Primeira Divisão

Não choveu em Bajo Flores. Mas River tomou um banho de água fria

A tarde poderia ser de glória. O River venceria o San Lorenzo e contaria com uma derrota ou empate do Lanús, no Cilindro, para ficar com a liderança isolada do Torneio Final. Só que o Ciclón não quis nem saber dessa história. Foi para cima do Millo como poucas vezes se vê. Fez logo no primeiro minuto. Fez o segundo alguns minutos depois. Quase fez o terceiro e o quarto. No segundo tempo só administrou. Venceu e convenceu. E o River ficou na dependência do Racing para seguir na ponta da competição.

Nem bem começou a peleja e o que se viu foi um conjunto local pressionando o seu rival como poucas vezes se vê. E sem tempo para se posicionar, a defensiva do River entregou. Stracqualursi não perdoou e de canhota colocou a pelota no arco de Barovero: San Lorenzo 1×0, com menos de um minuto de jogo.

Convicto de que sua proposta era a correta, o Ciclón seguiu na pressão. Dois dois ou três homens do meio avançavam para marcar no campo de defesa do River e impediam que a pelota chegasse a Mauro Díaz, responsável pela criatividade dos visitantes. Quanto a Vangioni, o meia millonario recebia uma marcação especial de Bufarrini. Confuso, o Rivar não sabia se marcava ou se defendia a meta de Barovero. Não fazia nem uma coisa nem outra.

Os espaços sobravam para os cuervos. Aos cinco minutos, Alan Ruíz quase amplia. Só que alguns minutos depois, aos 19, não teve jeito: pelota bem centrada na área encontrou a cabeça de Mauro Cetto: 2×0 San Lorenzo. Instável em campo, os visitantes quase levaram o terceiro gol, quatro minutos depois, com Franco Jara. Aos 32, Mauro Cetto, de bicicleta, obrigou Barovero a praticar a defesa do jogo. Só dava San Lorenzo e o elenco millonario parecia pedir apenas para que o primeiro tempo acabasse.

Segunda etapa começou do mesmo jeito. Só San Lorenzo jogava, enquanto o River só assistia. Prova disso foi que até os 15 primeiros minutos o conjunto local teve ao menos mais duas chances claras de ampliar o marcador. Prova disso, também, foi que somente à esta altura do jogo foi que o conjunto millonario incomodou o porteiro cuervo.

Foi então que o San Lorenzo resolveu tirar o pé e tentou desgastar o rival. Plantado e bem distribuído na meia cancha, o Ciclón oferecia mais campo ao River que em qualquer outro momento da peleja. Com seu campo de defesa congestionado, o meio-campo cuervo conseguia trabalhar bem e calmamente as pelotas que recebia. Assim foi que aos 30, Gonzalo Verón só não ampliou porque Barovero fez excelente intervenção.

Nos minutos finais, o conjunto local tirou de vez o pé. Com o jogo tranquilo e controlado o melhor a fazer era não desgastar seus jogadores. Antes disso, porém, Gonzalo Verón havia simulado uma falta no setor esquerdo do meio-campo. Com o segundo amarelo foi para o chuveiro mais cedo. Nos minutos finais, quase o porteiro Migliore dá uma entregadinha básica ao se atrapalhar com uma pelota alçada para sua pequena área. Mas ficou mesmo no placar do primeiro tempo. Uma vitória para encher de moral o conjunto de Bajo Flores. Uma derrota que provavelmente vai custar a liderança do Torneio Final ao conjunto de Bajo Belgrano.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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