Primeira Divisão

Boca e River viveram um dia de clássico tipicamente argentino

Lanzini marcou hoje o gol mais rápido da história dos superclássicos
Lanzini marcou o gol mais rápido da história dos superclássicos

Desde Buenos Aires – No segundo superclássico depois da volta do Millonario à primeira divisão, novamente Boca e River não conseguiram tirar vantagem e empataram por 1 a 1 na Bombonera. No fator extracampo, a partida foi marcada por diversas interrupções no segundo tempo, quando a torcida Xeneize atirou fogos de artifício no gramado. O goleiro Barovero foi quem mais sofreu com a hostilidade dos donos da casa e viu um morteiro explodir bem perto do seu pé.

Do primeiro tempo pode-se dizer que foi eletrizante. Logo aos 45 segundos de jogo Lanzini arrematou de cabeça uma bela jogada de muita velocidade do ataque Millonario. Marcou o primeiro gol da tarde e ainda escreveu seu nome na história. O gol do meia hoje na Bombonera é o mais rápido na história dos superclássicos. River na frente 1 a 0. O Millo queria mais e envolvia a frágil e exposta defesa Xeneize com toques rápidos e explorando principalmente na velocidade de Iturbe.

Em uma dessas perigosas descidas, o atacante ganhou o duelo com seu marcador, invadiu a área e saiu cara a cara com Orión, mas ao invés de finalizar a gol tentou o passe para Funes Mori que fechava pelo meio da área. O passe foi cortado pela defesa do Boca que a cada investida do rival se assustava e parecia perdida. Em outra oportunidade, novamente o veloz  Iturbe cruzou da esquerda e a bola sobrou limpa para Carlos Sánchez marcar o segundo.  Num excesso de preciosismo o jogador tentou encobrir Orión e acabou jogando pra fora a chance de definir o clássico ainda no primeiro tempo.

Silva e sua típica explosão de euforia ao comemorar
Silva e sua típica explosão de euforia ao comemorar

Conforme o tempo ia passando a sensação era de que o River Plate poderia aplicar uma goleada história ao seu eterno rival. Porém o futebol não conhece justiça e o que conta mesmo é bola na rede. Como os visitantes não puderam concretizar as diversas oportunidades em gols, Santiago Silva encontrou o seu. Erviti fez a jogada pelo lado direito de ataque e passou para o centroavante dentro da área. O uruguaio se adiantou ao seu marcador e de chapa, batendo de primeira, mandou no lado oposto de Barovero. Era o empate no final do primeiro tempo; 1 a 1 e tome comemoração com muita fúria e punhos cerrados, típica de Silva.

Já que os primeiros quarenta e cinco minutos foram de muita movimentação e oportunidades de gol, tudo parecia indicar que a etapa final seria de dois times buscando uma vitória que daria uma injeção de ânimo para a sequência do ano. Mera ilusão. Um jogo amarrado e por diversas vezes extremamente violento não animava ninguém. Até que a torcida do Boca resolveu começar a disparar o seu “arsenal” de fogos de artifício e causou a interrupção da partida por mais de 10 minutos. Torcedores se penduravam nos alambrados atrás de ambos os gols e uma faixa com insultos ao River foi estendida. Vale lembrar que na cidade de Buenos Aires as torcidas precisam obedecer a um limite de tamanho em bandeiras e faixas que levam aos jogos. Aquela que foi mostrada hoje extrapolava, e bastante, essa lei.

Ramón deixa o campo gesticulado para os Xeneizes
Ramón deixa o campo gesticulado para os Xeneizes

Quando finalmente a bola voltou a rolar, de futebol mesmo apenas uma chegada do Boca e que Barovero conseguiu defender na base do reflexo. No final do jogo Burdisso entrou de maneira violenta em Mora e recebeu um justo cartão vermelho direto. Ramón também foi expulso e enquanto saia de campo, gesticulava para os torcedores Xeneizes que cantavam “vos sos de la B”. O técnico do River sinalizava que ele, Ramón Díaz, não havia ido para a segunda divisão. Insólito.

Final de jogo e um empate justo pelo que foi o contexto geral da partida.

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

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