Instituto simplesmente passou a jogar no contragolpe.

Na segunda etapa, o Instituto tentou implementar o mesmo jogo de abafa. Contudo, foi logo pressionado pelo meio-de-campo do Defensa a descartar seu jogo total no campo de ataque. Restou a “La Glória” se valer dos contragolpes ou da construção de jogadas mais cerebrais que partissem das individualidades cordobesas. Por outro lado, a pressão do visitante parecia aumentar, mas a equipe perdeu Velázquez, expulso por receber o segundo cartão amarelo.

Disto resultou que o duelo ficou ainda mais aberto. Longe de se plantar no campo de defesa e ter uma derrota mínima, o Defensa foi para o campo de ataque, se importando pouco com um eventual terceiro gol do instituto. A aposta deu certo aos 24 minutos com o artilheiro Victor Píriz Alvez, artilheiro da B, juntamente com Castillejos, Cavenaghi e Dybala.

Após contusão, e recuperação física posterior, o cerebral Carlos Rearte entrou em campo para reforçar o conjunto visitante. O fato foi suficiente para Darío Franco sair do banco e dar orientação para Sills. Contudo, o jogo não contou com a participação decisiva de Rearte para continuar aberto e imprevisível. O Defensa chegou a ter uma ou outra chance de marcar. O Instituto também. Eis que apareceu o futebol mesclado de boas individualidades com ótimo jogo coletivo. Do resultado disso, Gagliardi se aproveitou de rápido contragolpe e de cabeça fez o gol da vitória de “La Glória”.

Pouco depois, Rearte ainda teve a chance de empatar com uma bola parada que foi para a torcida. O ataque local ainda teve a chance de ampliar com Fileppi diante do bom arqueiro Perafán. Mas ficou mesmo no 2×1 para o Instituto. Um triunfo com cara de título, já que foi conquistado sobre um dos mais duros times da B Nacional, o Defensa y Justicia de Florencio Varela. Na próxima rodada, o Instituto será visitante do Gimnasia, no Bosque, enquanto o Defensa será local para o outro Gimnasia, o de Jujuy.

Formações

Instituto: Julio Chiarini; Raúl Damiani, Osvaldo Barsottini, Juan Ignacio Sills; Alejandro Gagliardi, Ezequiel Videla, Leandro Coronel (López Macri), Franco Canever; Hernán Encina (Claudio Fileppi), Paulo Dybala (Lucas Bustos) e Diego Lagos. Técnico: Darío Franco.
Defensa y Justicia: Martín Perafán; Pablo Aguilar, Julio Ferrón, Franco Lazzaroni, Sergio Velázquez; Facundo Sánchez, Luis Jérez Silva (Néstor Martirena), Matías Díaz, Luis Bustamante (Marcelo Benítez); Fabián Castillo (Carlos Rearte) e Víctor Piriz Alves. Técnico: Ricardo Rodríguez.

Outros Resultados Da B Nacional

Leandro Díaz comemora o quarto gol do Quilmes, o segundo dele na partida

Quilmes 4×1 Aldosivi de Mar del Plata

Foi um show os primeiros 25 minutos de partida do Quilmes diante do bom time do Aldosivi. Não se tratou de um abafa comum, do tipo daqueles de que estamos acostumados. Isto porque a ótima condição técnica do Cervecero respingava em cada chegada ao ataque. E não tinha como o Aldosivi fazer alguma coisa. Tentou responder da melhor maneira possível: tocando a bola, saindo da defesa sem rifar a pelota para o meio; tentando a compactação para o passe tranquilo e eficaz. Nada disso adiantou frente à qualidade do futebol apresentado pelo Quilmes.

E se este futebol era o ponto alto da equipe, ele se materializava no toque refinadíssimo de bola. Em um meio-de-campo habilidoso e veloz. Além disso, esse ataque se valia da antecipação e do toque quase no escuro para um companheiro que, ninguém sabia de onde, aparecia para pegar a pelota no costado da zaga. Em uma palavra: assombroso.

