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FP no frio de Buenos Aires: Vitória ao melhor estilo Boca

Boca vence e assume a ponta isolada

Desde Buenos Aires – Com um golaço de Silva, o Boca venceu o Colón por 1 a 0 e assumiu a liderança isolada do Clausura, já que mais cedo nesta tarde, Newell’s e All Boys empataram por 1 a 1 em Rosário. Além do rival, os Xeneizes precisaram vencer também a inferioridade numérica. Insaurralde, ainda no primeiro tempo, e Clemente Rodriguez, na etapa complementar, foram expulsos numa polêmica atuação do árbitro Federico Beligoy. Agora, Riquelme e companhia voltam a atenção para a Copa Libertadores. Na próxima quarta-feira, recebem o Unión Española no primeiro jogo das oitavas de final da competição.

Ambiente

O frio intenso e a garoa fina que caiu durante todo o sábado, eram indícios de que a partida entre Boca x Colón poderia ter pouca presença de público. Uma hora e meia antes da bola rolar, a movimentação pelas ruas do turístico bairro “La Boca” era tímida e tranquila.

Os torcedores do Colón chegavam animados chegavam e em bom número. Eram tipos bem fáceis de identificar, não somente pela camiseta do time de coração, mas com câmera na mão, registravam cada detalhe do mais portenho dos bairros de Buenos Aires. Do lado Xeneize quase não se notava as cores tradicionais do time, nas vestimentas de seus torcedores. O frio fez com que muitos deixassem de lado as roupas da equipe, e escolhessem opções de abrigos um pouco mais “poderosos”.

Tudo seguia muito calmo e quase não parecia que naquele estádio ocorreria uma importante partida da primeira divisão do campeonato argentino. Mas como a mística que envolve a Bombonera, de repente, em questão de vinte ou trinta minutos, as ruas começaram a se encher de gente cantando e gritando sua paixão pelo Boca. Minutos antes de entrarmos no estádio, as filas que se concentravam nas catracas eram enormes. Segredos que somente a Bombonera conhece e não revela para ninguém.

O jogo

A felicidade dos torcedores do Boca começou assim que o time pisou em campo e todos puderem ver Riquelme correndo em direção ao centro do gramado. O jogador era dúvida em função de uma pancada recebida em um dos coletivos no meio de semana. A recepção contou com tudo aquilo que manda o script em jogos de times argentinos: fogos de artifício, muito papel picado e uma torcida que cantava sem parar.

Com a bola rolando, o primeiro tempo foi muito interessante. O Colón não se resignou apenas em defender e procurava manter uma postura ofensiva. Do lado dos donos da casa, Erviti fazia grande partida. Junto com Riquelme, criava as melhores opções de ataque do Boca. Na primeira boa chegada Xeneize, Sosa recebeu no bico da grande área e arrematou cruzado, mas a bola se perdeu pela linha de fundo.

Depois o time de Falcioni encontrou o caminho secreto para vencer o Colón: o frágil lado esquerdo dos defensores. Na primeira descida por esse lado, Cvitanich colocou com perfeição a bola na cabeça de Santiago Silva, mas o uruguaio desviou para fora. Mas na segunda tentativa ele não falhou. Outro cruzamento da direita e dessa vez, Silva fez um golaço. Pegou de primeira num lindo voleio que estufou as redes de Pozo, Boca na frente 1 a 0. Na comemoração o atacante levou o cartão amarelo porque se tapou com uma das lonas de publicidade que ficam à beira da linha de fundo.

Silva e o golaço que deu a vitória

Após receber o golpe, os visitantes se lançaram ao ataque. Insaurralde fez falta dura e foi expulso direto, sem nem mesmo receber o amarelo. Falcioni se viu obrigado a mexer no time e tirou Cvitanich para a entrada de Caruzzo. O Boca conseguiu resistir e levar a vantagem para o intervalo.

Na volta para a etapa complementar, pressão do Colón. O jogo fica disputado e o árbitro sai distribuindo cartões. Só amarelos foram 9 ao total (sendo 6 para o Boca e 3 para o Colón). O próximo a ser expulso seria Clemente Rodriguez, e de maneira bem infantil. O jogador recebeu amarelo por reclamação. Continuou falando com Beligoy que não teve dúvidas em dar o segundo amarelo e expulsá-lo.

Com dois homens a menos o Boca recuou. Falcioni mexe de novo e desta vez saca Riquelme por Sanchéz Miño. A pressão dos visitantes era grande e encurralava os Xeneizes no seu campo. Na melhor oportunidade de empatar, a bola fica viva na área do Orión, no bate e rebate, três vezes os santafesinos chutaram a gol sempre encontrando algum corpo vestindo amarelo pela frente, até que o goleiro do Boca conseguiu agarrar a bola. A partir daí, a outra mística da Bombonera começou a funcionar: a torcida. Cantavam sem parar como quem dá forças ao time e o empurra dentro de campo para bem longe de sua área.

Erviti foi o grande destaque da noite, correndo por todos lados do campo, assumia sua função no meio e ainda voltava para ocupar o buraco deixado pela expulsão de Clemente Rodriguez. Blandi entrou no lugar de Silva que recebeu um merecido “uruguaio, uruguaio” de todo o estádio. O Colón ainda teve Fabianesi expulso depois de fazer falta dura no meio de campo.

Final de jogo e alívio. Uma vitória que deixa o Boca na ponta do Clausura e vivo nas três competições que disputa.

Vestiários

Nos corredores internos, todos esperavam pela palavra de Silva, autor do golaço que deu o triunfo ao Boca. Mas o primeiro a aparecer para conversar com os jornalistas foi o técnico Falcioni. De bom humor, ressaltou o espírito de luta da equipe mesmo jogando com dois homens a menos. Só ficou sério quando foi perguntado sobre a infantil expulsão de Clemente Rodriguez: “Passou, passou” disse. Preferiu não criticar a arbitragem, mas avisou em tom ameaçador: “Vocês viram, cabe a vocês julgarem”.

Depois ainda passaram Cvitanich, que elogiou o golaço do companheiro e o autor da obra de arte da noite. Enquanto Silva dava sua entrevista, os jogadores saiam do vestiário e Riquelme, com um aparelho de som, escutava uma cumbia em volume altíssimo.

A boa vitória e o bom clima deste Boca Jrs, podem resultar em muita coisa boa para seu torcedor daqui pra frente.

 

Confira as fotos do pré-jogo.

 

Leonardo Ferro

Jornalista e fotógrafo paulistano vivendo em Buenos Aires desde 2010. Correspondente para o Futebol Portenho e editor do El Aliento na Argentina.

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