Primeira Divisão

Quem é Carlos Luque, o novo reforço do Internacional?

Carlos Luque, o novo reforço colorado, passou por várias seleções de base em seu país natal
Carlos Luque, o novo reforço colorado, passou por várias seleções de base em seu país natal

E mais um estrangeiro chegou ao futebol brasileiro. O mais novo hermano do brasileirão já vinha sendo especulado há dias, e finalmente teve sua contratação anunciada: é Carlos Luque, cria do Colón, que se incorporará ao Internacional nos próximos dias. Quem é esse jogador?

Carlos Martín Luque é um jovem (21 anos) e promissor atacante revelado pelo Colón, mesmo clube que formou Mugni, do Flamengo. Sempre foi apontado como uma jóia da base sabalera, e passou por várias seleções argentinas de base. Jogou o mundial sub-20 de 2011 pela albiceleste, e só não fez parte da pífia participação argentina no Sul Americano sub-20 de 2013 por uma lesão que ocasionou seu corte. Em meio ao imediatismo que reina no futebol argentino, Luque demorou para ser titular do clube de Santa Fé. O atleta participa da equipe principal de forma esporádica desde 2011, mas, embora tenha sido escalado diversas vezes em 2013, não conseguia se firmar no time titular.

A coisa só mudou com a grande reformulação efetuada na equipe entre o fim do ano passado e o início deste ano. 2013 terminou da pior forma possível para o Colón. A equipe terminou o Inicial com apenas seis pontos, e, devido a inúmeras dívidas com atletas, foi impedido pela AFA de contratar jogadores para o Final. Veio uma grande mudança na direção, e o novo treinador, Diego Osella, não teve opção e deu chance aos mais novos. Finalmente chegou a vez de Luque ter uma sequência de jogos na equipe titular. Preocupado com o rebaixamento, o novo treinador montou uma equipe com uma defesa forte, apostando nos contra-ataques.

Nesse contexto Carlos Luque se destacou. Veloz e habilidoso, o jogador mostrou muita eficiência para fazer a transição do meio campo para o ataque. Canhoto, conduzia a bola com muita eficiência, em especial pelo lado esquerdo do campo. Foi figura essencial para que o Colón tenha liderado parte significativa do Final, a despeito da queda de rendimento no fim.

O que esperar do futebol de Luque no Internacional? Para começar é imprescindível lembrar que é necessário ter paciência. E não apenas por ser um jogador jovem. Também há que se ter em conta que a forma de jogar no Brasil e na Argentina tem diferenças. Por exemplo: o 4-2-3-1, que se transformou praticamente em unanimidade nacional no Brasil, é quase desconhecido na Argentina. O 4-3-1-2, popularíssimo no país vizinho, nunca fincou raízes por aqui. Existe a possibilidade de que Luque seja sensação instantânea por aqui, mas não convém contar com isso.

O sistema ideal para Luque é o 4-4-2, como o utilizado pelo Colón. O jogador poderia ser muito útil como segundo atacante, criando jogadas pelos lados do campo (principalmente pela esquerda) para alimentar Rafael Moura, já que é alguém que é bom nas assistências mas faz poucos gols. Pode também fazer o lado esquerdo num 4-2-3-1 ou em um 4-1-4-1, desde que não se espere que seja muito presente na marcação dos laterais adversários quando subirem ao ataque. Trata-se de um atacante, que pode ser adaptado para essa função, mas dificilmente se sentiria bem num primeiro momento tendo de ficar diversas vezes tão longe do gol adversário.

Acima de tudo, é importante que o Internacional saiba que jogador contratou. Um jovem e promissor segundo atacante, canhoto, veloz e inteligente, muito hábil para puxar contra-ataques. Mas que não está acostumado a marcar os laterais adversários, até porque os laterais argentinos normalmente não têm o ímpeto ofensivo verificado naqueles que atuam no Brasil. Mais que isso, é importante que o colorado saiba que o jogador necessitará de um tempo para se adaptar, e que pode até mudar algumas de suas características, mas dificilmente isso ocorrerá com sucesso instantaneamente.

Tiago de Melo Gomes

Tiago de Melo Gomes é bacharel, mestre e doutor em história pela Unicamp. Professor de História Contemporânea na UFRPE. Autor de diversos trabalhos na área de história da cultura, escreve no blog 171nalata e colunista do site Futebol Coletivo.

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