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Boca Juniors faz um “papelão” em Miami

Os bicolores brincaram. Quando quiseram foram lá e fizeram dois gols

Por muito pouco esse amistoso sequer ocorreria. Trata-se do cotejo entre Boca Juniors e a seleção de Honduras, em Miami. A disposição dos xeneizes em levar um time alternativo provocou insatisfação generalizada. Já dentro de campo, os reservas do Boca perderam de 2×0, apesar de a seleção hondurenha ter atuado em ritmo de treino.

Um papelão daqueles que fazem os organizadores pensarem duas vezes antes de convidarem um clube para um amistoso, em uma segunda oportunidade. Assim pode-se resumir o que fez a direção do Boca Juniors em Miami. A partida seria no Sun Life Stadium e contra a seleção de Honduras. Todos esperavam pelo Boca, só que quem apareceu por lá foram os reservas do clube da Ribera. E com um detalhe: até mesmo o técnico Fralcioni faltou à festa, mandou o seu assistente, Javier Sanguinetti.

Certo é que os xeneizes deixam claro que pretendem valorizar sua participação no Torneio Inicial. Contudo, não deveriam aceitar o convite para atuar diante dos hondurenhos. Um dia antes do amistoso, os organizadores se deram conta de que o time argentino mandaria um elenco apenas reserva. Ficaram furiosos e ameaçaram suspender a partida. Depois, cogitaram simplesmente cancelar o evento. Em vão, os patrocinadores exigiram do do agente que encontrasse um rival à altura para o duelo contra “los bicolores”. Então, alguns patrocinadores temeram pela reação dos torcedores que já haviam adquirido os ingressos para o cotejo.

Para piorar a vida desses patrocinadores, os torcedores, maioria absoluta de hondurenhos que residem em Miami, se mostraram descontentes com a atitude do Boca e boicotaram a bilheteria do evento. Também a TV se prontificou a negar a transmissão da partida para vários locais ao redor do mundo, como havia sido definido a priori.

A imprensa hondurenha e de Miami não pouparam críticas ao clube da Ribera. Adjetivos como “irresponsáveis” é pouco para definir a revolta e as críticas à direção xeneize. Por fim, ocorreu o jogo. E como o Boca apresentava um time de reservas, Honduras resolveu fazer apenas um treino de luxo contra o conjunto dirigido pelo “falso Falcioni”, chamado Javier Sanguinetti.

O jogo foi todo dominado pelos bicolores, que prenderam o Boca Juniors no seu campo de defesa. A proposta do contragolpe funcionou apenas em duas oportunidades para os argentinos. Em ambas, a pelota ficou facilmente nas mãos do porteiro hondurenho.

A equipe xeneize mostrava um natural desentrosamento e por isso não conseguia ser eficiente na transição da pelota do meio-campo para o ataque. Perdido na frente e sendo o único atacante, Nico Blandi foi facilmente anulado pela boa linha de quatro defensores de Honduras. Quando os xeneizes pareciam se acostumar ao cenário, surgiu o gol de Jerry Bengston, aos 22 minutos do primeiro tempo.

Daí até o final dos primeiros 45 minutos foi jogo de um time só; uma espécie de ataque contra defesa. Foi também o jogo da tentativa de chegar ao gol contra o jogo da “tentativa-de fazer-a-falta”. Só assim o Boca conseguia parar Honduras. Afora isso foi só rezar para o tempo passar depressa.

Na segunda etapa, o Boca teve sorte. Ocorre que “La Bicolor” resolveu trocar todo mundo, numa clara demonstração de que estava encarando o cotejo como se fosse um treino de luxo. Para piorar a vida do Boca, mesmo com as alterações o time caribenho ainda se mostrou superior dentro da cancha.

Fácil falar da superioridade hondurenha. Difícil é explicar por que o Boca chegou duas vezes. Em uma delas, Nico Blandi quase foi o nome do gol de empate. Só que, mesmo trocando nove atletas em 45 minutos, Honduras chegou ao segundo tento com Marvín Chávez, aos 42 minutos.

Rigorosamente os caribenhos foram superiores durante todo o jogo. Só que para o Boca, a partida valeu pela estreia de Guillermo Burdisso, que atuou nos 45 minutos iniciais. Valeu também pelos 380 mil dólares que foram para a conta do clube da Ribeira.

Burdisso atuou apenas no primeiro tempo para que fosse possível que pegasse um voo em direção a Buenos Aires. Na Argentina, o zagueiro se juntará aos treinamentos para estar pronto para o duelo de sábado, contra o All Boys.

O resultado do jogo pareceu pouco importante para o reduzido número de torcedores que forma ao Sun Life Stadium. Assim parece ter sido também para o elenco bicolor da mesma forma que foi para o agente, os organizadores e os patrocinadores do malfadado cotejo entre Boca Juniors e a seleção hondurenha. O que importou mesmo foi o “papelão” argentino. E isso não deverá ser esquecido tão cedo.

Boca: Sebastián D’Angelo; Alan Aguirre (Cristian Álvarez), Christian Cellay, Guillermo Burdisso (Brian Flores), Fernando Evangelista; Diego Rivero, Cristian Erbes, Guillermo Fernández, Nicolás Colazo (Orlando Gaona); Leandro Paredes; e Nicolás Blandi. Técnico: Alcídes Pícolli – Javier Sanguinetti

Honduras: Noel Valladares (Alberto Mendoza); Vìctor Bernárdez, Osman Chávez (Juan Carlos García), Mauricio Sabillón (Roger Espinoza), Maynor Figueroa (José Velásquez); Wilson Palacios (Bryan Beckeles), Edder Delgado (Luis Garrido), Oscar Boniek García (Mario Berrios), Mario Martínez; Jerry Bengtson (Marvin Chávez) e Georgie Welcome (Juan Ramón Mejía). Técnico: Luis Suárez.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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