Blog FP: “Andate Berizzo!”
O que começou nas conversas de rua em La Plata e passou pelos fóruns de torcedores agora tomou conta das arquibancadas em que joga o Estudiantes: é evidente a insatisfação dos pincharratas com o trabalho de Eduardo Berizzo, que ontem foi alvo de furiosas vaias desde o início até o fim da partida.
A bem da verdade, duas questões preocuparam os hinchas do Estudiantes desde o começo. A primeira, o fato de o treinador vir da escola bielsista (marcação avançada, contra-ataque veloz) para assumir uma equipe treinada há anos por Sabella (marcação de meia pressão, seguida de toques de bola pacientes até encontrar o momento certo de atacar). Além disso, a inexperiência do treinador, que jamais havia sido comandante de nenhuma equipe.
Na primeira partida do ano, a estréia do Clausura contra o Newell’s, Berizzo mandou à campo sua equipe exatamente como fazia Sabella. 3-4-2-1, com a equipe marcando forte no meio campo, retomando a bola longe de seu próprio gol. O envolvente toque de bola comandado por Verón era utilizado enquanto se esperava o momento perfeito para o ataque final. Berizzo parecia ter concluído que era melhor não mexer em time que estava ganhando.
Mas na segunda partida tudo mudou. Contra o Cruzeiro, Berizzo desastradamente tentou mudar completamente o estilo de jogo da equipe, ainda que a escalação fosse a mesma. Marcação muito avançada, contra-ataques verticais, linhas de defesa, meio campo e ataque muito próximas e grandes espaços na defesa, tudo como no estilo Bielsista. O resultado foi avassalador: 5 a 0 para os mineiros.
Ao fim, El Toto pareceu ter chegado a uma solução de compromisso. A equipe jogava no 3-4-1-2, com a adição de um segundo centroavante e a atuação de Perez mais avançada, formando quase um 3-4-3. Mas marcando meia pressão, como nos tempos de Sabella. O time padecia de problemas táticos evidentes (marcação frouxa, grandes espaços entre meio campo e defesa, tentativa de contra-atacar rápido que claramente ia contra as características da equipe), soando mais como uma cópia ruim do Estudiantes de Sabella do que como um time forte.
Quando parecia que o time estava estabilizado, nova mudança, agora para um 4-4-2 com dois volantes centrais e dois meias pelos lados. A equipe passava a esperar o adversário e contra-atacar com as saídas de Perez e Barrientos pelos lados. A equipe se mostrava confusa em campo com tantas mudanças e os resultados não vieram. Berizzo mudou novamente, agora para um sistema com quatro zagueiros de área, quatro volantes, mais Enzo Perez e um atacante. A equipe foi eliminada da Libertadores en ão marca um gol desde 17 de abril, quando empatou em 2 a 2 com o Olimpo.
Berizzo usou 5 sistemas de jogo, distribuindo os jogadores de forma diferente pelo campo, mudando os nomes e os posicionamentos dos atletas várias vezes (Pérez foi enganche, meia pelo lado e atacante sem jamais render o mesmo do ano passado, quando foi um dos melhores jogadores do país) e propondo diferentes abordagens de jogo, totalmente distintas uma das outras (marcação avançada e contra-ataque rápido ao estilo bielsista, marcação no meio campo e contra-ataque cadenciado, como no Apertura 2010, marcação atrasada e contra-ataque lateral, como na Libertadores 2009). Em nenhum caso a equipe chegou perto de render como nos tempos de Sabella.
Claramente Berizzo está perdido. Não sabe o que fazer com o elenco que tem nas mãos, foi incapaz de manter o sistema que dava certo ou implementar um novo. Testa algo novo a toda partida sem achar o ponto de equilibrio. Nada disso impede que venha a ser um bom treinador. Mas está claro que no dia de hoje, Eduardo Berizzo ainda não é um treinador de futebol.