Libertadores

Abram alas para o Sr. Libertadores

Finalmente chegou a hora que a comunidade Boca Juniors esperava: o reencontro do Boca de Bianchi com a competição que ele ganhou como nenhum outro treinador: a Libertadores de América. Foram quatro títulos no total, sendo três deles pelo conjunto da Ribera. Afora isso, ainda colecionou mais quatro títulos de peso em nível internacional: uma Copa Interamericana e três Mundiais Interclubes; dois destes últimos pelo mais popular clube da Argentina. Com este retrospecto o otimismo é grande pelos lados da Ribera, o que não repercute da mesma forma nos críticos mais céticos. A favor disso ou não o Boca entra em campo hoje, contra o Toluca, na Bombonera. O cotejo ocorre às 22h00 e será arbitrado pelo peruano Víctor Hugo Carrillo.

Difícil desassociar o Boca Juniors de uma tradição copera e vencedora quando a equipe disputa uma Libertadores. Parte disso se deve justamente a Carlos Bianchi. Além de ter sido campeão pelo Vélez, em 1994, o Virrey saiu vencedor pelo Boca em 2000, 2001 e 2003. Os tempos podem ser outros, por certo. Mas isto pouco importa para os torcedores xeneizes. Este otimismo ficou ainda maior quando Riquelme resolveu voltar. Todos sabem no clube que o retorno do ídolo já foi obra de Bianchi. Afinal, foi com o atual treinador que Riquelme jogou o melhor de seu futebol. Muitos afirmam que o Virrey foi o único treinador que o enganche respeitou até os dias de hoje. Então, Boca com Bianchi e o seu melhor enganche começam a disputa da Copa. A muitos, basta isso para que a os xeneizes cheguem ao título. Para alguns outros, não.

É possível que Bianchi esteja defasado, dizem alguns. E não é para menos, já que desde 2006 o treinador hibernava. E o dinamismo do futebol pode ter contaminado até mesmo treinadores aqui do Brasil, como Tite, talvez o técnico que mais se assemelha ao velho Bianchi em relação ao domínio de uma equipe e do plano tático de uma partida de futebol. Além disso, muitos clubes de todos os cantos da América do Sul evoluíram em termos de estrutura. Neste sentido, além dos mais endinheirados clubes brasileiros, o Boca teria fortes rivais até mesmo em um país como o Equador, insignificante em termos futebolísticos à época de Bianchi.

O ceticismo quanto ao retorno do Virrey e seu trabalho no Boca já começa com o próprio grupo I, da Libertadores, certamente um dos mais difíceis do certame. O rival de hoje é o Toluca do México, atual vice-campeão do país. No jogo da volta, o Boca terá de enfrentar uma altitude de quase 2.700 metros de altitude. Para completar o grupo, os xeneizes terão de encarar o Nacional do Uruguai e o perigosíssimo Barcelona de Quayaquil. Por isso, um resultado desfavorável na estreia pode otimizar o ceticismo a Bianchi, além de colocar a equipe em difícil situação em termos de classificação às oitavas de final. Isto seria impensável à época de um Virrey majestoso e vencedor, mas pode ser totalmente possível nos dias atuais.

Para o cotejo de hoje, Bianchi ainda não vai contar com Riquelme, longe de uma boa condição física. A ideia é a de começar com Paredes, em um esquema que esperaria por pelo enganche principal. Assim, um 4-3-1-2 teria Paredes municiando a Martínez e Santiago Silva na frente. Porém, o Virrey pode colocar o uruguaio Ribair Rodríguez na equipe para fortalecer a marcação, já que o time recém-iniciou a temporada futebolística. Assim, o esquema mudaria para um 4-4-2 e exigiria de Martínez que voltasse para buscar a pelota no meio e facilitar o trabalho do sobrecarregado Erviti, na criação.

O Toluca volta à Libertadores seis anos depois. No comando do banco de reservas está o treinador Enrique Meza, campeão da Sul-Americana/2006 pelo Pachuca. Meza vai de 4-4-2, com forte ocupação do meio-campo e saídas fortuitas e precisas rumo à área de Orión, explorando o que a equipe tem de melhor, que é a rápida transição para o ataque. Para tanto, conta no meio-campo com o ótimo trabalho de dois “baixinhos criativos, António Ríos e o brasileiro Sinha. Desta forma, são essas as prováveis formações:

Boca Juniors: Agustín Orión; Christian Cellay, Matías Caruzzo, Guillermo Burdisso e Clemente Rodríguez; Guillermo Fernández, Leandro Somoza, Walter Erviti e Leandro Paredes (ou Ribair Rodríguez); Juan Manuel Martínez e Santiago Silva. Técnico Carlos Bianchi.

Toluca: Alfredo Talavera; Francisco Gamboa, Diego Novaretti, Fausto Pinto e Édgar Dueñas; Wilson Tiago, Lucas Silva, Sinha e Antonio Ríos; Edgar Benítez e Juan Carlos Cacho. Técnico: Enrique Meza.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 × três =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.