Primeira Divisão

Surpresa gigante marca retorno de Riquelme, na Bombonera

A estreia foi de Riquelme, mas quem estreou mesmo foi o futebol do Tatengue

Toda a Bombonera preparada para um grande momento: a reestreia de uma dupla história para a torcida xeneize: Bianchi no banco e Riquelme no meio, como o enganche dos sonhos do conjunto da Ribera. Só que o sonho da hinchada virou pesadelo. Certo é que foi Riquelme quem estreou. Só que foi o futebol do Tatengue que resolveu aparecer na temporada. Desde o princípio foi o Unión que mereceu o placar. E um gol foi saindo atrás do outro. E só não teve uma goleada porque o Tatengue pecou por preciosismo.

Nos primeiros minutos até que o Boca dominou as ações e deu uma falsa impressão de que levaria o jogo na boa. Foi assim até os 10 minutos. Então, o ousado conjunto de Santa Fe aumentou a marcação sobre o ataque xeneize. Pressionava a imprecisão e timidez de Palácios; pressionava o meio-campo do Boca, pois contava com a imprecisão e má condição física de Riquelme.

Difícil não reconhecer que Riquelme se movimentou muito mais do que se esperava. Pior ainda é dizer que estava impreciso nos passes. Mas havia certa solidão dos atacante locais. Este fato, associado a uma postura ousada do Tatengue, começou a dar seus resultados logo cedo. Depois de três chegadas, o Tatengue marcou aos 26 minutos. Damián Lizio guardou a pelota no arco de Orión para a surpresa de todos. E foi um golaço.

Enquanto todos esperavam por um bom futebol de Riquelme, o homem do jogo era outro: Andrés Franzoia. O artilheiro tatengue defendia e atacava com uma disposição incrível: fazia a diferença. Aos 31, até recebeu o cartão amarelo por cortar um contragolpe perigosíssimo do Boca. Minutos depois, aos 35, Bruno Bianchi recebeu a pelota na entrada da área e sem nenhuma marcação. Apenas olhou onde colocar a pelota e saiu para o abraço: 2×0 Unión. O resumo do primeiro tempo ficou nisso. E a vitória parcial do Tatengue foi justa.

Na etapa final, o Boca deu mostras de que sufocaria os visitantes do começo ao fim. Até mesmo Riquelme se adiantou e se aproximou de Silva e Palácios, na frente. Assim foi que logo aos seis minutos, Palácios arriscou e quase descontou para o Boca. Riquelme chegou mais duas vezes com chances. Por pouco não descontou. Só dava Boca, enquanto o Tatengue se encolhia feito uma serpente prontinha para dar o golpe.

E na primeira chance que teve para o contragolpe o Unión chegou lá. Num erro ridículo de Burdisso, Franzoia acertou a trave direita de um pobre e precipitado Orión. No rebote, Pablo Magnín guardou: 3×0 para o conjunto de Santa Fe.

Como a receita resultou em coisa boa, os visitantes trataram de guardar o resultado. Ficou todo lá atrás, à espera dos espaços para aplicar mais um contragolpe fatal. Mas já não era mais com muita gana que o fazia. O placar de sonhos permitia aos visitantes que se tranquilizassem na cancha. Quanto ao Boca, não sossegava e só queria descontar. Palácios acertou a trave de Perafán e Burdisso obrigou o porteiro a operar um pequeno milagre, minutos depois. A pelota não entrava e parecia que ironicamente o gol não sairia no retorno de Román.

Como os espaços foram cedidos ao Boca, as chances foram aparecendo. Riquelme, Palácios e Silva tiveram suas chances. No fim, aos 43, Santiago Silva descontou para os xeneizes. Não deu tempo para mais nada. Após 26 jogos, o Unión finalmente voltou a ter uma vitória. Futebolisticamente falando, apenas isto merece destaque no cotejo noturno da Bombonera.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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