Primeira DivisãoRiver

Árbitro Lunati dá vitória a River sobre Arsenal

Pênalti inventado foi mais uma atitude suspeita do árbitro
Pênalti inventado foi mais uma atitude suspeita do árbitro

Fácil para você, hincha do River, achar ruim o título da matéria; difícil que um torcedor de outra equipe não a defenda. Isto porque quem deu a vitória ao River, sobre o Arsenal de Sarandí, foi o árbitro Pablo Lunati, anotando um pênalti absurdo em cima de Vangioni. “El Torito” Cavenaghi não quis nem saber e guardou a pelota no arco de Alejandro Limia. Com a vitória, o Millo chega à sexta posição no Torneio Final; teve um futebol burocrático e sofrível contra o Arse, mas teve sobretudo Lunati, que mais uma vez apareceu para salvar o glorioso conjunto de Bajo Belgrano.

História de sempre, Lunati apitando e o River ganhando. Gostem ou não do que falo, mas o fato é que os números estão aí para legitimar o que digo. Em 30 jogos, foram 10 vitórias do River, 11 empates e nove derrotas. Analisando friamente não vemos nada assombroso. O problema é quando se observa essas partidas dentro de campo. Só para se ter uma ideia, na B Nacional, Lunati apitou cinco jogos do Millo. Nenhum jogador millonario foi expulso, nove atletas dos rivais receberam cartões vermelhos. A história é tão cabeluda que merece uma matéria à parte. Mas vamos ao jogo contra o conjunto de Alfaro.

A postos nas arquibancadas, a torcida local fez aquela festa de sempre. Novidade nenhuma, já que se trata de uma hinchada fiel, sofredora até, nos últimos tempos, gloriosa. O apoio irrestrito não anulou a existência de algumas vaias ao time, fato raro na história do clube e no futebol argentino. Contudo, fato relevante se considerarmos a bolinha que tem jogado o River. Ela é tão pequenininha quanto os dois rivais de Bajo Belgrano: o Excursio e o Defensores. Portanto as vaias eram justas e, mais que isso, diziam muito sobre o que era o River dentro de campo.

Lanzini era peça decorativa no meio-campo. Estava lá para ser apreciada por sua categoria no trato com a pelota, na maneira como a mata de prima, no toque e passe rápido e preciso, nos deslocamentos do meio para os flancos do campo com a cabeça erguida. Estava lá para tudo isto. Mas não fez nada disso. Jogou nada e foi um dos motivos por que o time não se encontrava dentro de campo.

Do lado do Arse, também aquela velha história de sempre. Alfaro vai jogar na casa do rival e coloca até a mãe dele lá atrás, para defender a meta de seu porteiro. Fica lá gerando um jogo cínico e mal intencionado. Um jogo que dificilmente revela sua cara, quando se trata de atacar o rival. O jogo que busca o erro do adversário e que parece satisfeito com um mero empate. Ás vezes dá certo; às vezes, não. Ontem até daria, se não fosse Lunati.

Sorte do Arsenal é que o River demonstrava certo jogo coletivo, mas fracassava quando precisava de boas atuações individuais. Isto porque a forma mágica de superar o time de Alfaro é justamente com boas atuações individuais de um ou dois atletas, que sejam. Em defesa de Lanzini vale dizer que ele está sobrecarregado e exausto. Mas nada a dizer sobre Teo “el Pistolero” Gutiérrez. Isto fica claro quando Balanta precisa deixar a zaga para se fazer de duble de atacante. E o jogo não rendia. Nada acontecia e o tempo passava.

Por incrível que pareça, o árbitro estava bem próximo do lance
Por incrível que pareça, o árbitro estava bem próximo do lance

No segundo tempo, a esperança era a de que tudo fosse diferente. Maia ilusão; foi tudo igual. E o jogo era cansativo, com muitos erros de passes curtos e uma incrível dificuldade de entrar na área do porteiro visitante. Foi então que apareceu Pablo Lunati. Bola lançada para Vangioni e a marcação chega forte, empurrando em cima e dando um toquinho por baixo. Falta clara que o atento árbitro apitou. Só que para a surpresa até de Vangioni, Lunati correu com aquela mão apontada para a cal: pênalti. Todo mundo reclamou, mas não adiantou: “el Torito” Cavenaghi foi lá e guardou: 1×0 River.

Curioso é que mesmo depois do gol a torcida se mostrava impaciente com o time. Timeco na opinião da hinchada. E ao menos dentro de campo era isso mesmo. Só que as vaias desequilibravam ainda mais os nervos à flor da pele do elenco de Díaz. Então, todo mundo fugia da responsa de decidir. A pelota girava pra lá e pra cá sem nenhuma objetividade. Ferreyra entrou na partida e gerou mais profundidade. Até que o time melhorou um pouquinho.

Só que não adiantou. Ficou mesmo no 1×0. Importa menos para o River o fato de Lunati ter assinalado um penal inexistente. Importa mais o fato de que a equipe somou sete pontos nos últimos nove disputados. Chega a 11 e fica a três do líder Colón. Só que no meio tem muito mais gente: tem Godoy Cruz San Lorenzo, Estudiantes e Vélez. Isto em si, juntamente com o futebol que o Millo está jogando, preocupa muito a Ramón Díaz. Preocupa ainda mais a sua gloriosa torcida.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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