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River vence terceira partida na B Nacional

Em partida em que a sorte e a competência do River Plate foram superiores à garra do Desamparados, o time de Núñez venceu por 3×1, em sua terceira apresentação na B Nacional. Com os portões do Tomás Adolfo Ducó fechados foi possível ver o quanto a instabilidade em campo, dos jogadores, advém, em parte, do banco de reservas. Nervoso, diante de um bravo adversário, o Millionario contou com a sorte para fazer seus gols nos momentos certos, e com a competência para saber administrar a vantagem quando a possuía. Se o resultado final não refletiu o que foi o encontro, isto decorre sobretudo da diferença entre um time grande, em crise mas com jogadores como Sánchez e Ocampos, de um time pequeno, cheio de bravura, mas sem a qualidade ideal para saber resolver uma partida de futebol.

Nos primeiros minutos da partida, o River foi para cima do Desamparados e parecia que faria o gol logo no início. E a boa parada parecia ser a arma que o Millionario utilizaria para implodir a retaguarda da Víbora. Foi assim contra o Chaca, na rodada anterior, e seria assim, se o mandante do cotejo insistisse com a jogada. Desistiu. De uma hora para a outra, o Desamparados começou a dominar as ações no meio-campo e a distribuir as bolas para os lados da cancha. Por quê? Porque o visitante parecia ser o único a tirar proveito da ausência de público. Enquanto o conjunto de San Juan desfilava tranquilo pelo campo, parando a pelota e a distribuindo corretamente, o conjunto local novamente parecia jogar a última oportunidade de ascender ao futebol de elite, que ele conhece como poucos.

Então, de um equilíbrio estabelecido, a Víbora passou a dominar o seu rival, que se assustou com sua ferocidade mental e não sabia mais o que fazer em campo. A exceção única ficava por conta de Lucas Ocampo. Abecasis tinha seus avanços controlados pela forte resistência de Álvarez. Carlos Sánchez se perdia na dúvida entre atacar, defender ou armar a equipe: sobrecarregado perdeu sua criatividade e nada produzia. “Chori” Domínguez parecia mais um gatinho indefeso, preso na marcação tal qual uma presa indefesa da Víbora.

Para ajudar a tarefa do conjunto visitante, o Millionario era o desprezo total a algo no futebol conhecido como marcação. E a Víbora só não chegou ao gol, porque os seus jogadores não possuem 10% da qualidade de um ataque de primeira. Ao contrário do River. E aos 35, o futebol mais uma vez mostrou a diferença entre um time grande e outro pequeno. Carlos Sánchez acertou apenas um grande passe e resolveu uma dura parada para os comandados de Almeyda. Deixou Aguirre livre para chutar ou entregar para Ocampos. Entregou. E o jovem-grande jogador millionario fez 1×0 para a alegria de Passarella, que para felicidade dos jogadores em campo, ao menos enquanto eles labutavam na cancha, só podia ficar nas tribunas. O River já tinha melhorado. Mas para tanto? Não. Foi então que o comentarista Diego Fucks fez um elogio para o guarda-metas visitante. No mesmo instante ele fez uma asneira. Saiu mal e a bola sobrou para Ocampos. Foi só fazer um cruzamento. Carlos Sánchez cabeceou livre e ampliou: 2×0. Assim foi o primeiro tempo. Injusto? Assim é o futebol.

A atitude millionaria retornou melhor para a segunda etapa e, logo aos dois minutos, um certo uruguayo acertou o travessão de Matías Giordano. Dois minutos depois foi a vez de Chichizola ser requisitado na partida. Fez uma “defesassa”, numa rara situação em que o visitante soube explorar os espaços deixados por Abecasis. Doze minutos depois, quando o River dominava totalmente o visitante, apareceu o Futebol. Depois de uma cobrança de falta mal elaborada, a bola sobrou para “Chori” Domínguez fazer bobagem. Perdeu a bola para Ariel Bart. Ele achou Lamberti, que jogou a pelota na área, pois sabia que ali estava o desprezo millionario pela boa arte de se defender. A pelota sobrou para Rosso, que não teve trabalho para diminuir: 2×1.

Quando a instabilidade batia à porta local, apareceu novamente a dupla Sánchez/Ocampos. Como um veterano, o jovem atleta recuperou e armou grande jogada para Sánchez na ponta. La Brújula fez ótimo lançamento para Cavenagi Domínguez que furou feio. Só que a bola veio levantada para a área de Giordano. Terror estabelecido. Ninguém sabia onde estava a bola e ela sobrou para “Chori” Domínguez fazer o terceiro: 3×1.

Então o Desamparados tentou, correu e lutou como todo time pequeno com dignidade. Tranquilo em campo, o elenco local apenas tocou a bola para fazer o tempo passar. Levou um ou outro susto. Deu um ou outro susto. Mas em ambos os casos, nada que mudasse um placar resolvido em favor do competente Millionario de Núñez. Com o apito final de Gabriel Favale, o River venceu sua terceira partida consecutiva na B Nacional. Até aqui, a sorte tem sido uma empregada doméstica mal remunerada a serviço da competência do River. Enquanto ela continuar aceitando estar ao lado de seu patrão nervoso e instável, dificilmente as coisas mudarão para Gigante de Núñez. O problema é saber o que acontecerá no dia em que ela faltar ao trabalho. Na próxima rodada, o River será visitante frente ao Quilmes, enquanto a Víbora amansada receberá o Defensa y Justicia, em San Juan.

Formações:

RIVER: Leandro Chichizola; Luciano Abecasis, Agustín Alayes, Jonatan Maidana e Juan Manuel Díaz; Carlos Sánchez, Nicolás Domingo, Martín Aguirre (Mauro Díaz) e Lucas Ocampos (Gustavo Bou); Alejandro Domínguez (Andrés Ríos) e Fernando Cavenaghi. Técnico: Matías Almeyda.

DESAMPARADOS: Matías Giordano; Fernando Fontana (Lizandro Bertaz), Ariel Barth, Federico Rosso e Lucas Rosales; Martín Granero, Hernán Lamberti, Diego Cálgaro e Augusto Álvarez; Juan Manuel Carvallo e Walter Cuevas (Diego Velázquez). Técnico: Marcelo Bonetto.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

5 thoughts on “River vence terceira partida na B Nacional

  • Priscila

    Almeyda esta muito bem como tecnico, com o tempo se tornara melhor talvez, e como ja disse antes pode se candidatar a tecnico da seleccion (burrada), se vencer a B, em 2013 vai ser forte candidato a libertadores.

  • Elsio Limoeiro Filho

    Análise perfeita do que foi o jogo. Só que, meu caro Joza, o terceiro gol milionário foi do Chori e não do Cave. Não esqueci aquela cerverjada ao final, com O River campeão.

  • Joza Novalis

    Perfeito Elsio. Fiz uma pequena confusão, mas já arrumei em função do toque que você deu (eu li e reli o texto e não havia percebido). Até dei risada quando o “Chori” fez o gol, já que ele não vinha muito bem na partida. Mais uma vez obrigado pela ajuda e parabéns para o seu clube, que tem feito tudo certinho dentro de campo, apesar de estar ainda cheio de uma tensão desnecessária. Grande abraço.

    PS: a cervejada tá garantida (e pelo jeito quase confirmada)

  • ronaldo alves bento

    carlos sanchéz tá jogando demais,desse jeito merecia uma vaga na seleção local,(em sabella),mas o river jogando com a camisa ou não,tem uma revelação como técnico:matías almeyda.

  • Willian Alves de Almeida

    Carlos Sánchez = Uruguayo.

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