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Atlético Tucumán, Santamarina e Huracán: um ano em apenas um jogo

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Na tarde de hoje, senhores. No Ducó e nas montanhas de Tandil. Dois jogos apenas e o destino de três clubes se decidem. Quanto ao quê? Acesso à elite, por certo. Mas muito mais do que isso. Trata-se de um ano a mais na segunda divisão argentina. No mínimo. E do que se trata? Da disputa pela última vaga do zonal B, da segunda divisão, para a elite do futebol argentino. Quando? Tarde de hoje na Argentina, às 19h10, aqui no Brasil. E quem disputa? Huracán de Parque Patrícios, Atlético Tucumán e Ramón Santamarina de Tandil.

Tudo resolvido nas disputas do zonal A, da B Nacional quanto aos promovidos ou não à elite argentina, em 2015. Colón, San Martín e Argentinos estão de volta à primeira divisão. Aldosivi, Nueva Chicago e Gimnasia Jujuy vão para o triangular que decidirá os dois outros sortudos. Tudo resolvido; mas, como vemos, uma outra disputa se estabelece, um outro minicampeonato. Porém, as disputas ainda não se encerraram no zonal B. Tudo se decide na tarde de hoje e em duas finais que ocorrem ao mesmo tempo.

Em Buenos Aires, o Huracán promete ser o anfitrião dos infernos para o Independiente Rivadávia. Tem de tudo para ficar com o acesso, contudo, enfrenta uma das equipes mais esquisitas de todos os tempos do futebol argentino: a Lepra de Mendoza. Trata-se de uma equipe tradicionalmente traiçoeira e que pode jogar como se fosse por um título, hoje, no Ducó. Não tematizamos a força e melhor categoria do Globito; elas são indiscutíveis diante do rival. Porém, se o futebol tem daquelas histórias estranhas, o melhor cenário para elas aparecerem é justamente o de hoje, na cancha do Globo.

Huracán vai com força total. E daí? Pouco importa, quando se trata de uma “final”. Nervosismo e tensão serão personagens. Elas manejarão a pelota, desviarão ou a colocarão dentro do arco, utilizando os pés ou cabeça de alguns jogadores e em cumplicidade com a fortuna, a “deusa grega do mal”, pois só gosta de homens bonitos, ricos e fortes. A deusa que joga do lado de quem pode estar na melhor no dia de hoje ou de amanhã: a “deusa cretina”.

Nas montanhas de Tandil vai ter outra final. E essa sim será de amargar. De um lado, o anfitrião Santamarina; de outro, o desafiante Atlético Tucumán. O Decano vem de três derrotas consecutivas, que não somente eliminaram o seu favoritismo para o acesso como o coloca como atirador despreparado nesta parada. Porém, tem um trunfo: a volta de Luís “la Pulguita” Rodríguez, meio time do Decano. O atacante estava lesionado e dizem, em off, que ainda continua. “La Pulguita vai a campo hoje para salvar a dignidade do clube de massa da província do Norte.

Por seu turno, o Ramón Santamarina se apresenta como o franco favorito para o duelo. Trata-se de uma daquelas equipes planejadas e sérias. Todos colavam o seu destino ao lado dos pequenos e fracos. Mas “los Gigantes de las Sierras del Sur” vem construindo uma história diferente no interior da Argentina. Se não subirem agora à primeira divisão, subirão um ou dois anos depois, pois esta já parece sua vocação. Equipe entra em campo com força total. Contudo, o principal reforço virá das arquibancadas. A torcida local briga por cada ingresso e lota e colore de amarelo e negro a cancha de “Los Gigantes. É jogo para muita tensão. Por um lado o Santamarina tem time para ficar com a vaga; por outro, o Decano tem a novidade de “la Pulguita”, jogador que pode ser o atacante dos sonhos, ou retornar para qualificar o meio-campo e mudar a cara do jogo para a equipe do Norte.

Como ficam as disputas e quem deve subir

Huracán e Atlético Tucumán ostentam 26 pontos, enquanto o Santamarina tem apenas 24. Isto que dizer que qualquer um deles pode subir ou que teremos um jogo-desempate. Huracán sobe direto com um empate em Tandil, combinada com sua vitória, em Parque Patrícios. Quase o mesmo podemos dizer do Atlético: sobe se vencer em Tandil e se o Globo perder ou empatar em Buenos Aires. Se ambas as equipes empatarem ou vencerem seus jogos, haverá jogo-desempate. Já o Ramón Santamarina precisa vencer para subir direto e contar com a derrota do Globo. Mas se o Huracán empatar, o jogo-desempate será entre os dois.

Jogo-desempate não traz boas lembranças para o Huracán. Ao fim da temporada passada, o Globito foi para esse tipo de disputa contra o Independiente e ficou pelo meio do caminho. Os ânimos estão fervendo no clube pelo título da Copa Argentina. Porém, todos sabem o que significa o acesso à primeira divisão. Se isto não acontecer, será uma frustração não apenas à sua torcida, mas a todos os amantes do futebol argentino, que sabem que este clube potencializa o futebol de poesia, de história e de beleza. Porém, jogo-desempate é fria seja contra o Atlético ou seja contra o Santamarina. O Santamarina é time frio, além de jogar todo o favoritismo para o rival. Já o Decano é capaz de mandar sua torcida maluca para qualquer lugar. E o time costuma funcionar nessa situações e com pressão.

Joza Novalis

Mestre em Teoria Literária e Lit. Comparada na USP. Formado em Educação e Letras pela USP, é jornalista por opção e divide o tempo vendo futebol em geral e estudando o esporte bretão, especialmente o da Argentina. Entende futebol como um fenômeno popular e das torcidas. Já colaborou com diversos veículos esportivos.

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