Assim foi que logo aos 10 minutos, o meia Caneo chegou cobrou uma falta com perfeição e colocou a pelota no ângulo de Campodonico. Apenas um minuto depois e Leandro Díza apareceu para guardar o segundo. Sem que o Tiburón pudesse descansar, Cauteruccio, aos 21, guardou o terceiro tento no arco do bom porteiro visitante.

Foi então que o Quilmes tirou o pé. Tentou praticar um tipo de jogo que não gerasse tantos desgastes. Fato é que o duelo já estava resolvido. Fato é que o Aldosivi não parecia capaz de assustar o Cervecero. Mas, ainda assim, foi o conjunto dirigido por Caruso Lombardi quem mandou no embate.

Assim que aos 11 minutos do segundo tempo, novamente Lenadro Díaz apareceu para fazer o quarto gol. Nahuel Roselli ainda descontou para o Aldosivi aos 15 minutos. Mas o Quilmes queria pouco já com o campo de ataque. Pensava já no confronto da próxima rodada. E fez bem. Com o resultado, o Quilmes manteve-se a três pontos do River Plate, segundo colocado. Mais que isso, voltou a ocupar a terceira posição da B Nacional. Na próxima rodada, o Aldosivi será local diante do Deportivo Merlo, enquanto o Quilmes vai a Tucumán se deparar com o Atlético local, equipe atualmente de meio de tabela.

Formações
Quilmes: Emanuel Trípodi; Joel Carli, Sebastián Martínez, Ariel Agüero, Claudio Corvalán (Sebastián Romero); Leandro Díaz, Lucas Rimoldi, Jacobo Mansilla; Miguel Caneo; Martín Cauteruccio (Javier Grbec) e Martín Giménez (Nicolás Giménez). Técnico: Ricardo Caruso Lombardi.
Aldosivi: Pablo Campodónico; Nahuel Roselli, Iván Furios (Ricardo Villalba), Darío Cajaravilla, Walter Zunino; Marcelo Veja (Mauricio Carrasco), Jonathan Blanco, Jonathan Galván (Mariano Herrón), Ignacio Malcorra; Jorge Piñero Da Silva e Matías Gigli. Técnico: Fernando Quiroz.

Guillermo Brown 5×2 Chacarita Juniors

Em Puerto Madryn, o Guillermo Brown não tomou conhecimento da péssima equipe do Chacarita Juniors. Fez 5×2 e poderia ter feito muito mais. Fato é que o Brown não tem realizado boa campanha de adaptação à B Nacional. Contudo, vale dizer que uma série de esforços tem sido feita em Puerto Madryn para atenuar o problema. Porém, também é certo que ter o Funebrero como rival não quer dizer muita coisa.

E o mais curioso é que embora “La Banda” tenha pressionado bem na primeira etapa fez apenas um gol. Com Diego Giménez, aos 11 minutos. Os demais ocorreram na etapa complementar. Aos sete, Hernán Zanni guardou o segundo e recordou ao Chaca que ele é um time desesperado. O desespero bateu e só facilitou as coisas para “La Banda” de Chubut. Três minutos depois, Klusener ampliou. Como o desespero nem sempre resulta em tragédia, o Chaca fez aos 20 com Jorge Píris. Para mostrar que o gol foi apenas um acidente, Juan Manuel Tévez, aos 39 fez o quarto. Materializando o desespero como uma tática de jogo, o Chaca chegou ao segundo gol aos 45 com Tellas. Foi então que antes do apito final do árbitro Maxi Stevenot o Brown resolveu colocar o Chaca em seu devido lugar. Fez o quinto gol com Klusener e colocou mais uma pá de cal na sepultura do pobre Chacarita Juniors.

Gimnasia Jujuy 1×0 Sportivo Desamparados

Em duelo-chave para se manter na Categoria, Gimnasia Jujuy e Sportivo Desamparados duelaram em “La Tacita de Plata” em verdadeira final dos “promédios”.

