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EXCLUSIVO: Cáceres tenta explicar crise do Boca – Parte 1/3

Após um importante treinamento na Cidade do Galo as vésperas da partida contra a Chapecoense, pela Copa do Brasil, um dos responsáveis pelo último título do Boca Juniors, o zagueiro paraguaio Julio César Cáceres conversou de tudo um pouco com o Futebol Portenho. Até por isso, decidimos separar essa entrevista em três partes. Nesta primeira, o jogador do Atlético Mineiro falou sobre o atual momento de seu ex-clube, assim como o relacionamento com alguns jogadores, como Riquelme e Forlín.

FP: Você saiu do Boca num dos piores momentos da história do clube e quando você estava na reserva. A sua decisão de deixar o clube foi justamente para poder jogar a Copa do Mundo, como você chegou a comentar em um diário paraguaio. Nesse meio termo, houve algum problema com o Basile?

Cáceres: O que aconteceu foi que no último período do ano passado a gente não ganhou nada e isso fica ruim para todos, até porque há um ano o Boca Juniors ganha alguma coisa e isso não aconteceu. E neste ano era ano de Copa. E normalmente, todo jogador que integra a sua seleção sonha em jogar o Mundial. Falei com Basile se eu teria alguma oportunidade de jogar, pois precisava de sequência de jogo para aspirar a Seleção. Ele falou que eu teria, mas na pré-temporada, quando perdemos dois jogos, Basile decidiu por sair. Então fiquei um pouco preocupado, pois percebi que as coisas não estavam certas. Foi ai que decidi voltar ao Brasil. Falei com o presidente (do Boca), eles não queriam liberar. Mas, falei que precisava de um tempo de tranquilidade e consegui deixar o clube. Agora, busco fazer um bom trabalho e agora estou mais aliviado.

FP:Tem como explicar a crise que ronda o Boca nestes últimos anos?

Cáceres: É difícil. O Boca sempre se prepara para ganhar e agora está passando por um momento difícil, mesmo tendo vários jogadores de nível. Mas, o mais pesado foi a mudança em curto período de treinadores, coisa que não é de acontecer muito. Normalmente o Boca deixa trabalhar por mais tempo e por agora foi pouco tempo, com Basile ficando seis meses. Agora está o (Abel) Alves, mas não está dando muito certo. E os jogadores, quando o time está mal, fica pensando qual é o defeito.

FP:O que você pensa do Abel Alves ter tirado jogadores de prestígio como Abbondanzieri e Ibarra da equipe titular, ainda mais quando tem um respaldo o Boca Juniors?

Cáceres:É uma coisa complicada, pois ambos conquistaram tudo, e como você disse, são jogadores que tem uma identificação com o clube. Mas, os primeiros jogos não foram bons e os deixaram no banco.

FP:Foi precipitado?

Cáceres: Posso dizer que sim. Poderia ter uma sequência maior, mas o time estava perdendo muito. Mas, acho que foi uma decisão errada.

FP:Esse foi um dos motivos de você ter saído?

Cáceres: Não tinha medo. Sai para ficar mais tranquilo. Mas, cada time tem o seu objetivo, como tem no Atlético, que é de sair o campeão. Mas lá como o ano foi ruim, então decidi sair até por que é um ano especial para mim, onde posso jogar o Mundial, que seria o meu terceiro. Poderia até acontecer isso, mas agora nem quero pensar isso, quero ficar aqui. Mas, poderia muito bem acontecer comigo.

FP:Em 2008 vocês ganharam o Apertura, mas logo depois o seu companheiro de zaga, o Forlín foi negociado. Aquilo foi decisivo para o início desse problema da defesa, pois havia uma segurança. Ali começou a crise?

Cáceres: Na verdade a crise no Boca começou quando o treinador pediu reforços. Só que a diretoria demorou muito para contratar e ai começamos a cair. Mas, o Basile é um treinador que tem títulos com o Boca, com experiência internacional. Mas, foi como você falou, a saída do Forlín foi fundamental. Nós dois jogando juntos ganhamos a Recopa, o Clausura, mas tinha que sair alguém por conta da situação financeira. Decidiram ficar comigo por conta da experiência e procuraram outros parceiros.

FP:Qual era a sua relação com o Basile?

Cáceres:Basile é um treinador com muita experiência, tem seu jeito de jogar, sempre está convencido com o que fez na semana, não é de ter muitas dúvidas, acho para o clube é muito bom tê-lo como um treinador como Basile. Ele precisa ganhar algo, mas não deu certo. Mas, a relação com ele é boa, pois é respeitoso com os jogadores, sempre conversa conosco, procura saber como o jogador quer jogar.

FP:E com Carlos Ischia?

Cáceres: Também coloco-o como um dos melhores treinador, com ele ganhamos torneios importantes e também me deu confiança para jogar. Eu cheguei quando ele precisamente assumiu o time e ai, no primeiro momento, conversou comigo e joguei quase todas as partidas.

FP:Falando em 2008, aconteceu uma coisa não tão agradável. Antes do superclássico daquele ano, foi noticiado algumas desavenças com Riquelme. Mas, você não é o primeiro. Ele é difícil de relacionar?

Cáceres: Em uma entrevista eu falei que por estarmos num momento tão difícil, achei que ele não deveria jogar por não estar bem fisicamente e ele ficou chateado com isso. E quando falei isso, eu estava com a Seleção (Paraguaia) e quando cheguei pegaram no meu pé, pois mexi com um ídolo do Boca. Mas, as maiorias dos jogadores concordavam com o que eu falei. Teve esse pequeno problema, mas depois nos reunimos para deixar tudo claro. E depois disso, a relação foi melhorando. Não será a mesma coisa de antes, mas tínhamos que conversar. Mas se pensar bem, isso valeu a pena para ganharmos aquele campeonato.

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

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