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Raio X do Newell´s. Para Grêmio´s e outros

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Em jogo decisivo para pretensões do Grêmio, apresentamos um pequeno Raio X da equipe do Newell´s. Conjunto de Enderson Moreira corre riscos não apenas na noite de hoje, mas no Grupo VI. Então, vejamos um pouco mais do surpreendente conjunto leproso de Rosário.

Como joga

Muito compactado na defesa, quando é pressionado pelo rival. Nesses casos, convém ao adversário que não apenas pratique um jogo coletivo eficiente. Além disso, se faz necessário que performances individuais se destaquem. Uma das surpresas para lidar com essa forma de atuar do Newell´s é apresentar jogadores que saíam da defesa e surpreendam a ótima marcação da equipe de Berti.

Isto exige do Grêmio um trabalho muito rápido do meio-campo para frente e com exaustiva exploração dos lados do campo, quando for atacar. É preciso acionar o Wendell, mas, de preferência, também o Pará, e ao mesmo tempo. Wendell será peça-chave no jogo. Para o bem ou para o mal das pretensões gremistas. Outro que está na mesma situação é Ramiro. A jovem promessa tricolor há de ser o volante na hora certa, assim como um meia avançado em outros momentos. Saber determinar esses momentos poderá ser decisivo para a felicidade do Grêmio na partida.

Situação decisiva

Para a sorte do Grêmio, o Nacional de Medellín ficou apenas no empate com o Nacional do Uruguai, na Colômbia. Ainda assim, a situação é decisiva para o time gaúcho. Se perder na data de hoje, dificilmente o conjunto do Enderson vai tirar essa diferença no quarto jogo, em Rosário. Assim, é bem possível que após a quarta rodada, o Grêmio caía para a terceira posição no Grupo VI. Permaneceria com seis pontos, enquanto Newell´s iria a nove pontos e Medellín possivelmente a sete pontos, mesmo que atuando na cancha do Bolsito, em Montevidéu. O quinto jogo do Grêmio será em Medellín, enquanto o último cotejo, mesmo no Olímpico, não será nada fácil, pois o Nacional charrúa tem atuado até melhor fora do que dentro de casa.

Protagonismo no jogo e esquemas táticos perigosos

Um problema para o Grêmio é que o Newell´s costuma buscar o protagonismo tanto dentro como fora de casa. Isto vai acontecer também em Porto Alegre. O jogo da Lepra é vertical, rápido e moderno, mas, muitas vezes, é também o jogo paciente da troca de bola; um toca-toca que fazia parte do Newell´s de Martino e que segue com o Berti.

Na partida em que goleou o Vélez o esquema, no papel, foi o 4-3-3, que é típico do Newell´s, mas, ao mesmo tempo, um esquema fictício. Na prática, trata-se de esquema super-colaborativo. Desenhada dessa forma, a equipe abandona esse esquema logo que as jogadas se iniciam, no campo de defesa. Então, surge uma verdadeira alternância de posições a partir do meio-campo para frente. Casco e Cárceres, ou Cristian Díaz, são os primeiros a deixarem suas posições. Eles ou trocam de lado de campo ou praticamente viram meias. Foi assim contra o Vélez, em que Díaz, no lugar de Cárceres, trocou várias vezes de lugar com Milton Casco.

Em Porto Alegre, é possível que Berti relativize um pouco essa postura tática, mas não muito. Assim, é provável que apenas um de seus laterais ataque por vez. De qualquer forma, eis as formações que podem aparecer diante do Tricolor:

Esquema 4-3-3 e suas variações

Bem, o time provável contra o Grêmio será: Guzmán, Cárceres, Víctor Lópes, Heinze e Casco; Vlillalba, Banega e Lucas Bernardi; Figueroa, Trezeguet e Maxi Rodríguez. A grande notícia é a ausência de “Pomello” Mateo. O voltante teve comprometimento dos ligamentos do joelho. Sua ausência não é qualquer coisa, pelo contrário, é um grande “reforço” para o rival brasileiro. com 35 anos, Mateo é um mostro da marcação. Talvez não tenha ninguém hoje, no continente, que marque tanto quanto ele. Não fosse o conservadorismo de Sabella e Pomelo Mateo poderia até compor o elenco da Argentina, na Copa. Todos os esquemas do Newll´s precisam do trabalho de Mateo. Assim, todos eles estão comprometidos.

Variação I: 4-2-3-1

Cárceres, López, Heinze e Casco formam a primeira linha. Villalba e Banega atuam como protetores da zaga, enquanto o capitão Bernardi vira o armador para Maxi Rodríguez e Figueroa; Trezeguet fica na frente como pivô. A presença de dois atacantes junto ao “Francês” atenua os seus limites físicos e otimiza as suas qualidades de grande atacante. Trata-se da principal variação do esquema dentro de campo.

Variação II 4-1-4-1

Cárceres, López, Heinze e Casco formam a primeira linha e Villalba atua como seu protetor. Essa posição era do Pomelo e Villalba (ou Orzán, se este entrar no jogo) não consegue fazer o trabalho com a mesma qualidade. Longe disso. O meio-campo fica com Figueroa, Banega, Bernardi e Maxi Rodríguez. “La Fiera” vai alternar constantemente entre o meio e a companhia de Trezeguet. Villalba segue como o volante central. Trata-se de um esquema que favorece o forte jogo articulado, com o trabalho incessante e paciente de toque de bola. São cinco jogadores trabalhando no campo de defesa do Grêmio. Temos um esquema que pode ser um pesadelo para a defesa gremista. Mas não é o pior.

