San Lorenzo

Dia seguinte tem pedido de perdão e decisão do treinador em partir

Lammens

Apenas dois dias depois. Fosse há um ou dois anos e o San Lorenzo estaria mergulhado em profunda crise. Afinal, após muitos anos de ausência, finalmente a equipe de Boedo chegou na disputa final de um importante caneco. Só que os tempos são outros. Da autocrítica calibrada de Pizzi ao apoio irrestrito da hinchada, passando pela atitude dos dirigentes de se colocarem à frente do problema, o que se vê é um amadurecimento institucional raro no glorioso clube azulgraná. De lamentável, o fato de que Gonzalo Verón sofreu rompimento dos ligamentos do joelho. De festivo, a atitude no clube de não deixar no passado o que ocorreu em Catamarca e de tirar importantes lições para o futuro próximo. Este é o novo San Lorenzo, um clube que finalmente parece configurado para vencer.

Impressionou o apoio absurdo que o San Lorenzo teve de seus torcedores. Isto, antes, durante e depois do jogo. Nem mesmo o fato de que torcedores locais contavam com o triunfo, pois muitos deles sequer haviam tido algum contato com a esquadra cuerva, conseguiu abalar o carinho da massa torcedora aos jogadores. Poucos foram aqueles que se dirigiram às suas casas, antes de acalentar aos jogadores. Um dos mais festejados era Mercier, monstro na partida e retrato da dedicação em campo à camisa azulgraná. Após o jogo, o ex-atleta do Argentinos mal conseguia ficar de pé. Outro que recebeu forte consolo foi “Pipi” Romagnoli, um dos mais inconsolados, após o jogo.

Gritos de apoio a um clube de futebol é comum, quando ele chega em uma distante cidade para desfilar seu futebol para seus hinchas mais distantes. Incomum, porém, foi o que se viu em Catamarca. Os gritos de apoio na chegada do clube ao local da Final foram os mesmos gritos entoados quando a delegação deixava a quente cidade do deserto.

Essas manifestações atingiram diretamente o coração do presidente Lammens. “Isto apenas destaca o quanto o San Lorenzo é um clube nacional. Lamentamos profundamente e pedimos desculpas aos torcedores”. E o cartola falava também sobre os bravos torcedores que deixaram Buenos Aires para acompanhar a equipe em Catamarca:”O que mais apunhala o nosso peito é saber que essa família que viajou teve de voltar com a dura derrota”.

O presidente do Ciclón também teve de lidar com a decisão do treinador em deixar o cargo. “O que fez o Pizzi apenas mostra o tipo especial de pessoa que ele é. Simplesmente lhe disse que se aceitasse sua renúncia, lhe cobraria até o último dia de seu contrato. Precisamos ter a cabeça fria e entender que a briga ainda segue em outras frentes; estamos, por exemplo, a poucos pontos do líder do Torneio Inicial. Isto só é possível pelo grande trabalho realizado por ele. Assim, não tem sentido se o deixemos partir”. Tal como o presidente, também o empresário Tineli se colocou contrário à saída do treinador.

Lammens lembrou que o San Lorenzo tem um planejamento rigoroso e que as conquistas podem ser uma questão de tempo. E associou muito do sucesso atual à presença de Pizzi no clube. “Hoje é graças a ele que o San Lorenzo tem ótimos garotos na equipe principal; isto é parte do projeto e se deve a ele. Gestões com tal qualidade precisam de prazo e de tempo. Assim, este é o momento para que todos nós mostremos sensatez”.

Sem fugir das responsabilidades com o elenco, o presidente cuervo sinaliza com imediatas reposições às baixas de Gonzalo Verón e Cauteruccio. O jovem atacante sofreu rompimento dos ligamentos do joelho direito. Como a ausência de Verón se soma a de Cauteruccio, Lammens promete intervir: “Claro que o plantel vai sentir a ausência desses jogadores. Na próxima semana, nos decidiremos sobre os possíveis nomes para substitui-los. Não será fácil, mas não deixaremos de tentar”, finalizou o mandatário azulgraná.

Desta forma, a acachapante derrota para o Arsenal, e a frustração em não retornar à Libertadores, parecem não ter abalado as estruturas do clube de Boedo. Em vez disso, a tranquilidade e o equilíbrio demonstrados no atual momento dimensionam o quanto o San Lorenzo se configura pouco a pouco para as conquistas que sua grandeza merece e espera.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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