Libertadores

Apenas um time jogou na Bombonera: o Toluca do México

Martínez foi figura apagada no jogo. Mas a defesa xeneize o superou

Clima de estreia e festa preparada para uma grande vitória xeneize. Só que esqueceram de combinar com os mexicanos. Principalmente com Sinha, um maestro em campo e um jogador à moda antiga, mas com muita coisa de moderno. Foi o nome do jogo e por muito pouco não fez com que se esquecessem de Benítez e até de Orión, responsável direto pelo Boca não ter levado mais gols. Ficou a sensação de que a equipe da Ribera não tinha lá muito físico e a demonstração clara de que algumas coisas precisam se modificar na equipe. Meio-campo e sobretudo a defesa vão precisar de Bianchi, que pode contar com Riquelme para ajudá-lo, nos próximos jogos.

Desde o princípio da partida, o Toluca deu mostras do que veio fazer na Bombonera: povoar o meio-campo, triangular com rapidez e abrir o jogo pelos flancos do campo. A estratégia pareceu surpreender um Boca Juniors, que parecia um Fusca diante de uma Ferrari.

Desta forma, em vez dos locais ditarem o ritmo do jogo, quem o fizeram foram os ousados visitantes mexicanos. Bola pra lá, bola pra cá e nada dos jogadores locais fazerem alguma coisa, senão correrem atrás dos mexicanos. Em uma jogada quase fortuita, aos 20 minutos, Lautaro Acosta foi derrubado na área e o árbitro Víctor Carrillo marcou. Na cobrança do pênalti, dois minutos depois, Santiago Silva abriu o placar: Boca 1×0.

O volume de jogo dos mexicanos era vigoroso e obrigava Orión a se destacar no cotejo. Só que enquanto se consagrava, o porteiro via os sucessivos erros da defensiva xeneize. Em uma trapalhada de Cellay, aos 26, o guardametas foi obrigado a operar um milagre e salvar sua equipe de levar o empate.

O dinamismo mexicano consistia no trabalho no meio. A pelota passava pelos pés de Sinha e saía rápida principalmente para o veloz Benítez. A defesa xeneize não conseguia bloquear e deixava toda a responsabilidade para Orión. A sorte salvou o Boca na primeira etapa, mas ficou o recado: os locais precisavam retornar diferentes na segunda.

No segundo tempo, o Boca voltou com o mesmo ritmo. Os mexicanos também e pouco a pouco se agigantaram de vez na Bombonera. O técnico Meza abriu de vez “Pájaro” Benítez na esquerda. O volume era intenso e Benítez foi derrubado na área por Caruzzo, logo aos cinco minutos. Orión salvou o Boca, na fraca cobrança de Rodríguez.

Ao contrário do que se esperava, os mexicanos se agigantaram ainda mais na partida. Foi demais para o Boca e aos 13 minutos, Carlos Esquivel empatou para o Toluca. O empate desorganizou o Boca de vez e a vontade e coração pareceram insuficientes.

Bola pra lá, bola pra cá e Sinha parecia carimbar todas elas com autoridade, eficiência e estilo. Aos 27, o passeio de bola de “Pájaro” Benítez sobre Caruzzo e Cellay finalmente resultou na merecida vantagem do Toluca: 2×1.

A partir daí, os mexicanos administraram o placar, explorando os contragolpes e o desespero xeneizes. No final, Viatri ainda acertou a trave direita do porteiro Talavera. Mas não adiantou. Deu Toluca. E foi justo. E o Boca de Bianchi vai precisar tirar lições desse jogo. Criatividade é preciso chegar ao meio-campo do Boca. Na defesa, nomes como os de Caruzzo, Cellay e Clemente precisam partir. Urgentemente.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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