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AFA e CBF dão a receita de como empobrecer um clássico

No último mês de julho, os presidentes da AFA Julio Grondona e da CBF Ricardo Teixeira se reuníram em Buenos Aires para tratar da reedição da Copa Roca. Sem ser disputado desde 1976, o torneio teve 11 edições, com oito vitórias brasileiras e três argentinas. Os presidentes das duas confederações se reuníram na capital argentina para definir em quais condições a “nova” Copa Roca será disputada.

Ficou acertado que os dois países contarão com jogadores que atuam apenas nos campeonatos locais. Assim, tanto Argentina quanto Brasil poderão usar jogadores de times locais, o que suporá uma queda na qualidade técnica dos dois selecionados. Ainda que bons jogadores atuem no Brasil e na Argentina, as duas seleções têm suas bases atuando fora da América do Sul.

Com a condição da utilização dos jogadores locais definida, os mandatários da AFA e da CBF ficaram de decidir somente quando se dará a disputa do novo torneio. Na Argentina, as temporadas do futebol seguem o calendário europeu. O torneio “Apertura” começa em julho e termina em dezembro e o torneio “Clausura” começa em janeiro e termina em junho. No Brasil, a temporada começa em janeiro e vai até dezembro, com as disputas dos torneios regionais e do campeonato nacional. Um desafio para as duas associações será encontrar duas datas para a disputa do torneio.

Segundo os presidentes das associações, a convocação de jogadores locais aumentará o prestígio dos jovens jogadores que atuam no Brasil. A medida, mesmo que indiretamente, visa a Copa de 2014, pois tanto brasileiros quanto argentinos pretendem reformular as suas seleções e precisam dar experiência aos jogadores que atuam por aqui. Portanto, nada melhor que jogar contra a Argentina.

Mas a experiência poderá levar a resultados ruins. Tanto a Argentina quanto o Brasil ficaram conhecidos no mundo por montar seleções fortes para disputar torneios continentais e mundiais. Quando opta por selecionar jogadores que atuam somente nos torneios locais, os dois países tendem a não oferecer o espetáculo que estão acostumados e poderão assim oferecer um esvaziamento dos jogos. Além disso, dependendo do período que o torneio for disputado, tanto brasileiros quanto argentinos poderão contar com menos jogadores, já que muito provavelmente tanto clubes brasileiros quanto argentinos estarão envolvidos nas fases finais dos torneios locais e continentais.

Assim, AFA e CBF precisam definir logo quando será disputada a nova Copa Roca. Disso dependerá se mesmo os jogadores que atuam nos campeonatos locais poderão atuar pelas respectivas seleções. Se acontecer em meses considerados cruciais (como junho ou novembro), nem mesmo o apelo à mística das camisas será suficiente para atrair as atenções para a nova Copa Roca.

Alexandre Leon Anibal

Analista de sistemas, radialista e jornalista, pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte. Neto de argentinos e uruguaios, herdou naturalmente a paixão pelo futebol da região. É membro do Memofut, CIHF, narrador do STI Esporte (www.stiesporte.com.br ) e comentarista do Esporte na Rede, programa da UPTV (www.uptv.com.br ).

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