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Blog FP: Que a organização da Copa 2014 não copie a Copa América

Zona mista uma verdadeira zona. Voluntários, pessoas que sequer estão trabalhando, atrapalha quem quer realmente cobrir a Copa América

De Santa Fé/ARG – Há pouco menos de oito meses, o Futebol Portenho trazia um panorama dos estádios e das sedes da Copa América 2011, que está sendo realizada na Argentina. A situação naquele momento não era das melhores. E depois de seis jogos nesta primeira fase, o que se constata que o estado é tão precário como era previsto.

A organização do evento se vangloria das sedes dos eventos. Estádios remodelados, infra-estrutura de primeiro mundo. Tudo que a FIFA pede. Mas não é bem assim. O que se vê são redes precárias de internet, estado péssimo do gramado, difícil acesso aos estádios, pessoas que sequer estão trabalhando no local de imprensa e rede aérea sucateada. Pelo menos foi isso que o FP viu em quatro estádios do torneio (Buenos Aires, La Plata, Santa Fe e Córdoba)

Na abertura da Copa América, no dia primeiro, no Ciudad de La Plata (considerando o primeiro estádio da América Latina totalmente coberto), um apagão horas antes da cerimônia de abertura fez com que toda a rede de internet ficasse fora do ar até o início da partida. As prometidas redes wi-fi não funcionavam. Dentro de campo, um gramado em péssimo estado o que proporcionou duas partidas de baixo nível técnico. Em Santa Fe, durante o intervalo, responsáveis por cuidar do gramado tentavam tampar os vários buracos no gramado. Em Córdoba, houve até uma obra de última hora, na mudança do banco de reservas.

No palco da final da Copa América não é diferente. As reclamações contra o Monumental de Núñez são constantes. Na partida entre Argentina x Espanha, no meio do ano passado, poucos profissionais de imprensa conseguiram enviar seu material das cabines por conta de uma sobrecarga na rede. Algo parecido na partida entre River e Belgrano, na promoción, quando somente após uma hora depois do fim do jogo, a rede interna voltou. Isso sem contar que o único acesso seguro ao estádio é por táxi, que normalmente não cobram pelo taxímetro e sim por um preço fechado, o dobro do normal.

Os aeroportos estão sucateados. Em Santa Fé, por exemplo, a situação é precária. Não há voos diretos para demais sedes – só há voos diretos para Buenos Aires com a necessidade de se fazer escalas. Além do que, só há um portão de embarque ou desembarque, uma vez que o aeroporto não suporta um grande fluxo de aeronaves no pátio (uma por vez). No Aeroparque de Buenos Aires, voos são constantemente cancelados e os atrasos de meia hora, por exemplo, são considerados normais. E a presidente Cristina Kirchener ainda teve a audácia de inaugurar um novo portão em Ezeiza e elogiar a rede área da Argentina em meio os vários cancelamentos e atrasos há 30km dali.

Fala-se muito em uma possível Copa do Mundo no País em 2030, em conjunto com o Uruguai. Se realmente os países pensam em realizar tal evento, as obras devem começar desde já. Se no Brasil, mesmo com a economia em alta e o fortalecimento da moeda, há atrasos (muitos também deve-se pela corrupção, diga-se de passagem). Em tais países a situação seria diferente: seria pior. E tal lição, tem de ser tomada pela organização brasileira na Copa, pois não é porque um evento foi empurrado na barriga que o Mundial tem de ser igual. Não passemos a mesma vergonha que os argentinos estão passando.

Thiago Henrique de Morais

Fundador do site Futebol Portenho em 2009, se formou em jornalismo em 2007, mas trabalha na área desde 2004. Cobriu pelo Futebol Portenho as Eliminatórias 2010 e 2014, a Copa América 2011 e foi o responsável pela cobertura da Copa do Mundo de 2014

2 thoughts on “Blog FP: Que a organização da Copa 2014 não copie a Copa América

  • Alexandro Ventura Leite

    Assustador esse cenário Thiago Henrique. Parece que a gente não parende nunca. Nem aqui nem na Argentina.Acho que a América do Sul é motivo de risadas na Europa por causa dessas coisas. Internet não funcionar em estádios é uma brincadeira. Eu acho que aqui no Brasil não vai ser nem um pouco diferente.

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