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Blog do FP: Independiente, 5 meses sem uma vitória e um precipício que atrai

Não é por acaso que o Independiente está na zona de rebaixamento. O clube não vence um partida há cinco meses. É isso mesmo, são 17 partidas consecutivas sem que a torcida do Rojo comemore uma simples vitória. Esse quadro apenas dimensiona o momento da equipe, ao mesmo tempo em que reduz drasticamente as esperanças de a equipe possa se salvar do rebaixamento.

Poderia ter sido ainda pior o resultado do Independiente contra o Albo. Na ocasião, o Rojo perdia para o conjunto da Floresta, mas conseguiu o empate no fim da partida. Contudo, isso importa pouco se considerarmos que o conjunto de Avellaneda não vence uma partida há cinco meses. No período, foram 15 jogos pelos campeonatos locais e dois pela Copa Sul-Americana.

Este fato coloca o momento atual do Rojo como o pior de sua gloriosa história. Apenas em 2002 que o clube esteve em uma situação parecida. Porém, naquela ocasião, a situação não foi tão grave, já que foram 14 jogos sem vitória. Se considerarmos a situação dos promédios, o quadro fica ainda mais terrível.

O clube está em último lugar na tabela dos promédios, com números de 1,119. Isto quer dizer que o Rojo vai precisar de uma campanha de campeão para se salvar do rebaixamento. Como se trata de um clube grande, é possível considerar a salvação como algo totalmente possível. Só que basta olhar para os números atuais do clube para se dar conta de que se livrar do rebaixamento é uma tarefa já quase impossível.

Neste período, o clube trocou Cristían Díaz por Américo Gallego, com a expectativa de que tudo seria diferente com o novo treinador. Não foi e a equipe ainda perdeu um trabalho que poderia redundar uma equipe mais sólida e competitiva. Vale lembrar que desde que assumiu o Rojo, Díaz deixava claro que seu trabalho seria difícil e que os resultados demorariam. Em outras palavras, para Díaz, o simples fato de salvar a equipe do rebaixamento seria um fato a ser comemorado. Acharam pouco e mandaram o técnico embora.

Trouxeram Gallego sem nenhuma proposta clara. Isto quer dizer que as expectativas incluíam até o sonho de chegar à conquista de um título. E agora, com a situação desesperadora, o ideal seria que as pessoas acordassem e modificassem as suas expectativas. Mas não é isso que parece ocorrer em Avellaneda. Por lá, todos da comunidade vermelha ainda parecem sonolentos em relação ao precipício que atrai o clube a cada rodada.

Para piorar a situação, parece que alguns de seus rivais diretos trabalham de maneira séria atualmente. É o caso do San Martín de San Juan. O Verdinegro já apresentava consistência e um futebol incompatível com os péssimos resultados que vinha alcançando. Até que essa consistência resultou em uma apresentação indiscutível frente ao Quilmes, na goleada por 4×0.

Se alguém questionar ao torcedor do San Martín sobre o momento do clube, ele dirá que o campeonato da equipe passa apenas por se salvar do rebaixamento. Nada mais. Por que no Independiente ninguém fala isso claramente à comissão técnica, jogadores e torcida? Não fala porque todos demoram para perceber o pior. Associado a isto, está o nariz empinado de quem sabe que o clube é gigante, mas que não admite que no atual momento ele é menor que o Atlético Rafaela ou o glorioso San Martín SJ.

Além disso, o Independiente tem a Copa Sul-Americana pela frente. O que fazer com ela? Embora todos os títulos sejam importantes, não seria o caso de entenderem que o titulo da vez é apenas o de permanecer na elite? Convém lembrar que na Argentina quando um grande cai não é como no Brasil, em que contratos firmados garantem, por exemplo, que os mesmos valores da TV sejam mantidos por um tempo. Por lá, na Argentina, isso não ocorre. Além disso, para piorar, há no mínimo uma indicação de que o ingresso tenha o seu valor reduzido na B Nacional.

Ou seja, se o Independiente está em crise até por causa do endividamento atual; esta situação só tende a piorar caso o clube vá parar na segunda divisão. O problema é sério, mas não parece suficiente ainda para despertar um mínimo de coerência e de atitude diferenciada quanto ao atual precipício que atrai toda a comunidade roja a cada dia. Só que a temporada está somente começando. O momento de se preocupar com isso ainda não chegou. Chegará quando restarem apenas dois ou três jogos para fechar a temporada atual, em meados de 2013. Momento em que os cartolas desaparecem e deixam os torcedores sofrendo e presa indefesa de sua forte emoção. Foi assim com o River.

Vai ser assim com o Independiente e provavelmente com mais um grande do país: River ou San Lorenzo. Porém, no Rojo, assim como nos rivais, ninguém se preocupa com isso agora, pois tal preocupação cabe ao fraquíssimo San Martín e também ao Quilmes e ao Rafaela, clubes com expressão bem menor, mas que vão escapando da degola, pois não querem deixar o problema para o fim da temporada atual.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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