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O inferno dos promedios

Romagnoli foi outro que criticou os promedios

Desde Buenos Aires – Há certo tempo o extenuante debate sobre a nova fórmula de disputa do campeonato argentino está dominando tudo o que acontece nos corredores da AFA. Na última terça-feira Grondona teve sua proposta aprovada: torneios curtos com um campeão a longo prazo. E mais, acabou com a promoción, mas manterá os promedios, algo que obriga os torcedores a sempre estarem  fazendo milaborantes contas e com a calculadora em mãos. Além disso, diminui para três o número de equipes que perdem a categoria, sendo duas de forma direta e uma em função da divisão dos números.

Tudo isso supostamente assegura que desta forma é mais interessante, mais justo. Mas seria mesmo? Os torcedores precisam estar atentos constatemente a classificações diferentes e nem sempre é se faz justiça com um time bem estruturado e com boa campanha neste ano, tenha que pagar pela conta de uma equipe que não logrou bons resultados a um ou até mesmo dois anos antes. Este é o caso do Tigre, ocupa a terceira posição na luta pelo título com apenas um pontinho atrás do líder Boca Jrs. Mas se olharmos na outra tabela, a do descenso, a equipe está na zona de queda direta, com média de 1.231 e o San Lorenzo, primeiro na zona da promoción, tem um promedio de 1.250. Pois é, o futebol já foi algo mais simples de compreender.

Se a fórmula proposta por Grondona tivesse sido aplicada anteriormente, nem River Plate e nem Rosario Central estariam disputando a Nacional B e o Tigre já teria caído na temporada 2009/2010. Este ano ainda tivemos o incremento de algo que estava esquecido no calendário; a Copa Argentina. O campeão, depois de uma cansativa disputa tendo que ir jogar em campos neutros e nas mais diversas regiões do país, após todo esse esforço, ganha um lugar na Copa Sulamericana. Por que não diretamente na Libertadores, como é feito no Brasil?

Aproveitando o exemplo do vizinho, a fórmula de disputa poderia ser copiada. Do primeiro ao quarto colocado, vaga na Libertadores direto, o campeão da Copa Argentina também levaria uma. Do quinto ao décimo, o direito de disputar a Sulamericana e na zona de baixo, todos lutando para não cair de forma igualitária, sem promedio e sem contas. Até mesmo porque, por exemplo,  um time que subiu em determinado ano, enfrenta equipes diferentes, que estão mais ou menos tempo na elite. Dessa forma a emoção seria mantida e o campeonato seria mais igual, com a possibilidade de título para qualquer equipe. Se fosse desse jeito, os últimos campeões teriam sido: Vélez, Lanús, Banfield e Boca.

Pipi Romagnoli, que está sofrendo com o San Lorenzo e seus promedios, foi outro que saiu disparando contra o atual sistema: “Equipes como Rafaela ou San Martín que não dividem, ganham duas ou três partidas e não nos deixam tirar um pouco a cabeça (da degola). Veja o exemplo do Tigre, está a dois ou três pontos dos primeiros e está em desenso direto. É uma coisa de loucos”, declarou.

 

 

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

One thought on “O inferno dos promedios

  • Caio Brandão

    A promoción era bacana, e podia ser uma ideia adotada no Brasil para dar algum estímulo de sobrevida ao lanterna, para que ele continuasse “com gás” até o fim. Só acho que, em contrapartida, deveria ser o terceiro e quarto colocado da série B a ter vantagem de dois resultados iguais.

    O “Prom” bizarro são os promedios. Aberração assim como dois campeões por ano. Ao menos mudaram esse último detalhe.

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