Especiais

90 anos de Rodolfo Micheli, o mais velho artilheiro ainda vivo das Copas América

Desde a perda em 2018 do hispano-chileno Francisco Molina, artilheiro da Copa América de 1953, é Rodolfo Joaquín Micheli o mais longevo artilheiro do torneio – tanto no quesito idade (nasceu apenas 26 dias depois de Molina) como no quesito edição, pois foi o goleador da de 1955. Fito, abreviação do diminutivo Rodolfito, foi um ponta-direita “rápido, habilidoso e muito oportunista e inteligente para aproveitar as situações propícias, não só para enviar passes a seus companheiros após desdobrar-se na sua faixa como também para concluir ele mesmo as jogadas, porque foi um muito bom definidor e um grande aproveitador de rebotes”, nas palavras do seu perfil em Quién es Quién en la Selección Argentina. O livro assinalou ainda a elogiável marca de invencibilidade absoluta pela seleção em seus 14 jogos. Brilhou ainda mais no Independiente. Hora de contar quem fez três gols em um 6-0 no Real Madrid no Bernabéu, como retratado na imagem acima!

Seu sobrenome levava a grafia original de Miceli, cuja pronúncia correta em italiano – “Mitchéli” – acabou se deformando para um registro cartorário que transmitisse, nas regras da língua castelhana, a mesma leitura. O ponta chegou em 1944 aos juvenis do Independiente, após antecedentes pelas equipes do Honor y Patria de sua cidade natal de Munro, e no San José da cidade de Florida. Mas, na hora do garoto ser promovido à equipe adulta, optou-se a princípio por um empréstimo ao Argentino de Quilmes; na época, o Argentino ainda era uma equipe de certo relevo na segunda divisão e Micheli aportou oito golzinhos em trinta jogos na Primera B de 1951.

O Mate esteve mais perto das últimas colocações, ainda que sem maiores temores de rebaixamento, do que do campeão Rosario Central, mas o Rojo pareceu satisfeito: na temporada 1952, Micheli foi titular absoluto no seu regresso à Doble Visera, atuando nas trinta partidas do certame. A sua estreia oficial, na rodada inaugural, acabou misturada a outro registro histórico: foi também a primeira vez oficial em que o clube de Avellaneda usou junto aquele que talvez tenha sido seu mais célebre quinteto ofensivo – Micheli na ponta-direita, Carlos Cecconato na meia-direita, Carlos Lacasia (tio de um futuro astro do Real Madrid, Carlos Guerini) de centroavante, Ernesto Grillo (tido como o grande craque do quinteto e logo finalista com o Milan na Liga dos Campeões) na meia-esquerda e Osvaldo Cruz na outra ponta.

A partida não foi marcante apenas estatisticamente. Mesmo em Avellaneda, a chamada La Maquinita do River abriu 3-0 com cerca de apenas meia hora de jogo. Pois o Independiente tratou de buscar a igualdade, reenergizado após Lacasia descontar aos 44 minutos do primeiro tempo. Cecconato diminuiu para 3-2 aos 22 do segundo… e o estreante Micheli acabou herói ao igualar a três minutos do fim, disparando com uma bomba de canhota em bola cruzada por Cruz. A partida, assim, nasceu instantaneamente histórica, como salientado em 2020 pela El Gráfico, quando o site da revista republicou a crônica pós-jogo da época: clique aqui para conferir.

Os dois quintetos mágicos. À esquerda: Micheli e Cruz em pé, Cecconato, Lacasia e Grillo antes do triunfo sobre a Inglaterra; à direita: Micheli e Cruz atrás, Cecconato e Grillo no meio e Bonelli à frente

A tal El Gráfico teve em Julio César Pasquato, o Juvenal, uma verdadeira alma entre 1962 e 1998, quando este faleceu. Em 1990, coube a ele assinar um resumo histórico do futebol argentino, em diferentes fascículos. Um deles, dedicado ao período 1950-56, assim descreveu aquele quinteto: “são o argumento permanente para aqueles que sustentam que a base de toda equipe é o equilíbrio. Os cinco eram distintos, mas juntos se complementavam à perfeição. O cérebro era Lacasia, um cordobês preguiçoso, que parecia não ter nervos mas sim, por outro lado, uma lucidez excepcional. Cecconato era o motor, a formiguinha viajante, como alguém o qualificou. Grillo, a habilidade e a cota de força. Micheli, o oportunismo. Cruz, a velocidade”.

