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Argentinos de destaque no Atlético e no Olimpia

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Galván em clássicos contra Cruzeiro (marcando Alex Alves), onde levou a melhor nas oitavas-de-final do Brasileirão 1999, e Cerro Porteño: único argentino a jogar em ambos os finalistas

Atlético Mineiro e Olimpia em breve decidem de vez a Libertadores 2013. Os dois alvinegros, ao contratarem platinos, gostaram mais de uruguaios, como Cincunegui e Mazurkiewicz para o Galo; e, para o oponente, Éver Almeida, atual técnico do Decano, Luis Cubilla (estes dois venceram por ele as edições de 1979 e 1990 do torneio) e Sergio Orteman (campeão na de 2002). Dos argentinos que passaram pelos finalistas, pincelaremos os de maior destaque em cada. Vale lembrar também do zagueiro Julio César Cáceres, paraguaio que, além ídolo em ambos, defendeu também River e Boca.

Para começar, outro a jogar nos dois: Carlos Galván começou no Racing, vindo dos juvenis de lá e integrando os vice-campeões de 1995 e chegando a ser capitão em 1998. Era um zagueiro lento, mas firme e de bom cabeceio. Ainda em 1998, chegou ao Atlético, sendo campeão estadual e vice do Brasileirão 1999, em boa defesa com Cláudio Caçapa, Belletti, Ronildo e Velloso; a Bola de Prata da Placar colocou El Negrazo entre os dez melhores zagueiros do campeonato, na ocasião. No Brasil, jogou bem no Santos e no Paysandu, mas sem o mesmo êxito. Já no Olimpia, esteve no biênio 2005-06, época de vacas magras do Decano – ver adiante.

O Galo teve antes o goleiro Miguel Ángel Ortiz, falecido precocemente aos 48 anos, em 1995, de cirrose, e indicado, por sinal, pelo mencionado Cincunegui. Fez carreira no Uruguai, jogando na Argentina pelo Atlanta – foi titular na melhor campanha da história bohemia (presença no quadrangular final do Nacional 1973). No Brasil, jogou também por Comercial de Ribeirão Preto e Caxias. Usava bermudas até o joelho em vez de calções curtos da época, faixa no cabelo e cores berrantes, como Hugo Gatti no Boca naqueles anos; às vezes, defendia tentativas adversárias matando a bola no peito, saindo jogando. E ainda cobrava pênaltis, o que só no século atual foi se tornar mais “palatável” aos puristas.

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Ortiz, lembrado pelo visual e por bater pênaltis: carregado em abril de 1977 após o título estadual invicto válido por 1976. Um semestre depois, seria o culpado pelo vice do estadual “real” de 1977

Está na história da Libertadores justamente como o primeiro goleiro a marcar gol (em 1975, por outro alvinegro, o Montevideo Wanderers, em 2-2 com o Unión Huaral). Fez 7 pelo Atlético; um, contra a Iugoslávia. Em 1976, foi semifinalista do Brasileirão e em abril de 1977, campeão estadual invicto pela edição de 1976 – o Atlético não vencia o torneio desde 1970. Mas, em outubro, pelo estadual próprio de 1977, foi vice sofrendo 6 gols do Cruzeiro nas finais. Sem mais bom ambiente, saiu. “Se ele tivesse levado aqueles gols da decisão em outras partidas, ninguém falaria nada”, defendeu-o o rival Raul. Logo sucedido por João Leite, titular já no vice brasileiro de 1977, Ortiz ficou esquecido. Mas é o 4º com menor média de gols sofridos no clube: 62 em 100 jogos.

Dos outros argentinos do Atlético, o de melhor retrospecto é Diego Capria, de quem falamos recentemente no especial das semelhanças entre Galo e Newell’s, no embalo das semifinais (aqui). Capria só jogou 10 vezes, entre outubro de novembro de 2000, mas marcou 3, ótimos números para um zagueiro. Uma de suas potentes bombas acertou uma cobrança de falta sobre o Boca pela Copa Mercosul de 2000, em um 2-0 determinante para que os alvinegros saboreassem ser a única equipe brasileira a eliminar os xeneizes naqueles tempos. Capria não seguiu porque o clube, já eliminado no Brasileirão, caiu nas semifinais da Mercosul.