Variação III 3-4-3

Dependendo do momento da partida, a equipe adota esta formação ultra-ofensiva. López, Heinze e Villalba formam a linha de três; Cárceres, Banega, Bernardi e Casco formam a segunda linha; Figueroa, Maxi Rodríguez e Trezeguet serão os atacantes. A forte concentração de gente a partir do meio força os três homens da frente a se encostarem bastante no “Francês”, o que exige de qualquer rival um atento e ótimo trabalho defensivo.

Neste caso, serão sete homens marcando no campo de defesa do Grêmio, pressionando a saída de boa e obrigando a defesa gremista a ligações diretas. Neste esquema, a equipe de Berti obrigará a defesa local a passes longos, precisos e muito rápidos, já que a recomposição defensiva é muito rápida, com a volta principalmente de Cárceres para ajudar na primeira linha. Neste esquema, Heinze vira sweeper (líbero), posição que tem exercido com maestria, qualificando a saída de jogo ou fazendo ótimos lançamentos.

Jogadores importantes ou que podem surpreender

Ezequiel Ponce, atacante; um camisa 9 dos sonhos. Centroavante centralizado, mas que costuma cair pelo lado esquerdo do campo: ambidestro, habilidosíssimo e criativo. Pertencente à geração de polivalentes da base de Bella Vista, pode recuar e compor o meio para armar as jogadas da equipe. Joia rara da base e que dificilmente ficará no Newell´s por muito tempo. Deve entrar no segundo tempo; se isto acontecer, o ataque leproso terá ainda mais dinamismo.

Víctor “el Negro” Figueroa. É um meia-atacante de 30 anos e que vive uma grande fase no futebol. Trata-se de um jogador que sofreu muito no início da carreira, pois era bem franzino e precisou de um tratamento rigoroso para ganhar corpo e um pouco mais de estatura. Este tipo de tratamento é muito tranquilo para pré-adolescentes, mas muito complicado para garotos já crescidos, como era o caso de Figueroa. Então, é natural que seu corpo tenha demorado para reagir. Parece que finalmente o garoto começa a despontar como um grande jogador. Parece ter apenas uns 20 anos de vida. Sua importância para a equipe se materializa na modernização do sistema de jogo de Berti. Gira muito em campo, dificulta a marcação adversária e abre espaços para quem vem de trás. Convém que seja bem marcado, mas por zona, nunca individualmente.

Milton Casco, 25 anos, lateral-esquerdo. Também é um dos responsáveis pelo jogo criativo e rápido do Newell´s. moderno, Casco joga nas duas laterais e pode atuar como meia de lado de campo. Também vive boa fase. Kalil tentou comprar no começo do ano, mas se assustou com os 13 milhões de reais que o Newell´s pediu e não se deu conta de que a transação poderia valer a pena. O jogador faz parte de uma lista do Barcelona para se reforçar no setor defensivo.

Éver Banega. A meu ver, ainda não está no melhor de sua forma física, o que não se revela na questão ofensiva, mas na marcação. Tem cometido algumas falhas por causa disso. Contudo, muitas vezes o dinamismo e compactação da equipe diminuem esse problema.

“El Gringo” Heinze. Oferece qualidade para a saída da bola da defesa para o meio. Também, vez ou outra, ignora o meio-campo e executa lançamentos longos para o ataque com ótimo aproveitamento. Segue a ser muito bom no jogo aéreo, mas já lento por causa da idade e do físico. Suas fragilidade defensiva tem sido mascarada pelo trabalho dos outros jogadores de defesa e pelo próprio sistema defensivo da equipe. Contudo, para o Grêmio, vale a dica quanto a forçar o jogo sobre “el Gringo” do Newll´s.

Cristián Díaz. lateral direito, pode atuar nos dos lados e também cair para o meio-campo. Pode entrar no lugar de Cárceres, se o paraguaio se revelar ainda não totalmente recuperado de uma sobrecarga muscular. Polivalente e muito ágil. Driblador e jogador que gosta de partir para jogadas individuais em pequenos espaços. Sabe trabalhar sua individualidade com a aproximação de outros atletas. Bom ficar de olho.

Lucas Bernardi. Joga fácil; faz o futebol parecer uma atividade infantil, cheio de graça e efetividade. Troca grandes corridas no campo por atalhos que só os grandes craques conhecem; distribui o jogo como se soubesse de olhos fechados onde está cada companheiro. Espécie de termômetro da equipe é responsável por acelerar e reduzir o ritmo do jogo. Não é fácil de marcá-lo, pois é muito inteligente. Contudo, vale a tentativa. Se este jogador brilhar em campo, dificilmente o Newell´s vai perder para o Grêmio.

Trezeguet. O “Francês” reduziu muito seus ganhos para vestir a camisa do clube. E isto explica sua presença num elenco que não costuma necessitar de um 9 típico. Pela idade, é natural que esteja lento e com dificuldades para marcar na frente. Contudo, Sua entrega é muito grande e sua capacidade de definir jogadas atenuam os problemas dentro de campo. Também é favorecido nos esquemas mais ofensivos da equipe. Tem sido fundamental para os planos de Berti de efetivar Fabián Muñoz e, agora, o excelente Ezequiel Ponce.

Eugênio Isnaldo, Virá para o jogo apenas no segundo tempo e se o time estiver perdendo no Olímpico. Meia-atacante de 19 para 20 anos costuma cair pelo lado esquerdo. Com 16 anos quase foi para o Manchester City. Um driblador de ótima estirpe e futuro camisa 8 da seleção albiceleste.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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