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Sete dias de puro futebol em Buenos Aires: Fim de viagem com aquele misto de sensações

E assim acaba mais uma viagem futebolística, das muitas que ainda quero fazer nessa vida. O último dia foi um misto de sensações. Algo bastante típico de uma viagem de lazer e entretenimento, em que você fica o tempo suficiente para ter boas lembranças.

De um lado, vontade de ficar mais dias e assistir aos mais variados jogos de diferentes divisões que Buenos Aires e sua região metropolitana brinda aos fanáticos pelo esporte ludopédio. Do outro, a clássica saudade de casa. Vontade de voltar a rotina normal, na atual segunda melhor cidade do mundo, São Paulo (SP). A primeira é de Buenos Aires. Vai por mim, não tem jeito. Paraíso de quem é apaixonado por futebol e por comida.

No meu último “episódio”, mais um jogo do Racing, no El Cilindro, para fechar a conta. E olha, que sofrimento está torcer para a ‘La Academia’. O time é um verdadeiro catadão, sem qualquer tática, organização. Tudo bem que tem quase um time de desfalques. Mas, sinceramente, nada justifica levar quatro gols em casa para um adversário de muito menos expressão, o Talleres de Córdoba. Placar final, 4×2 para o visitante.

Chegamos muito em cima, erramos o portão. No caminho, peguei um ônibus completamente lotado, que ainda teve que fazer outro caminho por conta de um protesto entre uma ponte sobre o Rio Riachuelo. Quando terminou o retorno que meu ônibus fez –  o 85 – pude ver a ponte fechada com pneus pegando fogo. Esse tipo de protesto os sul-americanos fazem como ninguém. Na hora de descer, acabei perdendo o ponto correto de descida porque uma moça me atrapalhou, dizendo que para o estádio era melhor ir no próximo. Estava tudo certo para dar errado.

Espaço da torcida visitante no estádio do Racing Club

Finalizando o tema Racing, só queria reforçar o quanto que a torcida é diferenciada. O time chegou a estar perdendo por 3×0 e a La Guardia Imperial não deixou de cantar e apoiar. Aqueles rapazes da banda, os instrumentistas, fazem toda a diferença também. Tive a oportunidade de ficar onde ficam as torcidas visitantes no El Cilindro de Avellaneda, porque lá no Campeonato Argentino não tem visitantes há vários anos no torneio e aí acabaram vendendo para a minha turma entradas neste setor. Ao menos, foi bonito ver de frente o quanto apoiam seu time.

De resto, foi um dia de compras e almoço com um amigo que já citei em textos anteriores, o Ezequiel, ex-presidente da Filial Racing Brasil. Eze me contou diversas histórias que eu não conseguia parar de rir no restaurante Brasa Del Diablo, me explicou porque na Argentina não consideram o Vélez Sarsfield um time grande (porque lá, mais do que títulos de expressão, eles valorizam as histórias do clube e da sua torcida), entre outros assuntos.

Villa 21, a poucos metros da entrada do estádio do Barracas Central

Saí do almoço e fui visitar meu amigo Ariel, o chefe dos rapazes que tocam percussão metálica em jogos do Platense, Barracas, All Boys, entre outros. Lá na Villa 21, ao lado do campo do Barracas, comprei duas camisetas do clube e fiquei lá por quase uma hora batendo papo com Ariel, com o chefe da barra brava do El Guapo, Gusti (Gustavo também), e outras pessoas da loja oficial do clube. De lá, caminhamos por quase 30 minutos até o hospital em que o terceiro filho de Ariel, o recém nascido Vitto, está na UTI. Me despedi e segui passeio.

As histórias do dia futebolístico acabam na ida a loja do Ferro Carril Oeste, para comprar outra camiseta. Ainda espero o assessor de imprensa do clube me responder a mensagem que lhe enviei no sábado, no seu WhatsApp, sobre a possibilidade de uma visita ao Estádio. Quem sabe algum dia ele me responde!

Estádio do Ferro Carril Oeste, no bairro de Caballito

Em resumo, foram seis dias com seis jogos assistidos – Huracán 1×1 Danubio, Platense 2×0 Defensores de Belgrano, Racing 1×1 Flamengo, Barracas Central 3×0 Instituto, All Boys 0x2 Deportivo Morón, Racing 2×4 Talleres – e um total de 19 estádios que fui até suas portas visitar ou assistir jogos. Em alguns deles eu entrei – UAI Urquiza (V), Huracán (J), Quilmes (J), Excursionistas (V), Racing (J), Lamadrid (V), Barracas Central (J), All Boys (J), Nueva Chicago (V) -, outros tive que olhar apenas de fora – Chacarita Juniors, Platense, Defensores Belgrano, River Plate, Atlanta, Vélez Sarsfield, Ferro Carril Oeste, Tigre, Argentino Juniors e Club Comunicaciones – o que também já me causa satisfação. Se quiser dizer que bati a meta, dá para contar 20, pois nos dois jogos do Racing foi impossível não reparar o estádio do Independiente, que é praticamente vizinho de cerca.

Acabei apenas não visitando alguns estádios (5 ao todo) que eu havia previsto visitar, como já escrevi em um texto anterior. A verdade é que os planos de ir aos campos do Deportivo Español, no bairro Parque Avellaneda, do Deportivo Riestra, na Villa Soldati, do San Lorenzo, em Bajo Flores, San Telmo, na Isla Maciel, e o Dock Sud, no bairro de mesmo nome, foram adiados porque faltou conhecer alguém da região para garantir um pouco de “conforto”. Fato é que são áreas de muito difícil acesso. Fica realmente complicado ir lá sem saber o que poderia acontecer.

Durante a visita, algumas pessoas me convidaram para conhecer seus clubes. Vou ter que botar numa futura ida a Buenos Aires, visitar times como  Victoriano Arenas (Sul), Temperley (Sul), Arsenal (Sul), San Miguel (Norte), entre outros, que já me convidaram para ir conhecê-los numa próxima visita.

O mais curioso é que, quando pousava no Brasil, a primeira vontade que tive foi de ir em mais estádios novos do nosso país, para assistir jogos de clubes das mais diferentes divisões nacionais e estaduais. Como me chamaram aqui no Brasil, de doente, ou na Argentina, de enfermo, acho que é o caso mesmo, de passar por uma avaliação (risos).

Obrigado, Futebol Portenho pelo espaço. Um agradecimento especial ao Thiago Henrique, pela gentileza de me deixar utilizar o site para contar minhas histórias. De alguma forma, me fez bem não só viajar e conhecer esses lugares, como também poder eternizar esses registros em minhas “crônicas”.

3 thoughts on “Sete dias de puro futebol em Buenos Aires: Fim de viagem com aquele misto de sensações

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  • Filipe

    Parabéns, Gustavo.
    Excelentes textos e de ótima leitura, todos!
    Quanto a essa vontade de visitar mais estádios aqui no Brasil, eu não o chamaria de doente; mas sim de audaz.

  • Djanilson

    Excelentes textos.
    Você está é certo, Gustavo, em querer conhecer algo a mais do que “apenas” partidas de futebol.
    Textos muito bem escritos que me fizeram ter ainda mais vontade de conhecer a Argentina. O texto e as fotos me fizeram viajar, muito obrigado.
    Ficamos no aguardo por mais viagens sua.

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