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Qual o peso da Bombonera em uma final de Libertadores?

Muito pequeno. Ao menos é o que diz o histórico. Apesar de ser tratada pelos brasileiros como uma fortaleza inexpugnável, a verdade é que a Bombonera fez muito pouca diferença para o Boca Juniors nas finais de Libertadores. Jogar de local ou visitante não costuma ser decisivo para os xeneizes nas decisões.

Isso ocorreu já na primeira vez que o clube alcançou a final do torneio, em 1963, contra o Santos. Naquela ocasião o Peixe venceu por 3 a 2 no Maracanã e 2 a 1 na Bombonera. A final seguinte, em 1977, foi a única vez em que o Boca Juniors venceu na Bombonera e perdeu fora de casa: se impôs por 1 a 0 ao Cruzeiro, levando o troco pelo mesmo placar no Mineirão, e vencendo a partida-desempate em Santiago nos pênaltis.

Nos dois anos seguintes outras finais, e em ambas jogar em casa teve peso apenas relativo. Em 1978 um empate com o Deportivo Cali fora de casa por 0 a 0 e um 4 a 0 a favor em casa, uma vitória importante, mas confirmando uma vantagem obtida na primeira partida. Em 1979 o Boca levou 2 a 0 do Olimpia em Assunção, não conseguindo reverter a desvantagem em casa. O 0 a 0 garantiu o primeiro título continental dos paraguaios.

Nas finais recentes, jogar em casa ou fora simplesmente não fez diferença para o Boca. Em 2000 o título veio nos pênaltis, após empates por 2 a 2 em Buenos Aires e 0 a 0 em São Paulo. No ano seguinte o mando de campo teve efeito oposto: o Boca venceu o Cruz Azul por 1 a 0 no México, perdendo pelo mesmo placar em casa, levando a taça novamente na disputa por pênaltis. Em 2003 o Boca simplesmente ignorou qualquer diferença de estádio e torcida, vencendo o Santos por 2 a 0 em casa e 3 a 1 fora.

Em 2004 novamente o fator mando de campo pesou pouco. O Boca empatou com o Once Caldas em casa por 0 a 0, repetiu o empate, desta vez por 1 a 1, na Colômbia, e perdeu a competição na disputa por pênaltis. E na última final, em 2007, Riquelme comandou os xeneizes em duas vitórias inquestionáveis sobre o Grêmio: 3 a 0 na Bombonera e 2 a 0 no Olímpico.

Hoje você certamente ouvirá milhares de vezes alguma frase feita dando conta de que a Bombonera é uma arma decisiva para o Boca Juniors. Sem desprezar a importância do mítico estádio, o fato é que o histórico demonstra de forma inquestionável que, na maior parte das finais de Libertadores, isso fez pouca ou nenhuma diferença nas vitórias e derrotas xeneizes.

Tudo isso permite duas conclusões. A primeira: o Corinthians não deve tratar a partida de hoje como uma guerra em território inimigo, mas como uma partida dificílima contra um rival de respeito que joga em casa. A segunda: um eventual bom resultado do Timão na Bombonera hoje não garante nada, uma vez que o Boca historicamente tem mostrado uma incrível capacidade de jogar da mesma maneira como local e como visitante.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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