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Elementos em comum entre Vélez e Atlético Paranaense

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O folclórico goleiro Navarro Montoya: só ele jogou nos dois

Hoje às 19h45, Vélez e Atlético Paranaense se enfrentam pela primeira vez. Nem mesmo em amistosos chegaram a jogar antes, de acordo com o historiador velezano Esteban Bekerman.

Dos pontos em comum, há o fato de ambos serem historicamente times de alcance local (o Fortín no seu bairro de Liniers e arredores, o Furacão no seu Estado do Paraná) que recentemente emergiram além, mas ainda enfrentam desdém do olhar conservador quando equiparados aos tradicionais grandes de seus países. Isso mesmo com os atleticanos tendo um vice na Libertadores e os fortineros, muito mais, com uma sala de troféus mais rica que times tradicionalmente “maiores” na Argentina.

Até algum tempo atrás, contavam com os estádios mais modernos dos seus países, ambos sedes de Copa. O charmoso estádio José Amalfitani (sede em 1978 mesmo com Buenos Aires oferecendo também o Monumental) segue muitíssimo bem conservado, ainda que não se compare à infra-estrutura do Ciudad de La Plata, estádio público da cidade homônima finalizado em 2011.

Já a Arena da Baixada passou a maior parte da década passada ostentando o orgulho de ser o estádio mais moderno do Brasil, após reforma em 1999. Por enquanto, com a reformulação à Copa de 2014 ainda não concluída, o que chegou a ameaçar o posto de Curitiba como sede do evento, naturalmente está atrás de Arenas outras do mundial que já foram entregues.

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El Fortín de Liniers e a Arena da Baixada pré-reforma da Copa

Outra semelhança foram os anos 80, quando rivais alviverdes tiveram supremacia nacional. O sumido Ferro Carril Oeste obteve seus dois títulos argentinos em 1982 e 1984, ficando por nove anos à frente do Vélez, que na época só tinha um (1968). A reultrapassagem começou em 1993, com Carlos Bianchi começando a fazer história como técnico. O Coritiba bateu o forte Bangu do bicheiro Castor de Andrade na final de 1985 e só seria igualado em 2001 pelo rival, cujo meia Kléberson seria um ano depois importante coadjuvante no pentacampeonato brasileiro em Copas.

Os oponentes de hoje também passaram por decepções fortes em 2004. O Atlético, embalado pelo ressurgido Washington “Coração Valente” (seus 34 gols o tornaram recordista na artilharia de um único Brasileirão) & cia, fez bela campanha com ares de novo título nacional, que seria garantido na penúltima rodada caso vencesse o quase-rebaixado Vasco fora de casa e o Santos desfalcado de Robinho, abalado com o sequestro da mãe, perdesse também fora. O inverso aconteceu, o Peixe assumiu a ponta e, com Robinho de volta, garantiu a taça vencendo o próprio Vasco, que se safara.

Já o Vélez vivia a viuvez dos gloriosos anos 90, não sendo campeão desde 1998, quando pôde ter juntos Chilavert ainda no auge e o técnico Marcelo Bielsa. Voltou a brigar pelas cabeças no segundo semestre de 2004, caçando o líder Newell’s, que na última rodada perdeu para o “amigo” Independiente. O Fortín tinha vencer em casa o ainda inexpressivo Arsenal para igualar-se em pontos e forçar um jogo-extra, mas ficou no empate. Menos mal que a taça viria no torneio seguinte.

Por fim, os sujeitos que passaram pelos dois. O folclórico Nelson Filpo Núñez começou a treinar no futebol brasileiro a partir dos anos 50. Ficou célebre como um dos técnicos da Academia do Palmeiras na década seguinte, especialmente pelo dia em que todo o elenco palmeirense foi usado pela seleção brasileira nas inaugurações do Mineirão, em 1965, incluindo o treinador. Com isso, Filpo Núñez é até hoje o único estrangeiro que já treinou o Brasil. Antes de chegar ao Verdão, passou pelo Atlético. Também dirigiu o Coritiba, em 1970. El Bandoneón esteve rapidamente no Vélez em 1974.

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Hirsig e Henrique simbolizaram a perda do título nacional em 2004
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F. Núñez, o argentino ex-técnico do Brasil

O outro também tem folclore. Carlos Navarro Montoya foi um ícone dos goleiros nos anos 90, com uniformes dos mais lisérgicos que, “aliados” a uma cabeleira que deixava crescer mesmo com o cocuruto cada vez mais calvo, lhe davam um visual dos mais chamativos.

Este argentino nascido na Colômbia (seus pais são argentinos e ele deixou sua Medellín natal ainda com 3 meses de idade) começou a carreira no Vélez, onde passou dois períodos até ser chamado ao Boca em 1988, onde realmente se consagraria. Mas foi para repor a ausência de El Mono (“O Macaco”) que o ex-clube resolveu contratar ninguém menos que o mito Ubaldo Fillol.

Já quarentão, Montoya chegou ao Atlético em 2006, ainda celebrado na Argentina, pois lá havia quem o defendesse para jogar a Copa da Alemanha naquele ano. Nos anos recentes, havia sido um bom goleiro no Independiente e em 2005 fora vice pelo sofrido Gimnasia LP, na última vez em que o rival do Estudiantes chegou perto do primeiro título da elite profissional. Não eram poucos que o achavam mais em forma que o também veterano Abbondanzieri.

Mas, no Brasil, ele não se deu bem. Chegou no segundo semestre e o passou na reserva de Cléber, jogou pouquíssimo e preferiu rescindir o contrato em novembro, mesmo com o encerramento estando previsto para o mês seguinte. Sua volta ao Boca chegou a ser sondada tamanho o seu prestígio na Argentina, mas acertou com o Nueva Chicago.

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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