E as expectatuvas para o duelo foram completamente preenchidas. Um péssimo embate entre dois conjuntos que têm mais a cara de alguns times de outras divisões do acesso do que dos principais times da B Nacional. Duelo duro, feio e disputado de maneira severa, sobretudo, no meio-de-campo. Não que neste setor tenha havido futebol. O que sobrou foram as disputas ríspidas de ambas equipes. Em termos de criação o jogo foi bola para lá e bola para cá. A maioria delas só chegava à área rival através da ligação direta ou das jogadas de bola parada. No fim prevaleceu quem tentou jogar um pouco mais. Aos 46 minutos do segundo tempo o Lobo jujeño fez 1×0 com um gol de Sebastián Díaz. Um resultado que não coloca sob o tapete o péssimo futebol que têm jogado as duas equipes.

Boca Unidos 1×0 Patronato de Paraná

Nunca foi fácil para o Boca Unidos enfrentar o Patronato de Paraná. As duas equipes protagonizam o chamado clássico da Mesopotâmia. E é sempre duro para que uma equipe vença a outra. Como local em Corrientes, o Boca Unidos recebeu o Patrón e realizou uma bela partida. Como o visitante fez o mesmo, o cotejo foi dos melhores da rodada da B Nacional. Talvez o melhor.

Com uma bela performance de Daniel Ferreria, Cristián Núñez e Lagrutta, o conjunto correntino mandou no encontro e alugou o setor direito de seu ataque para golpear impiedosamente o Patronato.

Por sua vez, o Patrón se armava em seu campo de defesa e esperava cuidadosamente pelos erros dos correntinos. Quando podia, golpeava nos raros momentos e também nas bolas paradas. Não conseguia levar muito perigo ao arco local, defendido por Gastón Sessa. Mas, longe de chegar ao gol, o que desejava o Patrón era não levar um. Tanto foi assim que segurou o rival por 58 minutos. Aos 13 do segundo tempo finalmente Patrício Pérez guardou para o Boca Unidos e acabou com a festa do Patrón.

O gol foi o filho único da vitória. Gol que disse pouco sobre o que foi a bela partida em Corrientes. No fim, prevaleceu a categoria de um time que poderia está perfeitamente na disputa pelo acesso. No entanto, fica o lembrete para os desavisados da B Nacional. Não somente o Boca Unidos é um difícil rival a ser batido; o Patronato também é, apesar de sua curiosa e irregular campanha até aqui na competição.

Atlanta 0x0 Gimnasia LP

A rodada da B Nacional começou ainda na sexta com um cotejo de baixo nível técnico. Em Villa Crespo, o Bohemio recebeu o Gimnasia mais preocupado com o descenso direto do que com quaisquer outras coisas. Já o Lobo, procurava vencer para seguir sonhando com o acesso direto ou um lugar na “promoción” com o futebol de elite.

O primeiro tempo foi todo do Gimnasia e o segundo do Atlanta. Só que isto não quis dizer absolutamente nada já que nenhuma equipe jogou bem. Na primeira etapa, o Lobo chegou duas vezes com chance de fazer o gol. No segundo, ao menos Abel Soriano obrigou o porteiro Monetti a uma defesa incrível e que salvou o Lobo de uma derrota de certa forma vexatória, já que uma das equipes se credencia como postulante ao acesso, enquanto outra luta somente para manter-se na B Nacional.

Independiente Rivadávia 0x0 Atlético de Tucumán

O resultado de zero foi o retrato de mais uma partida muito ruim da B Nacional. O conjunto local chegou a oito partidas sem uma única vitória. Já corre sérios riscos de rebaixamento, pois está acima somente do Brwon Madryn, equipe que parece bem mais credenciada para permanecer na B Nacional do que a Lepra de Rivadávia.

Por outro lado, o Tucumán parece uma equipe perdida no meio da tabela e sem saber para onde ir. Não demonstra condição de chegar nos primeiros colocados, mas, por outro lado, tem o conforto de se preocupar pouco com o descenso, já que seus rivais da parte de baixo da tabela ainda estão muito distantes do Decano em termos de futebol. No jogo em si não deu para aproveitar absolutamente nada. Foi uma partida sonolenta e com pouca criatividade. O resultado foi justo

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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