A mesma El Gráfico, em 2005, na edição especial lançada para celebrar o centenário do clube, assim exaltou aquela linha ofensiva: “Micheli Cecconato Lacasia Grillo Cruz se diz assim, sem vírgulas, sem pensar-se, como se respira ou se pisca”, um quinteto “que o sócio vitalício repete como o padre repete o Pai-Nosso”. Naquelas trinta partidas daquele torneio de 1952, o novato, último dos cinco a se juntar à engrenagem, anotou doze gols e contribuiu diretamente em outros nove: foram oito assistências e um gol contra (de Rafael García Fierro, no 3-3 com o Vélez) forçado em jogada sua. O Independiente foi 3º colocado mesmo tendo o melhor ataque da liga, com 72 gols – bem acima dos números do próprio campeão River, que fez 65, e mais ainda dos do vice Racing (50).

A defesa é que contrabalanceava para baixo: foram 58 gols sofridos contra 48 do campeão e 33 do vice. Técnico da seleção, o ex-artilheiro Guillermo Stábile não teve dúvidas; para 1953, promoveu em 24 de março a estreia de Micheli, em amistoso não-oficial contra a seleção provincial de Mendoza (5-0, com gol dele), onde apenas Cecconato não foi aproveitado daquele quinteto. Para o compromisso mais importante, não houve exceções: recorreu-se ao ataque inteiro do Rojo, enquanto jogadores de diversos outros clubes formavam a retaguarda para aquele 14 de maio de 1953. No caso de Micheli, cabia-lhe preencher a lacuna do antecessor Mario Boyé, um ponta bem mais artilheiro e explosivo, marcante nos anos 40, mas que já adentrava nos anos finais da carreira.

A estreia oficial de Micheli pela Argentina acabou similar à estreia clubística: marcou também a primeira vez em que a Albiceleste usou o quinteto ofensivo todo de um mesmo clube, a maioria deles igualmente estreante (oficialmente apenas Grillo já havia atuado antes pela seleção). E o 14 de maio  acabaria eternizado como “dia do jogador de futebol” na Argentina por uma outra razão – pois rendeu também a primeira vitória argentina sobre a Inglaterra. Foi em formidável virada por 3-1 no Monumental, em reação iniciada com um golaço de Grillo driblando meio English Team até concluir com êxito mesmo sem ângulo.

O gol de Micheli nos ingleses

A jogadaça de Grillo acabou mais lembrada do que a própria virada em si, iniciada exatamente com um tiro rasteiro no canto desferido por Micheli e então completada pelo mesmo Grillo. “Inexplicavelmente, nunca jogaram no Teatro Colón” foi como concluiu-se aquela nota sobre o quinteto na revista do centenário. Era uma referência ao grito da torcida por aqueles artistas: “ao Colón, ao Colón!”. Três dias depois, a Argentina ofereceu revanche e usou novamente os cinco atacantes do Independiente, mas a chuva torrencial só permitiu 24 minutos de jogo, sem gols.

Micheli-Cecconato-Lacasia-Grillo-Cruz ainda estiveram juntos também no 1-0 sobre a Espanha, em 5 julho, quando, Grillo fez o único gol, na última vez em que esse quinteto foi usado pela seleção. Pois o ano de 1953 seria também o último do gordinho Lacasia pelo Rojo. Em parte, porque, curiosamente, eles cinco não chegaram a ser tão efetivos no campeonato de 1953. O Independiente desceu para 52 gols e terminou apenas em 4º; onze gols e nove assistências em trinta jogos foram os números de Micheli em 1953, mas o Rojo finalizou a temporada indo bastante à forra na última rodada,  onde o Clásico de Avellaneda poderia propiciar o título ao grande rival. Naquele 22 de novembro, Micheli foi visto especialmente ao conferir assistência em cruzamento rasteiro para o terceiro gol de um 5-1 no Racing, que ficou em 3º, a quatro pontos do campeão River.

