Primeira Divisão

Huracán vence o River e leva a Supercopa Argentina

Huracán surpreendeu o River e levou a Supercopa
Huracán surpreendeu o River e levou a Supercopa

De forma absolutamente surpreendente, o Huracán venceu o River pela contagem mínima em San Juan e levou o título da Supercopa Argentina. Puch marcou o gol da vitória, que classificou o Globo para a Sul-Americana, fazendo com que o clube de Parque de los Patricios dispute duas competições continentais no mesmo ano, após 41 anos afastado de torneios internacionais oficiais.

Nos primeiros minutos, o River buscou pressionar o rival e fazer valer a maior qualidade da sua equipe. Mas aos poucos o Huracán foi se assentando em campo. Vismara se destacava na marcação, Toranzo distribuía o jogo com qualidade e o garoto Espinoza, cria do Globo, atormentava a vida de Vangioni e Funes Mori. Para surpresa geral, o Huracán jogava melhor que seu gigante rival, e terminaria premiado por isso ainda no primeiro tempo.

Logo aos 21 minutos, Toranzo lançou Espinoza, que fez bela jogada pela direita e centrou rasteiro, para Puch acertar um tiro preciso e abrir o placar. E o Huracán podia ter ampliado, em especial no final do primeiro tempo, quando Toranzo lançou com perfeição para Ábila, que entrou livre mas chutou mal, permitindo a defesa de Barovero.

O segundo tempo teve outra característica. Nos primeiros 15 minutos, o River partiu pra cima, mas o Globo ainda contra atacava, com Ábila perdendo mais uma bela chance de ampliar. Mas no restante da etapa final a partida virou um verdadeiro ataque contra defesa. O Huracán posicionava seus jogadores todos nos 30 metros finais da defesa e se limitava a tentar impedir o empate. A equipe mal ficava com a bola, apenas se defendia.

No desespero, Marcelo Gallardo fez modificações ofensivas que aumentaram a pressão. No entanto, o repertório de sua equipe parecia muito limitado, se resumindo a bolas aéreas, bem contidas pela defesa rival. Nos últimos minutos o arqueiro do Huracán, Marcos Díaz, fez duas defesas espetaculares em seguida, no que foi o momento em que o River chegou mais perto do empate. Mas era tarde: após 5 minutos de desconto a partida terminava, e o Huracán levantava mais uma taça.

Na entrevista pós-jogo, Díaz não se conteve ao ser relembrado que há dez meses o Huracán estava com moral bem baixa ao, na segundona de 2013-14, deixar escapar a última vaga de acesso (no tira-teima com o Independiente) para dar um belo salto em pouco tempo: o time voltou a ser campeão nacional após 41 anos, com a Copa Argentina, emendando com outro festejo, o do dramático acesso no torneio do segundo semestre: “estamos mudando a imagem deste clube”.

Foi a oitava copa nacional vencida pelo Huracán, cujo porte antigo segue tradicionalmente vivo: “outro grande como o River é batido pelo grande que é o Globo“, derramou-se a narração oficial. Eis as copas anteriores do “sexto grande” da Argentina:

*Copa Estímulo de 1920 – usada pela AFA naquela década para manter os clubes em atividade enquanto o campeonato argentino pausava em razão de torneios da seleção.

*Copas Ibarguren de 1922 e 1925 – usada para definir o campeão nacional “moral”, era um tira-teima entre o vencedor do campeonato argentino (que apesar do nome era restrito à Grande Buenos Aires e La Plata) com o campeão rosarino. Entrou em desuso a partir do ingresso dos rosarinos no Argentinão, em 1939, remanescendo um tempo contra outros campeões provinciais.

*Copas Adrián Escobar de 1942 e 1943 – competição de jogos de 40 minutos entre os sete primeiros colocados do Argentinão.

*Copa Británica de 1944 – tentativa de torneio em formato de Copa entre todos os participantes da elite do Argentinão. Seu nome derivava do fato de que o troféu era oferecido pela embaixada do Reino Unido.

*Copa Argentina de 2014 – outro torneio em formato de Copa, este entre clubes de todas as divisões. Após duas edições no final dos anos 60, foi retomado desde 2012. A partir da última edição seu vencedor passou a ter vaga na Libertadores, aproximando sua proposta à da Copa do Brasil. Foi assim que o Huracán pôde disputar a Libertadores de 2015. Desde 2013 o campeão disputa a Supercopa Argentina com o vencedor da temporada anual da elite do Argentinão.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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