Mundial de Clubes

Mundial de Clubes em terras de Grondona

grondona

O velhinho já tem 82 anos, mas prova que ser burocrata é remédio dos melhores para a longa vida. E enquanto não morre, Grondona segue inventando. Agora quer duas edições do Mundial de Clubes em solo argentino. O projeto já está feito e deverá ser entregue à FIFA nos próximos dias. Do ponto de vista dele, Grondona, não há nada de errado nisso, muito pelo contrário. Já do ponto de vista do povo… Ora, quem se importa com o povo? Povo existe mesmo é pra pagar as contas; as suas próprias, as dos políticos e as dos cartolas. Olha só o caso do Brasil: o povo paga a conta e paga o mico na Sbórnia em que somente a reforma da Arena da Baixada custou o mesmo preço da moderníssima cancha da Juventus de Turim.

Mas o problema é da Argentina. Dos argentinos, em especial. A coisa não anda nada boa por lá, mas o Grondona quer piorar. Vai propor e insistir até que a FIFA ceda ao país a celebração de duas edições do Mundial de Clubes, a de 2017 e a de 2018. Na cabeça do velho louco não tem problema nenhum se vai custar pouco ou muito aos cofres públicos do país. Afinal, se os gastos forem exorbitantes a Argentina vai aumentar bem suas chances de sediar a Copa do Mundo de 2030, ao lado do Uruguai. Se gastar pouco o recado à FIFA será claro: “aqui a corrupção é pequena e a seriedade é grande; se quiserem roubar vão ciscar em outra freguesia”.

Demagogo que é, o velhinho foi logo associando o projeto a Boca e River, que teriam seus estádios requisitados para as duas competições. E com uma demão daquelas para atingirem o chamado padrão-FIFA. Desnecessário dizer que o povo vai pagar a conta dessa loucura. Porém, tem algo que incomoda ainda mais. O cartola acorda um dia e fica sabendo que a FIFA vai abrir claros a quem desejar se candidatar a receber os Mundiais de Clubes. Decide que quer logo dois e pronto: basta confeccionar o projeto e entregar à entidade-mor do futebol mundial. E o governo, não fala nada?

Sequer é consultado. Já se cansou de dizer sim ao velho louco da AFA e o cartola já se cansou de perder tempo. Grondona sabe bem que o governo argentino sempre vai chancelar todos os seus planos dementes. Sabe que os custos serão debitados, como sempre, nas contas dos mesmos. E em nome deles governo e cartolagem podem até chorar de felicidade com o anúncio positivo sobre a escolha da sede – provavelmente de candidatura única -, assim como fizeram a comitiva brazuca quando o Brasil saiu vencedor à organização do Mundial de 2014. As lágrimas de Sérgio Cabral e Lula serão as lágrimas de Grondona e Kirchner. Isto, se estiverem vivos até lá.

Se o Uruguai é besta por pleitear com a Argentina o Mundial de 2030 ao menos foi lúcido agora para dizer não a Grondona. É que o “dono da AFA” entrou em contato com a AUF (Associação Uruguaia de Futebol) com objetivo de convencer os charrúas a pegarem um “Mundialzinho” para eles. Rechaçaram a ideia, ao menos por enquanto. O prazo final para a entrega das candidaturas é 30 de março de 2014.

Não bastasse tanto delírio e tem mais um. É que o velho louco quer dar um jeitinho para que River e Boca sejam os representeantes do país nas competições. O que pode acontecer via título previamente arranjado ou via decreto, o que significaria mais uma negociata com a FIFA, se ocorrer de os dois gigantes do futebol argentino não serem campeões nacionais.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

18 − dezessete =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.