Teria mais: encerrada a temporada, o Rojo embarcou para a Europa e em 8 de dezembro encarou no Santiago Bernabéu um Real Madrid recém-reforçado com Alfredo Di Stéfano. É que os argentinos aplicaram um memorável 6-0 sobre os merengues – especial também por ser, por oito anos, a última derrota madridista em casa para estrangeiros, até caírem para os gols brasileiros do River em 1961. Os 6-0 até hoje são também a pior derrota caseira dos merengues. Metade dos gols foi de Micheli, que abriu o placar, aos 19 minutos do primeiro tempo, e depois fechou-o, anotando os dois últimos (aos 41 e aos 43 do segundo).

Até vale dizer que o Real Madrid, na época, não era o principal time nem mesmo da capital espanhola – venceria naquela temporada 1953-54 apenas o seu terceiro título espanhol e o primeiro em mais de vinte anos. Tudo bem: o Valencia, que já tinha três títulos antes em La Liga, levou de 3-0 no dia 15, com Micheli conferindo o segundo gol. O Atlético, então o clube madrilenho mais vencedor (quatro títulos espanhóis), tomou de 5-3 no dia 23. A viagem então prosseguiu para um quadrangular natalino em Lisboa, com o Boca e a dupla Benfica e Sporting, então o mais poderoso time lusitano, vencedor dos seis dos últimos sete campeonatos portugueses. Sobre os alviverdes, Micheli fez o sétimo gol em um 8-1 que valeu ao Rojo aquele troféu amistoso. Incrivelmente, o primeiro tempo terminou ainda em 1-1. Outro detalhe: a partida se deu em 27 de dezembro, apenas 48 horas depois de um econômico 2-1 no Benfica.

O Independiente que surrou de 6-0 o Real Madrid no Bernabéu, com três gols de Micheli: José Varacka, Barraza, Emilio Varacka, Violini, Arias, o técnico Crucci e Abraham; Micheli, Cecconato, Lacasia, Grillo e Cruz

Em janeiro de 1954, então, o pessoal de Avellaneda ainda ganhou de 3-1 de uma virtual seleção holandesa. Em meio à excursão, Lacasia lesionou-se e deu lugar a Ricardo Bonelli. Lacasia daria adeus, mas sua saída não mudou o costume da seleção em usar o ataque vermelho inteiro, pois o próprio Bonelli não tardou a ser também aproveitado pela equipe nacional ao lado dos outros quatro que remanesciam; ele estrearia ao fim de novembro de 1954, em 3-1 dentro de Lisboa sobre Portugal.

Aquelas memórias de 1990 de Juvenal detalharam a mudança: Bonelli “tinha outras características porque no lugar de inteligência aportava lampejo, engenho e malabarismo, se converteu no eixo do ataque”. Ainda houve alguma transição de quintetos: a linha Micheli-Bonelli-Lacasia-Grillo-Cruz somou onze partidas não-amistosas juntos, com trinta gols, por sinal a de média mais alta (2,8 gols por jogo) que a clássica Micheli-Cecconato-Lacasia-Grillo-Cruz (27 jogos, 53 gols, média de 1,96) e a formação que mais durou: Micheli-Cecconato-Bonelli-Grillo-Cruz registraram 49 jogos juntos e exatos cem gols pelo Independiente, em média de 2,08.

O obituário de Cecconato, em 2017, enfatizou uma estatística bem sonora: “no total, Grillo fez 90 gols pelo Independiente, Lacasia 61, Bonelli 55, Micheli 53, Cecconato 51 e Cruz 45. Deixando de lado a seleção e as partidas amistosas, chegaram a 355 gols. Nenhum ataque, nem sequer La Máquina do River, logrou um recorde semelhante”. Contudo, aqueles amistosos acabaram sendo a limitada vitrine daqueles craques à Europa: a Argentina deliberadamente não participou das eliminatórias à Copa do Mundo de 1954, ainda receosa de um possível vexame sem as estrelas que haviam se exilado, sobretudo no Eldorado Colombiano, após o insucesso da famosa greve de 1948.

Já o Independiente parecia manter o embalo daquelas viagens, com três vitórias e um empate nas quatro primeiras rodadas de 1954, pontuadas por um 3-0 dentro da Bombonera sobre o Boca e um 4-1 com dois de Micheli em pleno Cilindro racinguista no Clásico de Avellaneda. O ponta seria mesmo o artilheiro do elenco, com 17 gols, além de cinco assistências, em 29 jogos. Contra os cinco grandes, o Rojo só deixou de vencer uma partida, um 0-0 com o River. O problema foi a pouca seriedade contra os pequenos, tomando muitos empates em retas finais. No fim das contas, o Boca, embora derrotado também no returno (3-1, com dois de Micheli), seria campeão e o Rojo, o vice… mesmo tendo o melhor ataque novamente (61 gols). Daí porque a seleção continuava a empregar mais algumas vezes todo o quinteto vermelho, agora com Bonelli.

