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Com heroísmo de Riquelme, Boca supera Colón e ameniza a crise

A história do Cementerio de Elefantes sempre honrou o apelido do estádio. Vários grandes sucumbiram em Santa Fé, e por vezes o Boca esteve entre eles. Na noite deste domingo, porém, a lógica se inverteu, pois um gigante do futebol argentino se reencontrou com lampejos de bom futebol, com o gol e com as graças da hinchada. Pior para o Colón, que perdeu de 1 x 0 para Juan Román Riquelme.

Julio Cesar Falcioni agora pode se gabar. Antes inimigo do Diez, hoje armou um esquema voltado para ele no meio e no ataque. Sacrificou até o melhor jogador dele no Clausura 2011, Pablo Mouche, no intuito de colocar Erviti e Chávez como comparsas no setor central.

No começo, porém, os Xeneizes sofriam na defesa. Algo de costume, mas surpreendente pois a zaga estava povoada com três zagueiros e dois laterais. Ou melhor dizendo, um lateral, já que Clemente Rodriguez atacava em demasia, e no flanco que ele devia proteger sobravam espaços. Dalí surgiu a melhor chance Sabalera, no cruzamento de Higuaín que Moreno y Fabianesi quase converteu.

Ao mesmo tempo que permitia ataques, Clemente também criava os seus, em cima do suplente Mendoza (Candía foi vetado antes da partida por lesão). Nele estava a válvula de escape preferida de Román. Dele saiu o lançamento que Palermo quase usou para afugentar a seca de gols (aumentou para 685 minutos). Mas ainda assim o Boca se sobressaía no volume de jogo ofensivo, enquanto que o Colón se acomodou em esperar falhas alheias.

Na volta dos vestiários, a bola ainda corria de acordo com a vontade de Riquelme. Os anfitriões não desistiam dos contra-ataques, e num deles Ismael Quilez chegou a exigir atenção do goleiro Lucchetti. Mesmo assim, os visitantes distribuiam a bola com o Diez, como se eles mandassem no Cementerio.

Pois, no mínimo, poderiam pedir uma placa em honra ao golaço de Román. Um chute tão forte que o goleiro Pozo se agachou com medo da bola. Um tiro livre que representou o fim do jejum próprio (ele não marcava desde 12 de abril de 2010, contra o Arsenal) e do Boca (contra o Racing, com Mouche, na 2ª rodada): 0 x 1, aos 15 minutos do segundo tempo. Até Palermo, num ato de reverência silenciada, passou a faixa de capitão (indiretamente) ao enganche, quando Viatri o substituiu.

Gamboa, em contrapartida, queria que a noite fosse, no mínimo, menos trágica para os Sabaleros. Sacou o jogador de 50 mil dólares (preço pago pelo Colón ao Boca, dono do passe dele), Damián Diaz para a entrada de Acosta. Dos pés da nova aposta, três chances de gol formidáveis, duas delas em sequência nos últimos minutos. Prediger, ex-Xeneize, também teve sua chance. Uma boa reação, até que Garcé recebeu cartão vermelho e “sacramentou” o triunfo adversário.

COLÓN: Pozo; Mendoza, Garcé, Quiroga e Quilez (Graciani); Prediger, Ledesma e Moreno y Fabianesi; Damián Diaz (Acosta); Higuaín (Lessman) e Fuertes. DT: Fernando Gamboa

BOCA JUNIORS: Lucchetti; Cellay, Caruzzo e Insaurralde; Calvo, Somoza, Erviti (Colazo), Chávez (Mazzola) e Clemente Rodríguez; Riquelme; Palermo (Viatri). DT: Julio Cesar Falcioni

Próximos confrontos: San Lorenzo x Colón; Boca x Estudiantes

Rodrigo Vasconcelos

Rodrigo Vasconcelos entrou para o site Futebol Portenho no início de julho 2009. Nascido em Buenos Aires e torcedor do Boca Juniors, acompanha o futebol argentino desde o fim da década passada, e escreve regularmente sobre o Apertura, o Clausura e a seleção albiceleste

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