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Desacreditados contra a América 2 – Godoy Cruz

De todos os clubes argentinos que conquistaram vaga na Libertadores, nenhum veste melhor a camisa desta série do que o representante de Mendoza. Os que não o conhecem, ou sua trajetória para chegar onde chegou, se perguntam como conseguiu tal façanha, deixando Racing, Boca e River de fora. No terceiro capitulo dos “Desacreditados contra a América”, o clímax se apresenta com nome e sobrenome: Godoy Cruz Antônio Tomba.

Mas é compreensível que se conheça pouco sobre o Tomba. Chegou a Primera División em 2006, caiu depois de uma temporada irregular, voltou em 2008 e até o ano passado não fazia campanhas de muito destaque. Era apenas um franco-atirador cujo local preferido para atacar suas vítimas era o estádio Malvinas Argentinas, em Mendoza.

A cidade, aliás, se enche de orgulho pelo feito histórico. Como já mencionado pelo editor-chefe do site, Thiago Henrique de Morais, o Godoy é o primeiro clube da região do Nuevo Cuyo (Mendoza, San Juan, La Rioja e San Luis) a disputar uma Copa. Até hoje, só times da Grande Buenos Aires e da região Central cruzaram a fronteira. Comparando com os brasileiros, é como quando o Paysandu representou o Norte em 2003, chegando até as oitavas.

Boa parte dos méritos para este feito se devem ao comando do homem na foto acima. Até 2010, Omar “Turco” Asad era conhecido apenas pela história como jogador no Vélez. No início do ano, porém, aceitou sair das inferiores em Liniers para comandar os profissionais mendocinos. Não dá para dizer totalmente que o futebol do grupo dele foi sempre regular durante o ano. Já os resultados…

Até a penúltima rodada do Clausura, estavam disputando o título junto do Argentinos Juniors e do Estudiantes. Na época, demonstravam um estilo comparável ao do “Boring Arsenal”, pois se apoiavam na melhor defesa do torneio para ganhar jogos em placares mínimos. De grão em grão, conquistaram o bronze inédito.

Eis que na volta do intervalo pós-Copa, um Godoy Cruz totalmente diferente disputou o Apertura. Mesmo cedendo Higuaín ao Colón, o conjunto do Turco Asad dependeu dos homens de frente para conseguir os triunfos. Não tinham a mesma solidez defensiva, nem tampouco a mesma força de anfitrião (foram até goleados pelo Vélez por 4 x 0). Os gols de Castillo e do Mago Ramírez, no entanto, foram suficientes para um 5° lugar e para chegar a vaga inédita.

Futuro incerto

Se o Tomba chegou a Libertadores com esforços do técnico Asad e do colombiano Castillo, o que a equipe fará sem os dois no elenco em 2011? O atacante vai jogar no Querétaro (MEX), enquanto que o Turco comandará o Emelec (EQU).

Essa é uma pergunta que sempre atormentou os clubes mais modestos que conseguem chegar a competição continental. As maiores qualidades individuais deles são logo cobiçadas por times mais abastados. Foi assim com o Colón e o Banfield nesse ano, com o Lanús em 2008, e pode acontecer com qualquer um, de qualquer país.

O novo comandante, o uruguaio Jorge “Polilla” da Silva, assumiu na terça-feira, e provavelmente ainda busca soluções para manter um futebol de bom nível. Afinal, num grupo com Peñarol, LDU e (talvez) Independiente, nada menos que isso servirá para que o Godoy Cruz continue no seu caminho histórico, mesmo desacreditado.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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