Imagem do EstadísticasCAI e o retrato do gol do título da Copa América 1955, no anfitrião Chile

Na seleção, o novo quinteto, curiosamente, também foi mais prolífico, com quatro jogos e 14 gols (média de 3,50!), em série iniciada naquele 3-1 dentro de Lisboa em 28 de novembro sobre a seleção portuguesa, duelo em que Micheli conferiu o segundo gol. O grande êxito veio na edição 1955 da Copa América, travada ao longo de março – após o Independiente saborear em janeiro um quadrangular com Austria Viena, Estrela Vermelha (ambos derrotados por 3-0, com gols de Micheli em cada) e River (5-4). Já na Copa América, Micheli-Cecconato-Bonelli-Grillo-Cruz foram usados integralmente nas três primeiras partidas: 5-3 no Paraguai, 4-0 no Equador e 2-2 com o Peru. Contra os paraguaios, Micheli anotou simplesmente quatro dos cinco gols.

O ponta também deixou o dele nos equatorianos e, após ficar em branco contra os peruanos, compensou nos dois jogos restantes – e como: foram dois gols na maior goleada argentina no clássico com o Uruguai, um 6-1, e o único no duelo final com o anfitrião Chile. A seleção da casa tinha chances de inédito título caso vencesse, gerando uma superlotação tamanha que, na tentativa de retirar do estádio Nacional pessoas que teriam entrado sem ingresso, sete pessoas morreram e cinquenta ficaram feridas na confusão gerada; havia também a expectativa pela artilharia do torneio. Ausente das duas edições anteriores da Copa América, a Albiceleste jogava pelo empate e terminou novamente campeã graças ao solitário gol de Micheli, artilheiro com dois gols a mais do que o chileno Enrique Hormazábal.

A ironia é que no decorrer de 1955, contudo, foi a vez de o Independiente ter a melhor defesa, mas com um ataque menos calibrado como antes, com 48 gols – Micheli contribuiu com apenas três próprios (em 21 jogos) e uma assistência. O time voltou a ficar em 4º e longe do campeão, o River, mas descarregou para cima do Vasco em pleno Maracanã em amistoso em 27 de dezembro: 4-1, com gol dele. Fito até foi imediatamente relembrado para nova Copa América, em janeiro de 1956, ainda que não fosse titular absoluto; foram duas partidas (2-1 no Peru, 2-0 no Chile) e o primeiro tempo de outra (1-0 no Paraguai), nas três rodadas iniciais. Adiante, Luis Pentrelli assumiu a titularidade na campanha vice-campeã. Ao todo, considerando somente as Copas América, foram exatamente oito gols de Micheli em oito jogos, somadas as duas edições em que participou.

Micheli ainda jogou mais duas vezes oficialmente pela Argentina, ao longo daquele 1956: 0-0 com o Brasil pela Copa do Atlântico, em 8 de julho, e 1-0 na Tchecoslováquia, em 19 de agosto. Em paralelo, seu Independiente fazia a pior campanha em anos, em 7º lugar. Duas assistências e sete gols em 24 jogos foram as estatísticas decadentes do ponta, ainda assim suficientes para fazer dele o vice-artilheiro do elenco, abaixo dos 17 gols de Grillo. O campeonato argentino de 1956 ficou mesmo como praticamente o último a reunir o quinteto mágico, que já não parecia tão mágico: Grillo esteve só na primeira rodada de 1957, já em 5 de maio, seguindo ao Milan. Cecconato não acertou uma renovação de contrato e, após sete partidas, escondeu-se no futebol de Mendoza.

