EspeciaisExterior

Há exatos 10 anos, Messi estreava profissionalmente no Barça. E em clássico!

Messi

Não foi a primeira vez dele no time principal, mas foi a primeira vez pertencendo ao elenco profissional. Foi em vitória fora de casa no clássico catalão, contra o Espanyol. Em 16 de outubro de 2004, ou seja, há exatamente dez anos, começava para valer a carreira do maior craque da rica história do Barcelona. E, talvez, do mais maravilhoso jogador deste início de milênio.

Dez anos atrás, o principal jogador do mundo era do Barcelona e concorria pelo posto com Ronaldo, do Real Madrid. Mas o cenário era outro: o Ronaldo madridista era o Fenômeno, não Cristiano (já um jogador pop mas ainda abaixo de Figo e Rui Costa na seleção portuguesa e de Ruud van Nistelrooy em Manchester; na Inglaterra, aliás, Liverpool, Manchester City e mesmo Chelsea estavam longe do patamar atual: poderoso era o Arsenal campeão invicto). E o astro blaugrana era Ronaldinho Gaúcho, que ao fim do ano terminaria eleito pela primeira vez pela FIFA, mesmo ainda sem títulos no Barça. Que ainda só tinha a Liga dos Campeões de 1992, sem as três levantadas desde então.

Ronaldinho chegara à Catalunha em 2003 mas o time só despontou no início de 2004, com o reforço do holandês Edgar Davids (em sua última temporada em alto nível). Foi tarde demais para ganhar La Liga de 2003-04, vencida pelo Valencia na última vez que o Espanholzão escapou de Barça e Real até o Atlético interromper dez anos depois essa sequência – a Bola de Ouro da France Football ficou com Andriy Shevchenko, por exemplo. Mas a ascensão de R10, mantida no início da temporada 2004-05, não passou despercebida na FIFA e no mundo.

Já a estreia profissional de Messi, sim. Ninguém fora dos limites de La Masía conhecia La Pulga, nem mesmo os argentinos, a não ser quem prestara atenção em pequena nota da revista El Gráfico em 2003 sobre “o craque desconhecido”. Ele havia estreado no time principal havia exatamente onze meses, em amistoso com o Porto de Deco e José Mourinho em 16 de novembro de 2003, na inauguração do Estádio do Dragão; depois jogou outro amistoso, com o Olympique de Marselha. E foi substituindo exatamente Deco naquele 16 de outubro de 2004 que veio a estreia em jogos competitivos.

Messi2
“Leo, entras ya por Deco”. Os aplausos de Gullit e Rijkaard ao fundo provavelmente eram ao luso-brasileiro

O luso-brasileiro havia sido o autor do único gol da partida, em chute de fora da área aos 9 minutos que desviou em adversário e enganou o goleiro camaronês Idris Kameni, no Estádio Olímpico de Montjuïc, então a casa do Espanyol antes do Cornellà-El Prat. O rival estava em boa fase, na quinta colocação. O técnico Frank Rijkaard substituiu Deco aos 37 do segundo tempo para permiti-lo descansar um pouco, e ninguém da plateia de cerca de 34.400 pessoas desconfiou presenciar um momento histórico no futebol na entrada daquele adolescente de 17 anos e 4 meses (o segundo mais jovem a estrear profissionalmente no Barça, algo percebido pelo diário Mundo Deportivo na hora) vestindo a camisa 30.

Recém-campeão da Liga dos Campeões com o Porto e vice na Eurocopa, Deco estava entre reforços da temporada para bons coadjuvantes de Ronaldinho, junto do francês Ludovic Giuly, justamente vice da Liga dos Campeões com o Monaco, o sueco Henrik Larsson e o camaronês Samuel Eto’o. Messi, assim como outro reserva usado, um tal de Andrés Iniesta, nem entre os craques secundários aparecia. Improvável que 2004 tenha se encerrado já com alguma comunidade no nascente Orkut dedicada a Lionel. Os argentinos conhecidos estavam todos do lado contrário: Maxi Rodríguez (Copas de 2006, 2010 e 2014), Mauricio Pochettino (Copa 2002) e Hugo Ibarra (lateral do grande Boca de Carlos Bianchi). Mas o Barcelona estava desfalcado de quatro titulares e precisou preencher o banco com garotos do time B.

O Barcelona voltou a ser campeão espanhol após seis anos (hoje algo inimaginável. É o maior jejum do clube desde 1985) ao fim daquela temporada, mas com o argentino totalizando apenas 77 minutos – seu primeiro gol só viria em maio de 2015, sete meses depois. É mesmo incrível como muita coisa muda em dez anos… Abaixo, ficha técnica daquele jogo:

Barcelona: Víctor Valdés, Belletti, Carles Puyol, Oleguer e Rafael Márquez, Giovanni van Bronckhorst, Xavi e Deco (Lionel Messi 37/2º), Henrik Larsson, Ronaldinho Gaúcho e Samuel Eto’o (Andrés Iniesta 22/2º). T: Frank Rijkaard. Espanyol: Idris Kameni, Hugo Ibarra, Albert Lopo, Mauricio Pochettino e David García, Ito, Ángel Morales (Álex Fernández 15/2º), Maxi Rodríguez (José Amavisca 15/2º) e Iván de la Peña, Óscar Serrano (Ferrán Coro 29/2º) e Raúl Tamudo. T: Miguel Ángel Lotina. Árbitro: Megía Dávila. Gol: Deco (9/1º). Cartões Amarelos: Morales (10/2º), Van Bronckhorst (17/2º), Belletti (38/2º) e Larsson (41/2º).

httpv://www.youtube.com/watch?v=iFT8nOnyiMw

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

dezessete − 5 =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.