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Confusão e morte suspende Vélez e San Lorenzo

Três anos depois e a tragédia se repete. O Vélez Sarsfield e San Lorenzo marcado para hoje não conseguiu chegar no seu primeiro quarto de tempo. Briga e invasão de torcida, bem como confusão com óbito nos arredores do estádio El Fortín (José Amalfitani), deixam o futebol argentino de luto em pleno domingo.

A tristeza é ainda maior porque era o aniversário da morte de Emanuel Alvarez, torcedor do Vélez morto com um tiro por um torcedor do San Lorenzo antes da partida entre as duas equipes em março de 2008.

Com um gesto de luta pela paz, os dois times entraram neste 20 de março de 2011 em uma troca de flâmulas pela paz.  No entanto, essa não era a vontade das torcidas. Primeiro foi a torcida do Vélez que ficou atingindo o gramado com papéis e pedras para a partida não se iniciar.

Com 15 minutos de atraso, a partida iniciou e o San Lorenzo parecia melhor encaixado em campo. O setor do meio-campo do CASLA tinha clara superioridade diante dos rivais donos da casa.

Só que a torcida do San Lorenzo iniciou uma ampla revolta contra o reforço policial e contra as agressões que vinha sofrendo.  Tudo isso levou à invasão do campo e à suspensão da partida.

Tudo indica que os torcedores se revoltaram de vez quando souberam da morte, fora do estádio, do torcedor Ramon Aramallo,  de 40 anos, por politramautismo. Ele chegou sem vida ao hospital.  Há indícios de quatro policiais feridos e pelo menos mais um torcedor do San Lorenzo nessa mesma situação.

O presidente do San Lorenzo, Carlos Adbo, chorou com a situação na entrevista coletiva e pôs a nação azulgrana de luto. A mulher de Ramon Aramallo, segundo o Olé, acusa a polícia de ter matado o seu marido.  Em entrevista em frente à Delegacia, Mabel Flores declarou que a própria polícia reconheceu para ela que eles tinham o pegado.

Aramallo deixa sua viúva e dois filhos, um de cinco e outro dez anos. Ele ia aos estádios desde os 16 anos de idade e sua esposa acredita que a morte não foi fruto de uma briga de torcidas, mas sim uma má conduta policial.

Rafael Duarte Oliveira Venancio

Em 2010, na primeira versão desse texto, Rafael Duarte Oliveira Venancio escrevia para o Futebol Portenho, era professor do Senac e doutorando na USP. Em 2014, era professor doutor da Universidade Federal de Uberlândia e mantinha o blog Lupa Esportiva no Correio de Uberlândia. Agora, em 2020, é pós-doutor pela ECA-USP, além de escritor e dramaturgo com peças encenadas em 3 países e em 3 línguas. Nestes 10 anos, sempre tem alguém comentando este texto com ele, seja rindo, seja injuriado...

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