Se o Atlético não conta hoje com nenhum argentino, o Olimpia tem quatro: Matías Giménez (ex-Tigre), Nelson Benítez (ex-Lanús), Emanuel Biancucchi (de carreira no Paraguai) e o principal, Juan Carlos Ferreyra, artilheiro do campeonato paraguaio em 2010 e eleito no mesmo ano o melhor jogador no país. Na Argentina, o clube mais expressivo pelo qual passou foi o Newell’s (2008), ao qual reencontraria (enfrentou-o na 1ª fase e marcou) se os rubronegros tivessem passado pelo Atlético. Também esteve no cult Yupanqui, considerado o de menor torcida no país e conhecido após tal “mística” ter sido explorada por um comercial da Coca-Cola. Na Libertadores 2013, Ferreyra marcou o gol da classificação à final.

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Ferreyra, presente logo mais, e Maxi, atualmente no Vitória – o irmão Emanuel Biancucchi segue no Olimpia

Outro que pode ser levado em conta é o irmão de Emanuel, Maxi Biancucchi, sempre lembrado no Brasil como “o primo do Messi” que jogou no Flamengo. Como o irmão, Maxi fez carreira no Paraguai. Mas só chegou ao Olimpia após a passagem pelo clube carioca, e foi bem: marcou um dos gols do título paraguaio de 2011, que fechou um tabu de 11 anos sem conquistas nacionais do Decano – que, além do jejum, ainda ficou de fora da Libertadores entre 2004 e 2012, algo doloroso para o 3º maior participante do torneio (só atrás dos uruguaios Peñarol e Nacional). Atualmente, Maxi vem em boa fase no Vitória, onde curiosamente faz dupla de ataque com um argentino ex-Atlético, Damián Escudero.

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Pumpido erguendo a Libertadores de 2002, ano do centenário do Olimpia

Mas o de maior prestígio na equipe paraguaia é Nery Pumpido. Se o Olimpia levar a melhor, Éver Almeida se tornará o 7º a vencer a Libertadores como jogador e técnico. O último foi exatamente Pumpido, que venceu a primeira conquistada pelo River, em 1986, e treinou os campeões de 2002 – um dos títulos de maior reviravolta, em que o São Caetano conseguiu vencer no Defensores del Chaco para perder (de virada) no Pacaembu e depois cair nos pênaltis. Aquele Olimpia ainda eliminara Boca, então bicampeão seguido, e Grêmio nos mata-matas.

Por fim, outro goleiro: Sergio Goycochea foi eternizado como o defensor de penais na Copa do Mundo de 1990, onde chegou à titularidade exatamente após lesão do próprio Pumpido. Mas sua carreira clubística não deslanchou após o torneio e em pouco tempo estava no Paraguai, o que não o afastou da seleção.

Antes de jogar no Olimpia, defendeu nada menos que o arquirrival Cerro Porteño e por ambos foi convocado à Albiceleste. Foi o primeiro que ela chamou do futebol guarani (e por muito tempo o único, até Guiñazú vir do Libertad neste 2013). Também foi o primeiro convocado de uma rivalidade estrangeira, e ainda é o único cuja tal rivalidade não é europeia.

No Decano, fora o nome de peso trazido para substituir justamente o atual técnico Éver Almeida, que encerrara a carreira no início dos anos 90 após 18 anos como goleiro do time – o jovem prata-da-casa Ricardo Tavarelli, campeão em 2002, ainda se afirmava. Goyco chegou a enfrentar o Atlético em final continental, a da primeira Copa Conmebol, em 1992, perdida. Jogou ainda contra o Cruzeiro pela Supercopa daquele ano, também dos mineiros. Foi como jogador do Olimpia que o Tapa Penales venceu a Copa América de 1993 (e foi eleito o melhor jogador do torneio), último troféu da seleção principal – ver aqui. No mesmo ano, foi campeão nacional e voltou ao River, de onde chegara à seleção.

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Goycochea no Olimpia de 1992, com alguns outros famosos: ao lado, Celso Ayala, futuro ídolo no River, e o primeiro agachado é Romerito, grande ídolo do Fluminense

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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