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Argentina tem caminho para a final repleto de antigos rivais

O ato de viver, sentir ou testemunhar uma experiência nova e ter a impressão de que já esteve ou fez isso antes causa uma perturbação psicológica denominada Dèjá Vu[bb]. Pois seguramente essa foi a reação do “hincha” argentino ao final desta quarta-feira (23/6). Metade das vagas nas oitavas de final já se encontraram com seus donos e, talvez por coincidência ou puro capricho do destino, formaram um possível caminho cheio de conhecidos rivais para a seleção de Diego Armando Maradona.

O Dèjá Vu da Albiceleste começa com gosto de tacos e tequila. Não que o México alimente uma rivalidade forte contra a Argentina. Mas os dois países protagonizaram uma partida tensa, equilibrada e faltosa (51 no total) na Copa de 2006[bb]. Curiosamente, também nas oitavas de final. Naquela ocasião, apenas o gol de placa feito por Maxi Rodriguez conseguiu determinar um vencedor. Na África do Sul, porém, o favoritismo de Messi e cia. pode tirar a dramaticidade deste confronto de domingo (27/6).

Para vingar o passado

Aceitando, então, esta boa probabilidade de classificação, chegamos a dois rivais formidáveis, prontos para disputar um grande clássico contra os sul-americanos. Continuando na lógica de reviver 2006, a Alemanha reaparece no caminho espinhoso da Argentina, e novamente nas quartas de final. Em Berlim, os anfitriões levaram a melhor nas cobranças da marca da cal. Dos jogadores que estão neste Mundial, Seis alemães e quatro argentinos[bb]participaram daquele duelo, de modo que o sentimento de revanche pode ser difícil de disfarçar.

Mas pensar apenas na Copa passada seria uma maneira muito limitada de olhar este grande clássico. A Nationalelf e a Albiceleste decidiram duas finais seguidas (86 e 90), com um troféu indo para cada lado. E no caso de buscar um confronto atual para traçar uma análise tática, basta lembrar do amistoso entre os dois países disputado em Março. Em Munique, os homens de Maradona levaram a melhor sobre os de Joachim Löw por 1 x 0, jogando ao mesmo estilo de manutenção da posse de bola que usaram na 1ª fase. O gol foi de Gonzalo Higuaín.

Para reviver as glorias do Bi

Entretanto, se quem triunfar na reedição da final de 66 for a Inglaterra, o Dèjá Vu atingirá apenas Maradona[bb]e Carlos Bilardo, assistente em 2010 e técnico em 86. Só que as boas recordações ficam na cabeça de qualquer argentino, e principalmente a uma seleção que tanto busca exemplos na conquista do Bi para buscar o sonhado Tricampeonato. E ai vai outra coincidência: as duas seleções fizeram o cotejo épico também na fase de quartas de final. La Mano de Dios e o gol mais bonito da história das Copas venceram Peter Shilton, eliminando os ingleses.

Também nas quartas de final, para igualar as boas lembranças aos britânicos, o English Team já conseguiu vencer os argentinos para depois rumar a conquista da Jules Rimet. Na Copa de 66, na terra da rainha Elizabeth II, no lendário estádio Wembley, Geoff Hurst fez a alegria de 90 mil pessoas com o balançar de redes da vitória. E ainda pelo jogo ter ganho requintes de tensão, com direito a expulsão de Antonio Rattín, a vitória foi ainda mais celebrada em Londres.

Tantas coincidências já seriam suficientes para tornar especial a possível trilha da Albiceleste rumo ao Soccer City, no dia 11 de julho. Mas quem disse que elas acabaram? Dentre os candidatos a semifinal do outro lado está um inimigo vizinho e histórico. É o Uruguai, com quem os argentinos também chegaram a decidir o título da Copa do Mundo de 1930, em Montevidéu. E nem é necessário ir tão longe para se lembrar da richa entre eles, pois no mesmo estádio Centenário lutaram pela vaga direta à este Mundial. Com gol de Mário Bolatti, o triunfo acabou fazendo Maradona sorrir.

Desta maneira, a ironia dos deuses do futebol zombam uma vez mais da Argentina. Se em 2010[bb]não estiveram num “grupo da morte”, agora devem enfrentar os adversários mais difíceis na tensão do mata-mata. Todavia, se eles sobreviverem aos grandes rivais, sobretudo se vierem a enfrentar o Brasil na final, não há quem diminua a emoção deles caso consigam a volta olímpica pela terceira vez.

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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