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Empate ofusca noite de Palermo

A noite tinha tudo para ser de Martín Palermo. Maior artilheiro do Boca Juniors na era profissional há quase dois anos, o jogador igualou uma marca de Roberto Cherro, recordista do clube na época do Amadorismo (até 1931), onde marcou 218 gols com a camisa do clube. Mas, uma lesão, a um infernizado Maxi Moralez, o Vélez provocou uma virada impossível. Medel, todavia, conseguiu colocar um 4-4 no marcador evitando uma noite negra para o Xeneizes

Se há um jogador de argentino no qual passa uma sensação de emoção do início ao fim, este é Martín Palermo. Um atacante capaz de errar três penalidades em uma mesma partida em plena Copa América, mas que dez anos depois , salva a Argentina de uma tragédia, marcando um gol heróico no Monumental de Núñez praticamente garantindo a Seleção na Copa. E hoje, definitivamente, o atacante entra na história do futebol local sendo o único jogador da era profissional a igualar o mesmo número de gols de um jogador do amadorismo.

Quem poderia imaginar que nos dias de hoje um goleador poderia marcar mais de 200 gols com a camisa de um só clube. Martín Palermo não só chegou a essa marca, como igualou a marca de Roberto Cherro, até então maior goleador da história do clube contabilizando a era amadora, com 218 gols. Mas, não foi nada fácil. Para se ter uma idéia, o gol poderia vir em uma cobrança de pênalti, aos 25 minutos, quando o Boca estava apático em campo, perdendo por 1 a 0. Mas, mesmo tendo marcado vários gols assim, Palermo não entraria na história marcando um gol de pênalti e sim ao seu estilo de raça e força.

E aos 39 minutos da primeira etapa, quando o Boca Juniors já havia empatado a partida com um gol de Mónzon, graças a uma falha grotesca da defesa do Vélez, o Palermo mostrou quem ele realmente é: um goleador. Afinal de contas, quem nunca errou na vida? Tudo bem. Foram vários os erros, mas quem nunca errou? Palermo poderia estar com 318 gols se não errasse tanto. Mas, quantos jogadores erraram muito mais e sequer chegaram a marca de Palermo? O jogador virou mito após um passe genial de Riquelme que ele concluiu ao seu estilo.

Mas, como já foi dito nada com Palermo é fácil. Apesar de comemorar o gol de Gaítan aos 11 minutos de jogo após um passe primoroso de Riquelme, seis minutos depois, quando Santiago Silva diminuiu o marcador, o atleta saiu de campo reclamando de dores na perna e teve de acompanhar os 30 minutos finais no banco de reservas. Um martírio para o atleta já que o tempo não passava e o Vélez Sarsfield dominava a partida graças a um infernizado Maxi Moralez. Aos 29 minutos de jogo, Palermo não acreditou com o que acontecia. O uruguaio encontrou Martinez na entrada da área que marcou um golaço.

A agonia de Palermo foi ainda maior quando viu a falha zaga do Boca Juniors falhar no quarto gol do Vélez Sarsfield. Sim, depois de estar perdendo por 3 a 1, o atacante Santiago Silva quis roubar a cena marcando o seu segundo gol na partida e deixando a partida em seu resultado justo. Sim, porque apesar do recorde quebrado por Palermo, o Vélez jogou melhor durante todo o embate. Mas, não seria justo a partida terminar num 4-3 para o time de Liniers após tudo que fez o Boca na partida. Não só Martín, mas também Riquelme e Gaítan.

E o chileno Gary Medel, que desistiu de viajar para o Chile após o terremoto que já matou quase 800 pessoas em seu país, salvou o clube de um vexame. Ou melhor, de estragar a festa de Martín Palermo. A vitória seria melhor, principalmente pela vantagem aberta no decorrer da segunda etapa. Mas, o futebol não permite alguns erros. Se Palermo tivesse marcado os três gols de pênalti contra a Colômbia, a Argentina não teria ficado em segundo em seu grupo. Se não tivesse perdido o pênalti hoje, o Boca talvez não teria perdido o jogo. Mas, o ‘se’ é uma palavra que não se pode utilizar neste esporte e na vida.

O fato é que Palermo quebrou o recorde de Cherro, o Boca cedeu a virada graças a sua zaga, e o Vélez só não assumiu a liderança, que seria merecida pelo futebol que apresentou na noite desta terça-feira, devido a Medel. Um 4-4 para ficar na história do futebol argentino pelos vários acontecimentos na partida.

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

View Comments

  • infelizmente esqueci do horário do jogo e não pude ver.
    ah fiquei triste pra caralho ^^ mas acontece !
    .
    .
    Parabéns ao Palermo por sua marca e ajudando EVER o Boca
    Parabéns Boca por ajudar o Palermo
    .
    .
    Boca&Palermo SEMPRE !! :D

  • Parabéns Palermo vc merece toda glória.

    Isso ai não é uma zaga, parece uma porteira de "boas vindas pode fazer seu gol" ridícula essa zaga ai.

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Thiago Henrique de Morais

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