Libertadores

Arsenal: uma Libertadores sem perspectivas

Uma das primeiras equipes argentinas a estrear na fase de grupos e o Arsenal de Sarandí, que enfrentará o Fluminense fora de casa. Conheça  aqui a equipe azul e vermelha e saiba qual é seu potencial para complicar a vida do tricolor carioca.

Para começar, é importante lembrar que a equipe do coração do todo poderoso Julio Grondona já viveu dias melhores. O título da Sul-Americana de 2007 parecia indicar que um novo clube forte havia surgido. No entanto, nos anos seguintes o Viaduto não repetiu o brilho. Só está na Libertadores em função da controvertida decisão da AFA de entregar uma vaga à equipe do país que fizesse a melhor campanha na Sul-Americana. Quem foi mais longe na competição foi o Vélez, mas como o Fortín já estava classificado por ter conquistado o Clausura 2011 a vaga caiu no colo do Arsenal, que havia sido eliminado nas quartas de final, fase à qual só chegou graças a um gol irregular marcado por Blanco Leschuk na fase anterior, contra o Olímpia. Mas vale notar que a decisão da AFA não foi um favorecimento ao clube de seu presidente: a decisão foi tomada antes do início da Sul-Americana.

A estratégia padrão de jogo do Arsenal em 2011 foi se postar na defesa, com duas linhas de quatro bastante recuadas e dois laterais que mal ultrapassam o meio campo. A estratégia era calcada nas boas atuações do goleiro Campestrini e da ótima dupla de zaga, formada por Burdisso e Lopez. Retomada a posse da bola, o responsável pela armação das jogadas era Adrian Gonzalez (ex-São Paulo), coadjuvado por Juan Pablo Caffa, quase sempre em longos lançamentos para o ótimo atacante Mauro Óbolo. Em suma, contra-ataques e bolas paradas (também sob responsabilidade de Gonzalez) são a forma mais comum pela qual a equipe chega ao gol adversário.

Mas algumas coisas deverão mudar. Após um 13o lugar no último torneio Apertura, o Arsenal perdeu sua referência, o centroavante Óbolo, para o Vélez. Mas contratou o colombiano Carlos Carbonero, que não se deu bem no Estudiantes, e tem atuado no lugar de Gonzalez. Com isso, o que se viu na partida contra o Huancayo, na última semana, foi uma equipe eficiente como sempre na defesa, mas sem nenhuma saída no contra-ataque, já que, sem Gonzalez e Óbolo, o contra-ataque do Viaduto perdeu toda a sua força. Apenas após as entradas de Caffa e Leguizamón a equipe de Gustavo Alfaro se acertou e encontrou o gol de empate.

Assim, a equipe que o Fluminense enfrentará certamente priorizará seu forte setor defensivo, buscando o contra-ataque e as bolas paradas. Mas o grande problema é encontrar um substituto para Óbolo, bem como acomodar em campo Adrian Gonzalez (em 2011 o comandante dos contra-ataques) e Carbonero, a mais importante contratação do clube. Uma possibilidade estudada pelo treinador é recuar Adrian Gonzalez para a lateral (posição em que já jogou, e na qual o São Paulo quis utilizá-lo), para que suba ao ataque para fazer dupla pela direita com o meia colombiano. Para o ataque, o clube espera que Córdoba, repatriado do Equador, resolva os problemas do gol da equipe.

E outro aspecto importante é o fato do clube não estar bem posicionado na tabela de promédios, onde ocupa neste momento a 15a posição. Sabedor de quem tem escassas possibilidades de avançar em um grupo que tem Boca Juniors e Fluminense, é possível que o Arsenal não priorize a Libertadores, se preocupando mais em garantir seu posto na elite do futebol argentino. Com tudo isso, o Viaduto está longe de ser uma equipe talhada para disputar as fases mais avançadas do torneio continental. Provavelmente fará jogos duros, sua boa defesa deverá resistir bem à pressão dos adversários, mas esperar algo além disso é sonhar alto.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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