Primeira Divisão

Clássico de La Plata homenageia Perfumo e Estudiantes goleia; ex-gremista faz 3 no River

A 7ª rodada ainda será encerrada, nesta segunda-feira, com os jogos de Boca x Unión e Vélez x Quilmes. Em jogos mornos, sobressaíram-se as duas goleadas, ambas por três gols de diferença: o Colón fez jus ao Cemitério de Elefantes, como é apelidado seu estádio, e aplicou um sonoro 4-1 no River em show do ex-gremista Alán Ruiz. Em La Plata, o clássico se juntou a outras partidas que homenagearam Roberto Perfumo. No mais, ocorreu o que se tornou habitual: triunfo do Estudiantes.

Perfumo se notabilizou como ídolo de Racing, Cruzeiro e River: relembre-o clicando aqui. A Academia não deixou de honrar o Mariscal. Antes de bater por 2-1 o Lanús, líder do Grupo B (os grenás seguem à frente com três pontos sobre o segundo, o surpreendente Defensa y Justicia), adentrou na sexta-feira com um jovem vestindo réplica da camisa 2 tão suada pelo ex-zagueiro.

O mítico treinador Juan José Pizzuti, daquele Racing campeão mundial de 1967 no qual Perfumo brilhava, entrou junto em um silencioso e rápido, mas emotivo, tributo ao craque. Antes, na quinta, o River usou braçadeiras negras no 1-1 com o São Paulo pela Libertadores.

Mas o Gimnasia também tem motivos para idolatrar Perfumo: sob seu comando na final da Copa Centenário, em janeiro de 1994, o Lobo bateu por 3-1 o River, naquele que muitos consideram o único título gimnasista fora os de segunda divisão (o que não é bem verdade: o time já foi campeão argentino, mas em um passado muito distante, em 1929, ainda no amadorismo, período que nem sempre é devidamente contabilizado). Falamos aqui.

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Homenagem a Perfumo antes de Racing 2-1 Lanús, vitória dedicada ao “Mariscal”

Os alviazuis vestiram uniforme com referências ao de 1994, com a camisa azul reproduzindo imagem da taça no tórax. Perfumo, ídolo de todos, também foi enlutado pelo Estudiantes, que vestiu braçadeiras negras. Após o minuto de silêncio, porém, a homenagem gimnasista virou piada nas redes sociais. O Gimnasia foi engolido pelo rival desde o início e logo aos 10 minutos o eterno Gastón Fernández, remanescente da Libertadores de 2009, escorou livre na pequena área cruzamento rasteiro de Solari para abrir o marcador.

Bologna impediu à queima-roupa que Cavallaro ampliasse por volta dos 22 e no fim da primeira etapa o Gimnasia enfim pareceu acordar. Mas no reinício o cenário inicial se repetiu, com gol alvirrubro aos 10 minutos. Dessa vez, Bologna foi o vilão, batendo roupa em tiro de fora de área. Auzqui pegou a sobra e praticamente matou o clássico. La Gata Fernández ainda fez mais um, arriscando uma cavadinha para converter um pênalti. E, como no primeiro tempo, o Gimnasia só apareceu no finzinho, com Medina acertando a trave esquerda no mais perto que os triperos chegaram de marcar algum gol.

Nos últimos dez anos, o Gimnasia só venceu um clássico não-amistoso, em 2010, um contraste ao fato de que sabia bater de frente com o arquirrival até 2006, quando vinha de duas décadas de boa fase no dérbi. Estatística que vem pesando sobre a idolatria da torcida com o técnico Pedro Troglio (há quase cinco anos no cargo), especialmente diante da falta de vontade aparentada pelos alviazuis. O locutor oficial do Gimnasia chegou a pedir pela saída do ídolo.

O sentimento acabou estendido a certos dirigentes, que teriam chegado quase às vias de fato com alguns jogadores. O Gimnasia estagnou a quatro pontos do Rosario Central, líder do grupo A. Já o Estudiantes se igualou ao Defensa y Justicia na segunda posição do Grupo B.

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Camisa do Gimnasia reproduzindo a Copa Centenário abaixo da gola; Estudiantes de braçadeiras negras

O outro jogo que chamou atenção na rodada foi a surpreendente goleada do modesto Colón sobre o campeão da Libertadores. Renegado pelo Grêmio, Alan Ruiz vem tendo desempenho interessante no Sabalero e, em um Grenal particular de armadores, superou Andrés D’Alessandro. Fez três gols em um impiedoso 4-1 sobre os millonarios.

Ironia: o vilão foi o goleiro Marcelo Barovero, a quem a torcida do River vinha implorando para não deixar o River a ponto de até programarem um mosaico alviverde (cores normalmente trajadas por Barovero) para o jogo passado contra o São Paulo. Fora justamente o River, por intermédio de Emanuel Mammana, quem abriu o placar, aos 21 minutos de jogo com um belo giro para emendar de primeira um lançamento pela direita.

Aos 32, Ruiz fez seu primeiro na noite. Arriscou um forte chute rasteiro de fora da área e acertou o canto direito de Barovero. Veio o segundo tempo e seis minutos de pane millonaria acarretaram na goleada. Primeiro, Barovero hesitou em interceptar um cruzamento pela esquerda e Mauricio Sperdutti, antecipando-se, emendou para virar aos 8 minutos. Aos 12, Ruiz recebeu em velocidade em contra-ataque e fuzilou na saída de Barovero.

Aos 14, o lance grotesco: Barovero recebeu um recuo de bola simples, mas Ruiz acreditou em ir acossa-lo. O goleiro tentou o chutão, o ex-gremista levantou um pé e nele a bola resvalou, voltando para as redes do River sem que adiantasse a El Trapito correr atrás. O Colón chegou à 5ª colocação do Grupo A, mas a apenas dois pontos do líder Rosario Central (que perdeu fora de casa para o Patronato). Sabalero vai com moral elevada para o seu próprio clássico, contra o Unión, a ser realizado na próxima rodada.

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Gol de Sperdutti e uma das três comemorações de Ruiz sobre o River

Caio Brandão

Advogado desde 2012, rugbier (Oré Acemira!) e colaborador do Futebol Portenho desde 2011, admirador do futebol argentino desde 2010, natural de Belém desde 1989 e torcedor do Paysandu desde antes de nascer

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