Libertadores

Boca: o algoz do Brasil na Libertadores

Na última década o Boca Juniors passou a ser visto como uma verdadeira máquina de moer brasileiros. Na Bombonera, em particular, é raríssimo uma equipe brasileira se sair bem. Os números são incontestáveis: em 15 partidas disputadas em seu estádio contra clubes brasileiros pela Libertadores, os xeneizes colecionam nove vitórias, três empates e apenas três derrotas.

Curiosamente a história começa com uma das poucas derrotas xeneizes, ocorrida na grande final de 1963. O Santos havia vencido com muitas dificuldades no Maracanã por 3 a 2. Na Bombonera o lendário Sanfilippo (que havia marcado os dois gols do Boca na partida de ida) abriu o placar, mas Pelé e Coutinho marcaram os gols da virada santista, garantindo o bicampeonato para o clube da Vila.

O próximo encontro ocorreria apenas catorze anos depois, e novamente em uma final, contra o Cruzeiro. Na partida de ida, disputada na Bombonera, Veglio marcou logo nos primeiros minutos o gol da vitória, importante para que o Boca terminasse campeão daquela edição do torneio. No ano seguinte os xeneizes venceram também os grandes rivais da Raposa, aplicando um sonoro 3 a 1 no Atlético/MG pela segunda fase do torneio.

Mais treze anos se passaram até que o Boca enfrentasse outra vez clubes brasileiros pela Libertadores. E a Bombonera viu a eliminação dos dois mais populares clubes do Brasil na Libertadores de 1991: um implacável 3 a 0 no Flamengo (dois gols de Latorre e um de Batistuta) e 3 a 1 sobre o Corinthians, dois gols de Batistuta e um de Graciani. Em 1994 um Boca mais combalido perderia por 2 a 1 para o Cruzeiro em casa e venceria o Palmeiras por 2 a 1.

O confronto seguinte ocorreria em outra final, a de 2000, contra o Palmeiras. No jogo de ida, a Bombonera viu um 2 a 2 (dois gols do Vasco Arruabarrena, atual treinador do Tigre, e Pena e Euller para o Palmeiras), que obrigou o Boca a conquistar o título no jogo de volta, no Morumbi. No ano seguinte, nas quartas de final o Boca eliminou o Vasco com um implacável 3 a 0, dois gols de Guillermo Barros Schelloto e um de Matellán. Nas semifinais mais um 2 a 2 com o Palmeiras, placar repetido em São Paulo, levando à classificação xeneize nos pênaltis. A essa altura o Boca já era visto como um carrasco pelos brasileiros.

Mas no dia 24/04/2003 ocorreria uma grande surpresa, naquela que foi a última derrota do Boca para um clube brasileiro na Bombonera: o Paysandu derrotou os xeneizes por 1 a 0, gol de Iarley. O que não impediu a classificação xeneize, após um 4 a 2 em Belém do Pará. Naquela mesma edição, uma outra final contra um brasileiro, desta vez o Santos. E no jogo de ida dois gols de Chelo Delgado encaminharam a conquista xeneize, assegurada com outra vitória, desta vez por 3 a 1, no Morumbi.

Já a essa altura visto como um pesadelo pelos brasileiros, o Boca eliminou o São Caetano da edição seguinte dentro da Bombonera, em uma disputa de pênaltis que se seguiu a um empate de 1 a 1. Em 2007 praticamente garantiu o título ao vencer o Grêmio no primeiro jogo da final por 3 a 0, com um show de Riquelme (que ainda marcaria os gols da vitória por 2 a 0 no jogo de volta). E na última vez em que recebeu um brasileiro na Bombonera, no dia 30/04/2008, Riquelme e Dátolo marcaram os gols xeneizes na vitória por 2 a 1.

Após quase quatro anos, o Boca Juniors volta a receber uma equipe brasileira em sua casa (houve nesse intervalo a partida contra o Fluminense nas semifinais de 2008, disputada no Cilindro de Avellaneda). É hora de ver se a versão 2012 dos xeneizes será capaz de manter a escrita e seguir sendo o terror para os brasileiros que se aventuram por lá.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

One thought on “Boca: o algoz do Brasil na Libertadores

  • Flávio de Souza

    Esqueceu-se da vitória sobre o Cruzeiro por 2×1 na Libertadores de 2008.

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