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Torneio Argentino B: Orgulho e vergonha entram em campo nas decisões dos finalistas

Gimnasia y Tiro comemorando o gol da virada sobre o Chaco For Ever

Já estão definidos os finalistas do acesso no Argentino B, a quarta divisão para os clubes do interior. Após confrontos e conflitos marcantes e lágrimas de alegria e de tristeza das hinchadas do interior, saíram os finalistas. Melhor para quem soube vencer dentro de campo: Racing de Olavarría, Deportivo Roca, Belgrano de Villa Ramallo e Gimnasia y Tiro, de Salta.

No acesso I, o Racing de Olavarría se classificou frente ao Boca de Río Gallegos. Após vencer o jogo de ida por 3×1, o Racing podia perder por até um gol que se classificaria, porém perdeu por 2×0 numa partida dramática. Até levar o segundo gol, aos 24 minutos da etapa complementar, o visitante se defendia com quase todos os jogadores. Contudo, ao ficar com a desvantagem de dois gols, tentou sair um pouco para o jogo. Porém, enquanto o Xeneize havia se habituado a permanecer no ataque, o time de Olavarría já não o conhecia. Finalizado o jogo, a decisão foi para os pênaltis. O visitante ganhou por 10×9 e se classificou para a final do acesso I. Apesar da derrota, os torcedores xeneizes aplaudiram o seu time e reconheceram a excelente campanha realizada na Categoria. No outro jogo, o Deportivo Roca empatou com o Las Parejas e se classificou, já que havia vencido o jogo de ida por 1×0 em sua cancha.

No acesso II, o Defensores de Belgrano de Villa Ramallo fez um jogo tranqüilo contra o Tiro de Morteros e venceu por 3×1. O clube luta agora para que a final possa ser realizada em sua pequena cancha, com capacidade para menos de 1.000 torcedores. Vai enfrentar o Gimnasia y Tiro, de Salta, que venceu o Chaco For Ever por 2×1.

A partida realizada em Salta foi marcada pelo drama e pela estupidez. Já aos 11 minutos do primeiro tempo ambas as equipes ficaram com dez jogadores, já que Espinoza (Chaco) e Núñez (Gimnasia) foram expulsos por agressões mútuas. Pior para o local, que perdeu o seu goleador em uma partida em que precisava fazer gols. Aos 26 minutos, o visitante chegou ao gol com Romero. O técnico Salvador Ragusa resolveu adiantar a linha dos defensores e transformou=a numa segunda linha de meio campo, configurando algo como um esquema 0-8-1 (já que havia perdido o seu goleador na frente). O jogo seguiu tenso e, apesar da pressão do local, o primeiro tempo terminou com a vitória parcial do Chaco For Ever.

No segundo tempo, a violência, uma marca da primeira etapa, ganhou força nas entradas duras praticadas pela defesa do time de Resistencia. O Albo entrou disposto a empatar a partida e conseguiu prender o adversário em seu campo de defesa. Porém, a partir dos 10 minutos, o time entrou em desespero e não conseguiu mais articular as jogadas. Nas arquibancadas, os hinchas não ajudaram, pois ficaram silenciosos e tensos. O time foi ao ataque de maneira desordenada e se desguarneceu na defesa, que ficou apenas com o arqueiro defendendo sua meta no local onde deveriam estar os os seus defensores.

O técnico do Chaco, Ariel Medina, promoveu alterações e melhorou ainda mais a atuação do visitante. Aos 15 minutos, em rápido contra-ataque, perdeu excelente chance de matar o jogo. Sem rumo em campo e com uma defesa exposta, o local está à beira do precipício. Porém, Ragusa pediu para que o time continuasse atacando, ainda que isto signifique apenas jogar a bola para a área de qualquer maneira. Aos 23, uma falha na marcação do Chaco foi o suficiente para que Juan Vogliotti entrasse na área de Pádua e disparasse um chute de direita, 1×1. A confusão se estabeleceu em campo. Por agressão a Rodríguez, o visitante perdeu Gómez, que é expulso pelo árbitro.

A paralisação fez bem ao Albo, que na primeira jogada após o reinício da partida, chegou ao segundo, aos 26 minutos. Pablo Saucedo se colocou entre os zagueiros chaquenhos e fez 2×0 para o local. Então, Ragusa recuou as duas linhas de quatro para antes do meio campo e pediu para que seus jogadores tocassem a bola. Apareceu então uma das polêmicas da partida: o técnico do visitante pediu para que seus jogadores cavassem faltas próximas da área do Albo. À medida que o árbitro não marcou as faltas, os jogadores do time de Resistência se enervaram. O jogo ficou aberto e o Chaco manteve apenas dois homens na defesa. O jogo ficou ainda mais tenso a partir dos 40 minutos, pois as bolas desapareceram do campo. Aos 51 minutos da segunda etapa, o árbitro Victor Quiroga finalmente apitou o final da partida.

Inconformados com a arbitragem, os jogadores do Chaco tentaram agredir Quiroga, que se defendeu com a ajuda de policiais. Torcedores entraram em campo e atacaram o elenco do time visitante. A intenção dos torcedores? Praticar uma curiosa agressão: deixar os jogadores do Chaco nus e levar suas roupas como troféu. As agressões se generalizaram e mancharam a história de um belo jogo de futebol. Mesmo com tudo isso, o Albo de Salta comemorou uma justa vitória e sua volta à final do Argentino B, depois de 14 anos.

Veja abaixo o vídeo da confusão no jogo Gimnasia y Tiro x Chaco For Ever:

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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