Esquerda: Micheli dando palestra a estudantes do círculo de jornalistas esportivos da Argentina, na época da Copa América 2015, sessenta anos depois da artilharia dele. Direita: homenagem do Independiente em 2016 – Micheli, o presidente Hugo Moyano e os ex-colegas Varacka e Cecconato

O desmanche até abriu alas para futuros ídolos feitos Camilo Cerviño, Ramón Abeledo e Walter Jiménez. Mas naquele 1957 o Independiente voltou a ser 7º e também deu adeus a Micheli, que àquela altura só somou duas assistências e três golzinhos em 20 jogos. Ele até reapareceu na seleção, mas em jogo não-oficial, contra a seleção paulista, vencedora por 3-1 no Pacaembu em 12 de junho. Não havia maior margem para ele ter alguma chance de ir à Copa do Mundo de 1958, diante da eclosão de um sucessor bem mais habilidoso feito Omar Corbatta e com Héctor de Bourgoing aparecendo como opção imediata de reserva. Esses dois foram os ponta-direitas que serviram a seleção na vitoriosa Copa América de 1957 e restou a Micheli rumar ao River para ser reserva de luxo do próprio De Bourgoing.

Mas Fito foi reserva até demais: só foi utilizado duas vezes pelo Millo no campeonato de 1958 (em derrota de 4-2 para o San Lorenzo na 4ª rodada e no 1-1 com o Huracán na 5ª). Com a camisa do River, Micheli ainda apareceu também em seis partidas oficiais, pela Copa Suécia, torneio-tampão programado pela AFA para manter os times física e financeiramente ativos na pausa da liga argentina ao longo do Mundial de 1958. Mas para 1959 o ponta tomou o caminho do decadente Huracán. E foi razoável: não virou ídolo no Globo, mas seu perfil na Globopedia reconhece que no time de Parque de los Patricios ele “demonstrou ser um atacante completo, escorregadio com avanço pelas laterais, com pique, de bons cruzamentos e arremates”.

Curiosamente, ele pôde fazer mais dois jogos pela seleção antes mesmo de estrear oficialmente no novo clube. Micheli defendeu a Argentina em 12 e em 14 de abril, em jogos não-oficiais contra a dupla Grenal, ambos vencidos por 2-0 mesmo dentro de Porto Alegre. Já sua estreia competitiva como huracanense ainda tardou até a 7ª rodada, em 7 de junho – conferindo com seis minutos de jogo uma assistência para Elio Montaño abrir um 2-1 dentro da Bombonera sobre o Boca. Na rodada seguinte, gerou o rebote que propiciou o gol de empate (de Oscar Rossi) na virada de 3-1 sobre o Gimnasia. Contra o Independiente, na 9ª, não impediu uma surra de 4-0, mas cavou um pênalti, desperdiçado pelo colega Miguel Vidal. Os gols próprios foram três, distribuídos em 14 jogos.

Em 1960, ele buscou um pé de meia na Colômbia, como reforço de peso do Millonarios para a estreia colombiana na nascente Libertadores – e deixou o dele no 6-0 sobre a Universidad de Chile. Ganharia a liga colombiana em 1961 e em 1962 com o clube de Bogotá, em passagens intercaladas por uma rápida estadia no Platense pela segunda divisão de 1961; a equipe marrom foi 4ª colocada, com ele deixando seus últimos sete gols em canchas argentinas, incluindo o da vitória em 3-2 no clássico com o Tigre. Também há registros de partidas suas pelo futebol do interior até o fim dos anos 60, mas após deixar os grandes centros ele já ficou mais notabilizado por seu ativo papel na associação mutual de ex-jogadores argentinos. E segue perfeitamente lúcido e ativo passadas nove décadas de vida. Como na palestra dada na AFA na ocasião da chilena Copa América 2015, sessenta anos após aquela artilharia no mesmo Chile.

Atualização em 27-12-2022: Micheli faleceu nessa data, aos 92 anos. Do célebre quinteto ofensivo do Independiente, resta vivo somente o outra ponta, o ex-palmeirense Osvaldo Cruz. Ainda em 2020, Micheli reclamou da data do “dia do jogador de futebol” na Argentina ser transferida de 14 de maio para 22 de junho, em homenagem póstuma da AFA a Maradona – a nova data também se refere a uma vitória argentina sobre ingleses, na maradoniana quartas-de-final da Copa de 1986. O mais antigo artilheiro das Copas América passou a ser outro argentino, Humberto Maschio (89 anos), da edição 1957.

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

2 thoughts on “90 anos de Rodolfo Micheli, o mais velho artilheiro ainda vivo das Copas América

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

dois × 3 =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.