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Conheça alguns enganches que podem virar ídolos no Brasil

O sucesso recente de jogadores argentinos no Brasil aguçou o desejo de clubes brasileiros em contar com jogadores do país vizinho. Afinal, quem não quer ser o próximo a ter um jogador como Conca e Montillo em suas fileiras? O Futebol Portenho indica hoje alguns jogadores que poderiam ser úteis a clubes brasileiros, bem como cuidados necessários antes de contratar atletas argentinos.

Afinal, se houve grandes sucessos entre os argentinos importados, houve os fracassos. Alguns foram frutos de observações equivocadas, outros de desconhecimento, e há aqueles que foram trazidos para realizar funções diferentes daquelas que desempenhavam originalmente. Como Defederico, enganche mais agressivo, velocista e driblador, trazido para ser o organizador do Corinthians. Não poderia dar certo.

É preciso saber que há tipos diferentes de enganche. Alguns preferem organizar o jogo a partir da meia cancha, vindo de trás, de forma que não chegam a ser típicos enganches, podendo ser utilizados na linha de meiocampistas (um exemplo seria Verón em seu auge; hoje, veterano, La Brujita se transformou em volante).

O melhor exemplo atual é Walter Erviti, do Banfield. Talentosíssimo, capaz de colocar a bola debaixo do braço e ditar o ritmo da partida, o jogador atua por uma equipe pequena, que não disputará a Libertadores e pode querer aproveitar a última chance de ganhar dinheiro com sua venda, já que possui 30 anos.

Outro exemplo de jogador desse estilo é Leandro Benitez, do Estudiantes. Habilidoso e muito forte nas bolas paradas, El Chino acabou sendo pouco utilizado no último Apertura. A despeito de ter tido bom papel na reta final, com a contusão de Peñalba, seu status de reserva e a idade (29 anos) poderiam torná-lo um investimento de custo não muito alto. Tem a vantagem adicional de também poder atuar pelo lado esquerdo do meio campo.

Há ainda os enganches mais próximos a Defederico, que não têm característica de organizar o jogo, preferindo marcar gols e fazer assistências. São equivalentes aos nossos meia-atacantes. Três dos melhores jogadores do último Apertura pertencem a essa categoria. O primeiro é Enzo Perez, figura central da campanha vitoriosa do Estudiantes, tem 24 anos, e por certo custaria um bom dinheiro, já que está valorizado pelo título. Na Argentina comenta-se que teria despertado o interesse do Catania.

Outro é David “El Mago” Ramirez, do Godoy Cruz, o grande nome da campanha que levou seu clube pela primeira vez à Libertadores. Por jogar em uma equipe sem tradição e já ter 29 anos poderia ser acessível a interessados. No entanto, é preciso se apressar, já que o jogador estaria negociando sua transferência para o Colo-Colo.

Há também o colombiano Gio Moreno, do Racing. Aos 24 anos, o jogador chegou a ser ventilado como possível reforço cruzeirense. Certamente custaria caro, mas trata-se de investimento com altas possibilidades de retorno. Agressivo, rápido, driblador e artilheiro, Moreno é um dos mais promissores jogadores em atividade no futebol argentino.

Mas o tipo clássico de enganche, aquele que como Riquelme joga solto entre o meio campo e o ataque, organizando a equipe mas também marcando gols, certamente é o maior sonho de consumo brasileiro na atualidade. Damian Diaz, do Cólon, é um jogador desse tipo. Aos 24 anos, está na lista de reforços de vários clubes, e teve uma passagem pelo Chile, assim como Conca e Montillo. Talvez possa ser um sinal de sorte para os clubes brasileiros.

No mesmo estilo, um jogador promissor é Mauro Formica, do Newell’s Old Boys. Aos 22 anos, já foi apontado como possível reforço para o Corinthians, e tem as características que o clube procurava originalmente em Defederico (que, especula-se, poderia entrar na negociação com o Timão). O problema é que também haveria clubes europeus interessados em seu futebol.

Outro nome disponível é Maxi Moralez, do Velez Sarsfield. Aos 23 anos, já é o maior ídolo de sua equipe, e muito se especula sobre uma possível transferência para o exterior (não seria a primeira vez, já que, após ser revelado pelo Racing, teve uma passagem pelo futebol russo). Seu preço certamente seria elevado, mas trata-se de jogador já pronto e testado. O único inconveniente é a repetição das lesões.

No River Plate há o garoto-prodígio Erik Lamela, de 18 anos. No entanto, trata-se de jogador cujo preço seria proibitivo. O Barcelona tentou contratá-lo quando tinha apenas 12 anos, e já há informações de propostas de clubes italianos como Milan e Napoli.

Mas no mesmo clube há também o jovem Manuel Lanzini, de 17 anos. O jogador participou bem de algumas partidas do Apertura, mas lesionou-se e acabou atuando pouco, geralmente deslocado pra o lado esquerdo do meio campo. Dada a notória falta de paciência do River com jogadores jovens, não é impossível que Lanzini possa ser vendido a algum clube que ofereça uma boa proposta. É um jogador em quem poderia valer a pena apostar.

Como se vê, Conca e Montillo não são casos isolados. Há vários outros jogadores de nível igual ou superior no país onde nasceram. A questão é apenas observar e escolher o jogador dentro das necessidades do clube. E em vários casos é bom fazer isso logo, já que não faltam interessados na própria Argentina e em outros países.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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