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Ainda dá para se surpreender na Argentina?

Lanus campeão em 2007. Tigre quase campeão em 2008. Vélez batendo o Huracan no meio do ano e agora, Banfield quebrando o jejum secular em cima do Newell’s.

Surpreender-se com qual time consegue a volta olímpica na Argentina pouco a pouco vem se tornando corriqueiro. E nem dá mais para dizer que é luxo dos campeonatos curtos, pois se tivessemos turno e returno em 2009, o campeão seria o Vélez, com Lanús e Colón de escolta.

O motivo para isso? Os de costume: falta de planejamento de alguns, enquanto outros são premiados pela seriedade ao se construir uma equipe, embora a temida janela tambem interfira.

O Banfield é o exemplo fiel que concretiza essa teoria. Enquanto os grandes se preocupavam em contratações de impacto, o time do sul foi discreto e cirúrgico. Usou o dinheiro das vendas de Bertolo e Cvitanich para trazer jogadores que ninguém pensou em chamar, seja por desconhecimento ou por descrédito.

Com essa política vieram os principais nomes do time. A sólida dupla de zaga formada por Lopez e Sebá Mendez. O experiente Walter Erviti e a revelação colombiana, James Rodriguez, principais articuladores de jogadas. E, claro, a dupla de ataque uruguaia, Fernandez e Santiago Silva, artilheiro do Apertura com 14 gols.

Só que eles chegaram antes do Apertura, sendo alguns até mesmo no ano passado. Todavia, começaram a formar uma equipe sólida a partir do retorno de Júlio César Falcioni, outro que andava de moral baixa, mas já fez história ao levar o Taladro às quartas-de-final da Libertadores 2005.

Ainda assim, o Banfield não foi um time de futebol genial como o Huracán de Angel Cappa. Tampouco tinha uma figura que se sobresaísse, como já foi Riquelme no Boca.

Se sagrou campeão pela regularidade. Marcou com prudência, atacou com eficiência, quase sempre em passes de Erviti para gols de Silva. E principalmente, foi soberano no jogo aereo, tanto para se defender quanto para atacar.

E o que esperar do Taladro na Libertadores? A mesma equipe consciente do Apertura. Indiscutivelmente, a figura principal é Silva. Mas quem se preocupar demasiadamente com ele e se esquecer da habilidade de Fernandez, da criatividade de Erviti pela esquerda e de Rodriguez pelo meio vai se dar mal.

É bem verdade que isso tudo não torna o Banfield imbatível ou mesmo genial. Os sulistas tem apenas um time “acertadinho”. Mas que deixou uma lição de como formar uma equipe com sensatez pode render um título.

Quem aprender essa verdade não mais se surpreenderá com equipes “pequenas” campeãs na Argentina.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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