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Desacreditados contra a América 2 – Independiente

O último dos “Desacreditados contra a América” quebra as regras que o Futebol Portenho criou para esta série. É um gigante do futebol argentino e mundial, com tamanha tradição que não havia nos últimos seis representantes do país. Apesar disso, conseguiu a vaga contra todos os prognósticos, numa final levada até os pênaltis. Para disputar a pré-Libertadores, o maior vencedor da Copa se apresenta: Club Atlético Independiente.

Essas qualificações, no entanto, enganam se forem respeitadas como atuais. Embora tenham sete troféus, os Rojos não levantam um novo de 1984, quando venceram o Grêmio. Disputar a Libertadores já era luxo para o clube, que há sete anos não chegava sequer próximo da vaga. Não fosse uma novidade implantada pela Conmebol, se a Sul-Americana não premiasse o campeão com esta “promoção”, ainda teriam de esperar um pouco mais.

Foi um atalho para o antigo Rey de Copas, mas não significa que foi tranquilo. Começou devagar, passando pelo Argentinos sem problemas. Já na sequência, com Mohamed no comando, precisaram do fator casa para vencer o Defensor. Da mesma forma passaram pelo Tolima, embora com dois empates. Só contra a LDU que o time conseguiu sua maior façanha fora de casa: marcar dois gols em Quito ao se recuperar de um placar de 3 x 0 contra.

A decisão contra o Goiás também teve seus toques de heroísmo. O Independiente destruiu, logo no primeiro tempo, uma vantagem que parecia consolidar o título esmeraldino. Naquele jogo, porém, o triunfo nos pênaltis veio mais como um alívio, pois a equipe sofreu para não levar gols de um adversário com qualidade ofensiva superior em campo. De modo geral, aliás, os Rojos não deixaram uma boa impressão apesar da conquista.

Um fato que soa mais forte a quem acompanha o time de Avellaneda na Argentina. Estes se lembram que a equipe do primeiro semestre apresentava um futebol mais vistoso, a ponto de brigar pelo título do Clausura. O conjunto de Gallego, que tinha em Ignácio Piatti sua principal referência de criação, terminou na 4ª colocação, conquistando a vaga bem-aproveitada na Sul-Americana.

Entretanto, nem o técnico, nem o armador, e nem o artilheiro Dario Gandín ficaram para continuar o trabalho na segunda metade do ano. Garnero assumiu no banco, e o Cuqui Silvera acabou herdando a responsabilidade de decidir na cancha. Para ambos, o fardo acabou sendo pesado demais, mesmo com a volta de Matheu para reforçar a zaga. O Independiente se viu brigando contra as últimas posições.

Antes do clássico de Avellaneda, o presidente Julio Comparada resolveu agir. Demitiu Garnero, resistiu as pressões populares pelo retorno de Gallego e bancou o Turco Mohamed para salvar o 2010 dos Rojos. Deu certo contra o Racing, ainda que o torneio nacional não fosse mais prioridade. Apostaram as fichas todas na Sul-Americana, que trouxe o resultado da volta olímpica, mas teve na lanterna do Apertura o efeito colateral.

De volta ao Equador

Antonio Mohamed terá de fazer outra boa exibição no Equador, a exemplo da semifinal contra a LDU, para avançar a fase de grupos. O adversário será o Deportivo Quito, que também joga com a altitude de aliada para conquistar triunfos continentais. Caso avance, reencontrará a Liga, além do Godoy Cruz e de um antigo rival dos anos 70/80: o Peñarol (URU).

Naturalmente que o planejamento de pré-temporada já está sendo feito todo pensando nos equatorianos, mas o Turco já falou publicamente que não aceita menos que o oitavo caneco. Para isso, até já especulam contratações galáticas, como as de Gaby Milito, Matias Defederico e German Dênis. As duas últimas estão sendo levadas mais a sério, já que do meio pra frente está a maior debilidade do elenco. Só faltaria mesmo dinheiro, já que o clube tem uma dívida que se acerca dos 150 milhões de pesos.

Mas se pensarmos bem, a atitude do técnico simplesmente condiz com o que a tradição do clube manda. Como esperar que o Independiente lute por algo menos do que já ganhou por sete vezes?

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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